Jamarri Nogueira
Em diversas partes do Brasil, o movimento sinfônico vai de mal a pior. Há grandes cidades sem orquestras e outras acabando com as que existem. Em São José dos Campos (SP), a orquestra sinfônica teve o fim decretado pela gestão pública. Em São Paulo (SP), os músicos da Banda Sinfônica foram todos demitidos. Em Campinas (SP), a Câmara está discutindo o fim da Orquestra Sinfônica da cidade. Muitas das orquestras que sobrevivem nesse mar de negatividades costumam ter programações anuais pequenas e até mesmo insipientes. A Paraíba, ainda bem, está na contramão dessa dura realidade. Exemplo disso é a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que acaba de iniciar sua temporada de concertos.
Além da enorme quantidade de concertos para este ano em João Pessoa, o maestro Thiago Santos e o diretor David Fernandes (CCTA da UFPB) garantem que a Orquestra pensa grande e que 2018 será marcado por muito mais ações e atividades dos músicos. Programação inclui uma nova turnê pelo Nordeste, produção de ópera, a gravação de um CD em homenagem ao maestro José Siqueira e a criação da ‘Residência Artística’. “Será uma temporada ousada”, garantiu o maestro Thiago Santos. Mais uma vez, conforme ele, a temporada terá seis séries de concertos: Augusto dos Anjos, Pedro Américo, Ariano Suassuna, Alberto Kaplan, Philipeia e Concertos Especiais. As apresentações serão na Igreja de São Francisco e na Sala de Concertos Maestro José Siqueira.
Fechada há quase um ano, a Sala de Concertos Radegundis Feitosa (casa da OSUFPB) está passando por reformas. A expectativa é de que o espaço seja entregue em tempo de receber alguns dos concertos desta temporada. Por enquanto, os ensaios da orquestra ocorrem no Auditório da Reitoria.
'Residência Artística’
O professor David Fernandes, diretor do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) da UFPB, também é só empolgação com a programação da OSUFPB para este ano. Ele adiantou que a orquestra está fechando parceria com uma companhia aérea para garantir a movimentação dos músicos na nova turnê pelo Nordeste. E a OSUFPB está discutindo a criação da ‘Residência Universitária’ no campus de João Pessoa. A ideia é que o músico graduado pela UFPB possa passar mais um ano exercitando uma área específica da prática musical. O formato é o mesmo da Residência Médica, quando o profissional exercita uma especialidade da área.
“Os aprovados para a Residência Artística receberão uma bolsa de estudo equivalente ao valor pago para bolsistas de mestrado”, disse David Fernandes. O diretor declarou que a orquestra tem buscado se empoderar da qualidade de seus membros e de seus projetos para a busca de parcerias. David enfatizou que publicação da Editora Abril apontou apenas dois departamentos de música com cinco estrelas no Brasil: o da USP, em São Paulo, e o da UFPB, em João Pessoa. A excelência é resultado de muito trabalho e dedicação, de acordo com o diretor. “Enquanto orquestras estão acabando, estamos investindo”, completou.
Ainda este ano, mais cinco músicos serão contratados pela OSUFPB. Todos eles na área de sopro. Atualmente, são 21 músicos contratados, via concurso. A meta é de que chegue a 40. O orçamento anual – perto de R$ 2 milhões – banca praticamente apenas os salários dos integrantes da orquestra.