Guilherme Cabral
“Será um concerto bem variado, que inclui ‘Danças Brasileiras 1 e 2’, de Camargo Guarnieri, um ícone da composição no Brasil e representante do movimento moderno, e duas músicas descritivas, a exemplo de ‘Finlândia, Op. 26’, do finlandês Jean Sibelius”, disse, para o jornal A União, Luiz Carlos Durier, ao antecipar como será a apresentação - a segunda em caráter oficial da temporada 2017 - da Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB) que rege hoje, a partir das 20h30, na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa, e cujos ingressos custam R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia entrada). Na ocasião, antes da performance dos músicos, será lançado o livro intitulado Orquestra Sinfônica da Paraíba: Trajetória artística e dimensões socioculturais, do maestro e professor universitário Eduardo Nóbrega.
O maestro Durier lembrou que, com o concerto desta noite, a OSPB dá continuidade ao projeto que objetiva mostrar músicas de novos compositores para ampliar o conhecimento do público. “A cada concerto, estamos obedecendo uma ordem cronológica de compositores de música de concerto universal, trazendo a história da música. Mostramos cronologicamente a obra de compositores do período clássico, romântico, impressionista, moderno e contemporâneo”, detalhou ele.
Nesse sentido, a apresentação vai começar com a execução de ‘Danças Brasileiras 1 e 2’, composta em 1928 pelo paulista Camargo Guarnieri (1907 - 1993), cujo papel foi preponderante para a concretização musical do nacionalismo modernista. A obra, escrita inicialmente para piano e, posteriormente, para orquestra, surge da memória que o compositor tem das comemorações da abolição da escravatura em sua cidade, no dia 13 de maio, quando o ritmo das danças dos negros é contínuo durante os festejos.
Em seguida, o público ouvirá ‘Nachklange von Ossian’, do compositor, organista, violinista e diretor de orquestra dinamarquês Niels Gade (1817 - 1890), contemporâneo de Robert Schumann e representante das escolas nacionais nórdicas. Na sequência, haverá a execução de ‘Finlândia, Op. 26’, do finlandês Jean Sibelius (1865 -1957), considerado um dos mais famosos compositores escandinavos e cuja obra pode ser considerada a transição entre o romantismo e as novas tendências. “Esta obra tem uma particularidade bem interessante, pois foi composta com o objetivo de celebrar a retomada de parte do território que tinha sido anexado à Rússia”, comentou o maestro Luiz Carlos Durier.
Após o intervalo, o público vai conferir a ‘Sinfonia nº 1, ‘O Relógio em Ré maior Hob/101’, do compositor austríaco Joseph Haydn (1732 - 1809). “Esta é uma das últimas sinfonias de Haydn e a alusão ao relógio é porque, no segundo movimento, o rigor e a métrica são comparadas as de um relógio. Na época, por não saber como era, o público costumava dar título só depois de ouvir a música”, disse, ainda, o regente.
Uma obra literária única
Além do concerto da OSPB, outra atração que o público terá, na noite de hoje, é o lançamento do livro intitulado Orquestra Sinfônica da Paraíba: Trajetória artística e dimensões socioculturais, do maestro e professor do Departamento de Educação Musical da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Eduardo Nóbrega. "É um livro único na maneira como foi escrito, pois não é didático, mas, isto sim, um estudo acadêmico criterioso sobre a trajetória da OSPB. Falo os prós, os contras, as dificuldades e a fase áurea, construindo a história da música na Paraíba, mas principalmente em João Pessoa, mas ressaltando a inserção da Orquestra na cultura local, regional e nacional”, disse o autor para A União, referindo-se à obra, que é publicada pela Editora Universitária da UFPB, tem 176 páginas e custa R$ 40.
“O livro é um documento importante, um apanhado histórico sobre a Orquestra Sinfônica da Paraíba, com o relato da sua história, lutas, conquistas e a função social que exerce nas comunidades”, ressaltou, também, o maestro da OSPB, Luiz Carlos Durier, para A União.