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Paraibano é selecionado para o Prêmio Oceanos

publicado: 27/08/2024 09h21, última modificação: 27/08/2024 10h40
Gael Rodrigues concorre com o livro de contos “Lila”
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Gael Rodrigues foi premiado em concurso da editora Cepe em 2022: o livro foi publicado e agora concorre ao Oceanos | Foto: Divulgação/Camila Loreta/Cepe

por Esmejoano Lincol*

Paraibano de Itabaiana, o escritor Gael Rodrigues foi selecionado na primeira etapa do Prêmio Oceanos, importante concurso literário internacional que reúne diversos autores de países falantes da língua portuguesa. Sua indicação na categoria Prosa veio por meio de sua mais recente publicação, Lila, reunião de contos lançada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), em 2023. Nesta etapa, ele foi nomeado ao lado de 59 outros literatos, de cinco países diferentes — Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal.

Na obra, além da personagem-título, outras figuras perfazem histórias que vão se modificando junto com seus perfis ao longo dos contos, mantendo intactos apenas seu nome — estes se repetem nos segmentos do livro. A publicação é produto de prêmio ofertado pela Cepe, no final de 2022. O próprio Gael define Lila como um produto “diferente, estranho”, explicando que usa seus livros como um laboratório literário. Ele também diz receber boas respostas do público-leitor. “Muitas mulheres vêm me falar das questões de maternidade que estão no livro e que são difíceis de lidar, como não amar um filho ou se sentir menos mulher por não ter filhos. Normalmente um livro de contos tem um destaque. Nesse não. Alguém sempre aponta um conto diferente como preferido”, explica.

Comentando a cena literária atual na Paraíba, o autor destaca o trabalho de colegas que, assim como ele, têm ganhado projeção local e nacional — um deles, Tiago Germano, que foi indicado ao mesmo prêmio no ano passado. “Eu sou muito reservado, mas também acompanho Bruno Ribeiro, Débora Ferraz, além dos radicados no estado, como Maria Valéria Rezende e Deborah Dornellas. Se eu tivesse sido uma criança com exemplos como eles, tão vivos e produtivos, com certeza teria sido mais confiante desde o início”, assevera.

Sobre a indicação ao Oceanos, o itabaianense celebra a sua trajetória e o fato de estar listado nesta fase do prêmio junto de escritores mais experientes. “Eu sou de uma cidade de 20 mil habitantes. Painho era cobrador de ônibus. Mainha só terminou os estudos quando estávamos crescidos. Imagina, com essa origem, de repente vejo meu nome ao lado de Mia Couto e João Silvério Trevisan. É belo e aterrorizante”, define Gael.

Memórias jornalísticas

A escritora e tradutora Rosa Freire de Aguiar, viúva do economista paraibano e ex-ministro de Estado Celso Furtado, também foi indicada ao Oceanos. Ela concorre com o livro Sempre Paris, que reúne reportagens e memórias dos tempos em que trabalhou como correspondente internacional na capital francesa, a partir dos anos 1970. A ideia de compilar este material surgiu na pandemia, quando Rosa encontrou uma caixa com parte dos textos produzidos para veículos europeus.

O livro é dividido entre o relato das lembranças de sua estadia em Paris e a reprodução dos textos de jornal; o encontro de Rosa com Celso, na França, e sua posterior vinda para o Brasil é citada na primeira parte. “Esse prêmio é a forma de reconhecer que fazemos um trabalho bacana. Já ganhei um Prêmio Jabuti e outro da Biblioteca Nacional, por traduções. Mas este é diferente, pois é um texto meu. Tem muita gente meritória concorrendo e estou na expectativa”, declara a escritora. 

Acesse o link para ver a lista com todas as obras selecionadas

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de agosto de 2024.