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Parahyba Rio Mulher em circulação pelo NE

publicado: 26/09/2025 08h44, última modificação: 26/09/2025 08h44
Atrizes apresentam espetáculos em cidades banhadas pelo Rio São Francisco
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Grupo feminino pessoense apresenta-se amanhã na cidade de Petrolina, em Pernambuco | Foto: Rafael Passos/Divulgação

por Esmejoano Lincol*

A partir de uma vivência local, as atrizes que compõem o coletivo Parahyba Rio Mulher têm trazido à tona, há sete anos, as complexidades inerentes ao ser feminino graças ao espetáculo de mesmo nome, que remonta a trajetória da poeta Anayde Beiriz, e ao monólogo Fevereiro ou Fica, Vai ter Bolo!, com texto de Natália Sá. Ambas as iniciativas estão no catálogo da circulação que as artistas promovem, até outubro, em cidades nordestinas cortadas pelo Rio São Francisco. Nesta semana, elas passaram por Penedo (Alagoas) e Neópolis (Sergipe); amanhã, o grupo desembarca em Petrolina (Pernambuco).

Essa circulação conta com o apoio da Fundação Nacional das Artes (Funarte): os recursos foram angariados por meio do Edital Myriam Muniz, de 2023. Além das peças citadas, o coletivo promove, em algumas cidades, a oficina “O Feminino em Cena”, com lições introdutórias de teatro. “Partimos da nossa própria experiência, do que é ser mulher na sociedade. Essa oficina também toca em processos de empoderamento, de fortalecimento dessas mulheres, mostrando para elas que o teatro também pode ser espaço para que desenvolvam a sua forma de ser nesse mundo”, explica Jinarla Pereira, uma das atrizes.

Antes desta circulação, o espetáculo Parahyba Rio Mulher passou por outras cidades brasileiras. Tanto os públicos de outras localidades, quanto os espectadores do próprio estado têm reações similares ao assistirem a peça, aponta Jinarla: a surpresa por não conhecerem a fundo a figura trágica, porém forte, de Anayde Beiriz.

“Mas todos se envolvem com a história: por mais que ela seja particular, em sua origem, ela acaba sendo universal em seus desdobramentos. As pessoas, mulheres ou não, conectam-se com as vulnerabilidades que a gente coloca em questão e com as violências que atravessam as mulheres”, sustenta.

Em Petrolina, durante a apresentação do espetáculo amanhã e no domingo (28), o Parahyba Rio Mulher estará ao lado da companhia de teatro Biruta. Antes, em Penedo, o coletivo paraibano contou com a parceria da Flor do Sertão: “A gente vê nessas ações oportunidades de trocar de experiências”, comenta Jinarla.

No dia 29, as atrizes chegarão à cidade de Juazeiro; em 1o de outubro a parada será em Paulo Afonso (ambas cidades baianas). O encerramento da circulação será no dia 4, em Arcoverde (Pernambuco): “É interessante realizarmos esse projeto circunscrito, agora, numa política pública”, resume a atriz.

Além de Jinarla Pereira e de Natália Sá, o Parahyba Rio Mulher é formado, atualmente, por Cely Farias, Kassandra Brandão e Gabriela Arruda (esta, a produtora). Assinalando, por fim, a “coincidência proposital” do projeto — um coletivo teatral com nome de rio acompanhando outro curso de água na nossa região, Jinarla diz que ao desbravar, agora, o São Francisco, ela e suas companheiras ampliam o simbolismo que cerca o nome do grupo.

“O rio traz esse signo feminino de nutrição e estabelece relação com a mulheridade, nesse lugar, podemos dizer, mais divino, de conexão entre a natureza e o ser humano”, finaliza.  

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de setembro de 2025.