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Reconhecimento

Paraibanos são finalistas do Prêmio Profissionais da Música

publicado: 20/04/2023 00h00, última modificação: 26/04/2023 12h40
Com Chico César e Júnior Cordeiro no páreo, a 7a edição da premiação acontecerá em junho, na capital do país
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Chico César concorre como Álbum do Ano pelo disco ‘Vestido de amor’ (2022); já o “Bruxo do Cariri Velho”, Júnior Cordeiro, está na categoria Melhor Cantor - Foto:Ana Lefaux/Divulgação
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Foto: Acervo Pessoal
Chico César - Foto Ana Lefaux - Divulgação.png
Júnior Cordeiro - Divulgação 1.png

por Guilherme Cabral*

Conhecido como “o Bruxo do Cariri Velho”, Júnior Cordeiro é um dos representantes da Paraíba na 7ª edição do Prêmio Profissionais da Música (PPM), na categoria Melhor Cantor. Saindo do Cariri e indo para o Sertão, outro finalista é um dos filhos ilustres da região, Chico César, que concorre como Álbum do Ano por Vestido de amor.

O evento, cujo tema é “Temos um país para reconstruir”, será realizado entre os dias 1º e 4 de junho, no Museu da República, Clube do Choro e Câmara Legislativa do Distrito Federal, em Brasília. Na ocasião, a programação também será transmitida ao público pela internet.

“Esse prêmio é muito importante e estou participando pela primeira vez. Por isso, estrear no evento já sendo finalista me deixa bastante feliz”, comentou Júnior Cordeiro. O cantor, compositor e poeta disse que tem se dedicado à divulgação do seu oitavo álbum, intitulado Infinito Migrar, vinil contendo 13 músicas. Lançado no ano passado, esse trabalho autoral foi gravado ao longo de sete meses, em um estúdio localizado na cidade de Campina Grande, dirigido musicalmente pelo próprio cantor e compositor, que dividiu a produção com Moisés Freire.

Além da tradicional pegada hard rock, blues, progressivo e psicodélico, no álbum conceitual Júnior Cordeiro aborda, de maneira mais profunda, uma sonoridade mourisca com sons que remetem à musicalidade árabe, a exemplo de cítaras, que se fundem, de forma harmoniosa, com ritmos como baião, aboio e os tambores do maracatu. Nesse disco, o compositor, que é natural do município de São João do Cariri, faz referência aos movimentos migratórios da humanidade, sobretudo os que culminaram com a formação cultural do Nordeste brasileiro. “Os caminhos da natureza, dos povos migrantes, dos caminhadores que se destinaram a desbravar as lonjuras do planeta, deixando para trás saudades e memórias, mas levando vontades e sonhos, são o discurso principal do disco”.

Com 11 músicas inéditas gravadas inteiramente na França, Chico César lançou no ano passado o álbum Vestido de amor, uma celebração direta da obra do cantor e compositor paraibano com a música africana, com influências que enveredam pelo reggae jamaicano, a rumba zairense, o calipso de Trinidad e Tobago e o rock urbano.

“Esse disco é tão importante como o Cuscuz Clã, que me abriu do disco voz e violão para uma coisa pop, para mais pessoas me perceberem. Esse disco me renova internamente”, classificou Chico César ao Jornal A União. “Quase toda música pop do mundo – tirando coisas que são basicamente irlandesas, que ajudam a formar o pop inglês e o folk americano – deriva da música africana: os pulsos do rock, do blues, do baião. Principalmente os padrões rítmicos e também muita coisa das melodias, que se mesclam com a herança europeia e outras tradições indígenas”, defendeu o artista paraibano.

No repertório, boa parte das composições foi produzida especialmente sobre a crise sanitária mundial, a exemplos de ‘Pausa’ e ‘SobreHumano’. Porém, o disco não é algo “para baixo”, impulsionando a necessidade que Chico César tinha em fazer algo que trouxesse alegria. Há também a vertente de traços políticos, como a composição que ficou famosa nas redes sociais: ‘Bolsominions’, além do cunho romântico de Cabo Verde, “que deriva do fado e do samba-canção”, como a que empresta o nome ao álbum, ‘Vestido de amor’.

“A ideia de Vestido de amor é se vestir de dentro para fora, ao contrário de uma armadura que evita o outro, que te defende do outro. O que proponho é que nos vistamos internamente, tirando tudo e deixando o sentimento aberto para a energia do outro. E é tudo político. Eu sou um ‘artivista’”, definiu Chico César.

Cadeia criativa e produtiva

Além de artistas, a edição 2023 do PPM contempla 176 categorias de trabalhadores que fazem parte da cadeia criativa e produtiva da música por todos os cantos do Brasil. No dia 1º de junho, ocorrerá, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, a cerimônia de abertura e moção de louvor aos profissionais da música. Na data seguinte, serão premiadas as categorias das modalidades Produção (187 finalistas) e Convergência (166 finalistas). Já em 3 de junho será a vez das modalidades Educação (94 finalistas) e Criação (395 finalistas). As duas noites de premiação serão transmitidas pela internet, através do canal do prêmio no YouTube (www.youtube.com/@PremioProfisionaisdaMusica), e contará com um intérprete de libras.

“O nosso propósito é maximizar o protagonismo daqueles que nos enriquecem com talento, criatividade, inovação e informação a cada edição e convidar o público a viver essa experiência conosco”, afirmou Gustavo Vasconcellos, idealizador do PPM. “E estes profissionais não estarão presentes apenas na plateia e no palco recebendo troféus, mas compartilhando seus conhecimentos e talentos na programação composta de palestras, painéis, workshows, gravação de podcast, feira literária e Lab PPM”, acrescentou ele.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 20 de abril de 2023.