Guilherme Cabral
“Minha expectativa é muito grande porque a Orquestra, como instrumento cultural vinculado ao Estado, está cumprindo sua função social adequada de ir à população. E, para mim, principalmente, é uma felicidade, por estar retornando ao Valentina, onde morei e fui professor na Escola Estadual Tércia Bonavides Lins durante seis anos, e, certamente, poder rever amigos”, confessou para o jornal A União o maestro titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB), Luiz Carlos Durier, referindo-se ao concerto - o segundo da temporada 2017 em ambiente sacro - que a OSPB realiza nesta quinta (8), a partir das 19h, na Paróquia Santíssima Trindade, localizada no bairro Valentina de Figueiredo, em João Pessoa. O repertório da apresentação, cuja entrada é gratuita ao público, é formado por músicas eruditas e populares, mas com destaque para composições dos brasileiros maestro Duda, Clóvis Pereira e Rogério Duprat (1932 - 2006).
A apresentação que a Orquestra Sinfônica da Paraíba realiza hoje, dentro do Projeto OSPB nos bairros, para a comunidade do Valentina Figueiredo é, também, o 7º concerto oficial da temporada 2017. O programa será aberto com ‘Ma Vlast – O Moldava’, obra mais famosa do compositor tcheco Bedrich Smetana (1824 – 1884). Trata-se do poema sinfônico ‘Ma Vlast (Minha Pátria)’, cuja parte musical é mundialmente conhecida como ‘O Moldava’ e evoca o rio Moldava, ou Vltava, afluente do rio Elba. Em seguida, o público ouvirá duas trilhas sonoras de filmes: ‘Rei Leão – Destaques’, de H. Zimmer, E. John e T. Rice, com arranjos de Ted Parson, e ‘West Side Story’, composta por Leonard Bernstein (1918 - 1990), norte-americano que também era maestro e pianista.
Em seguida, a OSPB executará um bloco contendo músicas brasileiras. A primeira será ‘Pedra Verde e Dança’, do compositor, arranjador, pianista e regente pernambucano Clóvis Pereira, que nasceu em 1932 e é autor de frevos, caboclinhos e maracatus, além de obras para coro e orquestra e de peças para orquestra sinfônica. A propósito, a relação do compositor com a Paraíba inclui a atuação como professor da UFPB e regente do Coral Universitário da Paraíba, grupo com o qual representou o Brasil, em 1974, no Quarto Festival Internacional de Coros, nos Estados Unidos. Na sequência, o público reconhecerá as canções ‘Roda Viva’ (Chico Buarque), ‘Domingo no Parque’ (Gilberto Gil) e Ponteio (Edu Lobo), que estão na composição ‘Músicas do Festival’, do compositor, arranjador e maestro carioca Rogério Duprat, um dos maiores responsáveis pela ascensão do movimento musical Tropicália, no final da década de 1960, e cuja adesão ao tropicalismo tinha o intuito de romper barreiras entre as músicas erudita e popular. Prova desse envolvimento é que Duprat arranjou canções de vários artistas, a exemplo de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Os Mutantes, Gal Costa e Nara Leão.
O concerto será encerrado com a execução de ‘Seleção Ary Barroso’, do pernambucano maestro Duda, que nasceu em 1935 e é reconhecido como um dos maiores regentes, compositores, arranjadores e instrumentistas do Brasil, mas, em especial, do frevo. “Ary Barroso é um dos grandes ícones da música brasileira na década de 1940”, comentou o maestro Durier, acrescentando que a OSPB também deverá tocar música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga (1912 - 1989).
“Nossa grande felicidade, entusiasmo e emoção é, durante as apresentações nos bairros, ver como as pessoas da comunidade ficam encantadas, gratas e surpresas ao verem, de perto, uma Orquestra tocando com tamanha virtuosidade. A receptividade nos bairros tem sido bastante positiva e a OSPB está indo ao encontro da população perto de suas casas, no bairro onde mora. Este trabalho social e artístico, iniciado no ano passado, já se consolidou e gera uma grande expectativa na comunidade. As igrejas e seus representantes se mostram bastantes solícitos e gratos e as pessoas têm interagido muito positivamente com a orquestra”, comentou Durier. “Para nós é um grande prazer desenvolver este trabalho, o contato com as pessoas é muito intenso. Ganha a população que passa a apreciar a música de concerto e ganha a OSPB em alcançar um maior número de público. A formação de plateia é importante, assim como gerar interesse nas crianças e jovens no estudo da música”, concluiu ele.