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Disco lançado hoje reúne músicas recentes, uma inédita e parcerias com Chico César, Jéssica Melo e Santanna

Os Gonzagas comemora 10 anos com álbum plural

publicado: 29/04/2022 08h43, última modificação: 29/04/2022 08h45
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Foto: Divulgação

por Joel Cavalcanti*

A banda paraibana Os Gonzagas chega a 10 anos de dedicação ao forró lançando álbum que reúne os singles mais recentes, uma música inédita e parcerias com Chico César, Jéssica Melo e Santanna, O Cantador. Em preparação para o São João, as 13 faixas de Nós estão disponíveis a partir de hoje nas plataformas de música e confirmam a maturidade que do grupo atingiu ao homenagear a tradição do ritmo nordestino enquanto atualiza a estética visual e sonora na forma de cantar e na escolha dos temas de suas letras.

O novo disco autoral combina músicas divulgadas em forma de singles desde 2019 e buscam criar um conceito único no álbum como quem amarra os nós de diversas pontas. Com três vocalistas e seis compositores entre seus integrantes, Nós une essas individualidades através do entrosamento e dos interesses comuns que os nutrem pelo forró. “A gente tem raízes muito fortes, mas também temos, na medida, o desejo de inovar, de ser original e de conseguir imprimir no nosso som uma personalidade, de modo que, quem escuta a nossa música, consegue identificar que somos nós”, descreve o guitarrista Jefferson Brito.

A construção das canções foi definida associando momentos de convivência cotidiana intensa em contraste com a ruptura ocasionada pelo isolamento físico na pandemia que foi bastante discutida para chegar a um modelo que incluísse a personalidade artística do coletivo. “Além da gente sempre pensar numa unidade sonora, em arranjos e instrumentação, a escolha das músicas que serão gravadas é sempre difícil, rola reunião, votação… Para o Nós, a gente acabou fazendo isso mais de uma vez”, revela Maria Kamila, vocalista e compositora na banda. Essa identidade musical é, hoje, facilmente reconhecida pelo público, mesmo que ela esteja definida pela versatilidade que caracteriza o processo criativo do grupo.

“Enxergo que a banda está num momento em que se realiza produzindo música autoral – até porque vários são os membros que compõem –, e que buscam formas de fazer isso acontecer da maneira mais livre possível, podendo experimentar esteticamente e artisticamente, respeitando nossas raízes e nossas limitações”, destaca Yuri Gonzaga, vocalista e sanfoneiro na banda, compositor em quatro canções do álbum quase exclusivamente autoral. Apenas ‘Milagre do tempo’, de autoria de Fuba, padrinho artístico da banda, não é de composição própria.

Nós soma ao seu repertório parcerias com grandes nomes da música popular brasileira, como Chico César, em ‘No passo que a vida me leva’, e Santanna, O Cantador, presente em ‘Cara à Tapa’. As parcerias com as duas referências na música nordestina ajudam a posicionar a relevância que Os Gonzagas atingiram em sua história. “Essa é a realização de um sonho, porque a gente está tendo a certeza que nós estamos levando adiante aquilo que esses artistas já fizeram um dia. Isso faz com que a gente enxergue que nossa banda tem um papel cultural muito importante. Fazemos parte desse meio, estamos juntos nessa missão”, confirma o sanfoneiro Carlos Henrique. Junta-se entre os feats, ainda, a cantora e compositora campinense Jéssica Melo na faixa ‘Eu batom, tu perfume’. “A gente quer propagar o que a gente bebe do forró mais tradicional, mas também passando por todos esses que acrescentaram e deixaram a sua marca na música popular brasileira”, complementa o sanfoneiro d’Os Gonzagas.

Canção inédita do álbum, ‘Como ninguém faria’ fala sobre alguém que errou muito na relação amorosa, mas que está se esforçando para melhorar porque sabe que o sentimento que existe entre quem se ama ainda é muito forte. “É um xote romântico, gostoso de dançar e tenho certeza que vai animar muito o São João por aí”, descreve Hugo Leonardo, baixista e compositor da canção de abertura do novo trabalho do grupo, que tem André Victor Leite como produtor musical de oito músicas do disco, contando ainda com a colaboração de Toni Silva e Helinho Medeiros na função. E é para o São João que a banda começa a se mirar a partir de agora. Com o show especial confirmado para o dia 24, em Campina Grande, depois de dois anos afastado da maior festa do forró, Os Gonzagas enxergam a apresentação como um exercício de esperança.

“Sobrevivemos a esse processo doloroso para a humanidade. Esse tempo parado, longe dos palcos e mais distante dos companheiros de música. Isso mexe muito com a gente, gera muitas questões, muitas dúvidas, muitos medos. A expectativa é que seja uma noite mágica, como algumas que a gente já participou e que está na nossa memória. Essa, com certeza, vai ser uma noite inesquecível”, considera Juzé, um dos vocalistas da banda. Na noite mais aguardada dos festejos juninos, ele vai ter uma sessão dupla de trabalho e satisfação no palco do maior São João do mundo, já que também é diretor e produtor musical de Juliette, atração confirmada para o mesmo dia. “Tocar essa noite juntos traz o que é de mais especial. Voltar dessa forma é como se fosse um merecimento por tanto trabalho, tanto tempo, tanta dedicação, juntamente com o lançamento do nosso novo álbum”, acrescenta o músico.

Antes do São João, Os Gonzagas devem lançar ainda mais dois videoclipes. Ganharão uma versão audiovisual no mês de maio as músicas ‘Cara à Tapa’ e ‘Como Ninguém Faria’. “Mal podemos esperar para compartilhar com todos, porque ele está lindo demais. A nossa mensagem, em primeiro lugar, surge dentro dos nossos corações. Após isso, buscamos comunicar essa mensagem da melhor e mais clara maneira possível. Portanto, é imprescindível que tenhamos uma produção audiovisual de qualidade para que isso aconteça”, explica o baterista e percussionista Caio Bruno sobre o trabalho produzido por Max Brito e Gonzaguinha.

Com uma discografia que começou em O candeeiro não se apagou (2014), e que foi seguida por Onde estará (2018), e Estúdio showlivre (2019) e desaguando agora em Nós, Os Gonzagas demonstra que o grupo permanece seguindo os compassos que sempre os inspiraram no forró. “Estamos continuamente construindo uma música paraibana contemporânea com vários propósitos: divertir, fazer refletir, questionar, fazer dançar, valorizar o que é nosso, se abrir pro novo”, define Yuri.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 29 de abril de 2022