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Paraíba presente em mostra naïf de São Paulo

publicado: 12/12/2023 08h55, última modificação: 12/12/2023 08h55
Peça coletiva criada por 11 artistas mulheres é um dos destaques da exposição envolvendo Brasil e Cuba
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Como uma “colcha de retalhos”, painel ‘Africanidades’ é assinado por Lu Maia, Ana Lima, Analice Uchôa, Célia Gondim, Letícia Lucena, Laucilene Rocha, Márcia Margarida, Manu da Paz, Patrícia Lucena, Walesca Silveira e Val Margarida - Imagem: Coletivo MAN-PB/Divulgação

por Guilherme Cabral*

A peça coletiva Africanidades, criada por 11 artistas do Coletivo Mulheres da Arte Naïf Paraíba, é um dos destaques da exposição Mamáfrica – Ancestralidades africanas no Brasil e Cuba, que começa hoje, a partir das 15h, na Caixa Cultural, no Centro Histórico de São Paulo.

A mostra, que reúne mais de 80 obras produzidas por 68 artistas, sendo 34 brasileiros de 10 estados e 23 cubanos, e que exploram diversas técnicas de pintura, objetos e instalação, poderá ser vista gratuitamente pelo público, de terça-feira a domingo, das 9h às 19h, até o dia 4 de fevereiro do próximo ano.

“Foi muito bom termos recebido o convite para participar dessa coletiva, porque será uma oportunidade para dar mais visibilidade, no Brasil e no exterior, ao trabalho que realizamos na Paraíba”, disse a artista Lu Maia, que participará do vernissage da exposição. “O convite para que participássemos da mostra surgiu há três meses, por meio de um dos curadores, Odécio Visintin, o que foi muito emocionante e muito gratificante. Esse convite surgiu porque os curadores já vinham acompanhando a nossa atuação na Paraíba, através do Coletivo, pois já realizamos exposições em locais como o Tribunal de Contas do Estado, o Festival Internacional de Arte Naïf, em Guarabira, e o Celeiro Criativo, em João Pessoa, aproveitando editais”.

O Coletivo Mulheres da Arte Naïf Paraíba completará dois anos em julho de 2024. “Esse é o primeiro Coletivo reunindo mulheres da arte naïf existente no Brasil e vou aproveitar o evento para incentivar a criação de mais coletivos como esse pelo país, já que isso tem despertado a curiosidade das pessoas”, afirmou ela.

O painel Africanidades, que integra a exposição em São Paulo, mede 1,20 x 2,20 cm e reúne obras de 11 artistas do Coletivo, as quais são – além da já citada Lu Maia – Ana Lima, Analice Uchôa, Célia Gondim, Letícia Lucena, Laucilene Rocha, Márcia Margarida, Manu da Paz, Patrícia Lucena, Walesca Silveira e Val Margarida. A obra é uma representação visual em forma de “colcha de retalhos”, simbolizando a união de diversas influências socioculturais. “O conceito desse painel é a união, dentro daquela máxima de que a união faz a força. Depois que recebemos o convite, cada uma das artistas teve a liberdade de criar a sua obra, inspirada em algum tema. Eu, por exemplo, me inspirei na cantora mineira Clara Nunes, numa homenagem a essa artista parda e afrodescendente, e a Célia Gondim, nas comidas afrodescendentes. As obras ficaram em diversos tamanhos, ou seja, de 30 x 40 até um metro. Como não podíamos enviar as obras individualmente, por causa dos altos custos, fizemos um mosaico, registrando em foto e imprimindo em canvas, que é o tecido utilizado em telas”, explicou Lu Maia.

Assim como o próprio Coletivo, o painel vai servir também como um instrumento para dar visibilidade à arte naïf que é produzida por mulheres no estado. “Ninguém faz nada só. Nós sabemos que a arte naïf na Paraíba ainda é mais lembrada pelo trabalho produzido pelos homens, mas as mulheres também estão produzindo essa arte no estado. O painel na exposição em São Paulo vai contribuir para desbravar esse caminho para as mulheres na busca por maior representatividade. Não podemos nos acomodar”, afirmou Maia.

A exposição Mamáfrica – Ancestralidades africanas no Brasil e Cuba chega agora a São Paulo depois de uma temporada em Salvador, na Bahia. Além da Paraíba, São Paulo e Bahia, participam do evento artistas dos estados do Espírito Santo, Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

O objetivo da mostra é promover um mergulho na riqueza da expressão artística de Cuba e do Brasil, celebrando a criatividade, a arte e a cultura da intersecção com o continente africano. Os artistas selecionados garantem representatividade da diversidade de gênero, sexualidade, LGBTQIA+ e religiosa, incluindo matrizes africanas, com o intuito de ampliar a compreensão da diversidade cultural presente em ambas as nações, por meio da arte naïf. A coletiva oferece acessibilidade, legendas em braile em português e espanhol e audiodescrição das obras, através de QR Codes.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 12 de dezembro de 2023.