Lucas Silva - Especial para A União
A história de uma grande banda costuma ter o espírito da sua época trazendo consigo suas raízes e costumes. A partir dai, ela conta o que sente e descreve com suas letras o que observa do mundo. Desse modo, quando questionado sobre sua apresentação e o que os paraibanos poderiam esperar da noite de show, o baterista da banda Paralamas do Sucesso, João Alberto Barone, respondeu com convicção. “Esse show é um desejo antigo de exercitar o nosso lado mais roqueiro, tem uma pegada forte, explica muito de onde viemos e onde chegamos”. E é com toda a certeza de Barone, que Herbert Vianna e Bi Ribeiro sobem ao seu lado no palco para comemorar o show de 30 anos de carreira. A apresentação acontece hoje, às 20h, no Teatro Pedra do Reino e os ingressos vão de R$ 60 meia-entrada a R$ 140 inteira.
Sempre bem humorado, na entrevista Barone brincou dizendo que a sensação dele ao subir no palco em trio após 30 anos pode ser descrita como a volta dos que não foram.”A surpresa maior é mostrar isso para quem nunca nos viu num palco nessa formação”, acrescentou.
Com formação datada em 1977, a banda com 30 anos de carreira movimentou a cena musical brasileira e continua a movimentar indiretamente com seus sucessos, mas dessa vez os rapazes prometem trazer com sua apresentação um verdadeiro passeio pela carreira explorando músicas desde o início da banda.
“Será um setlist repleto de grandes sucessos que marcaram grande parte da trajetória artística da banda. Canções como “Mensagem de amor”, sem dúvida estarão presentes no show”, disse Barone.
Mergulhando ainda mais nos filhos sonoros do grupo, da discografia que possui 132 canções, segundo o site Cifras, as 20 mais ouvidas durante a carreira dos rapazes vão de “Meu Erro”, lançada em 1984, até “O Calibe” de 2002. Além delas estão sempre no topo das paradas quando pesquisados na internet as canções Aonde Quer Que Eu Vá, Lanterna Dos Afogados, Cuide Bem do Seu Amor, Uma Brasileira, Ela Disse Adeus, Óculos, Romance Ideal, Caleidoscópio, Alagados, Seguindo Estrelas, La Bella Luna, Quase Um Segundo e Vital e sua Moto.
Ainda em entrevista, o artista completou descrevendo que tocar na capital paraibana é uma grande honra já que sempre é bem recebido pelos seus fãs paraibanos. “Certamente, um lugar que mora em nossos corações, sempre altíssimo astral”, finalizou.
30 Anos de Banda & Novos Projetos
Em 2013, a banda comemorou 30 anos de carreira com uma turnê nacional em várias regiões do país, que também inspirou um documentário produzido pelo canal Bis, com depoimentos de Dado Villa-Lobos, Thedy Corrêa, Rogério Flausino, José Fortes (Empresário), entre outros, além dos integrantes da banda.
Já em agosto de 2014, em parceria com o canal Multishow e a gravadora Universal Music, a banda lança o álbum ao vivo Multishow ao Vivo Os Paralamas do Sucesso - 30 Anos, que registra em CD e DVD o espetáculo realizado durante a turnê de 30 anos no Citibank Hall, no Rio de Janeiro.
Após gravação do CD e DVD, em 3 de março de 2015, o ex-baterista Vital Dias morreu em decorrência de um câncer. Em sua página oficial do Facebook, a banda postou uma mensagem dos membros, na qual diziam estar solidários e que mandavam os pensamentos mais elevados para sua esposa, filhos e amigos nessa hora difícil.
E por fim, em 2016, foi anunciado que a banda juntamente ao cantor Nando Reis e às cantoras Paula Toller e Pitty, participarão de uma turnê promovida pelo projeto Nivea Viva Rock Brasil, que ocorre anualmente desde 2012 e leva artistas para turnês pelo Brasil.
De onde vieram?
Os Paralamas do Sucesso, também conhecida somente por Paralamas, é uma banda de rock, formada no município fluminense de Seropédica, em 1977. Seus integrantes desde então são Herbert Vianna (guitarra e vocal), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria). No início, a banda misturava rock com reggae, mas posteriormente passaram a agregar instrumentos de sopro e ritmos latinos. Desse modo, se uns meninos que começaram a fazer rock no Brasil na década de 80 entraram na música brasileira pra sempre, os Paralamas do Sucesso estão entre os culpados. E estão soltos por aí para contar a história.
Em entrevistas, em covers ao vivo ou em qualquer oportunidade que houvesse lá no começo, os Paralamas falavam dos amigos de Brasília e dos moleques que também tinham banda pelo Brasil. Da primeira entrevista na Rádio Fluminense até o palco do Rock in Rio, eles passaram de anônimos a promessa. Vital e sua moto se transformou em um dos primeiros hits daquela geração e lhes rendeu o convite para gravar um disco. E a turma foi junto, afinal estava lá uma música de Renato Russo. Outros punks e new wavers entraram no circuito até então dominado por cariocas e ajudaram a ampliar fronteiras.
Dali pra frente, os palcos melhoraram, as turnês cresceram, as rádios deram espaço e a TV se abriu a toda uma nova cultura jovem que até hoje faz a cabeça de muitos fãs e até mesmo de quem tem o primeiro contato com as canções.