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Patrimônio imaterial

Passeio pela Feira de Campina Grande

publicado: 07/06/2023 11h47, última modificação: 07/06/2023 11h47
Amanhã, em CG, álbum ilustrado sobre o tema será lançado na abertura do 36º Salão do Artesanato Paraibano
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Obra editada pela Editora A União e de autoria de Chico Pereira, com texto de apresentação do governador João Azevêdo, é uma edição comemorativa do evento com ilustrações de Flávio Tavares e 47 sextilhas do poeta Wergniaud Breckenfeld - Imagem: EPC/Divulgação
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Livro possui 17 ilustrações na técnica bico de pena criadas pelo paraibano Flávio Tavares; reproduções dos desenhos originais estarão em exposição durante o Salão, que vai até o dia 2 de julho - Imagens: Flávio Tavares/Divulgação
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tags: Feira de Campina Grande , Flávio Tavares , Editora A União

por Guilherme Cabral*

Feira de Campina Grande – Um museu vivo da cultura popular é o título da obra que será lançada amanhã, a partir das 18h, dentro da programação de abertura do 36º Salão do Artesanato Paraibano, que o Governo do Estado realizará na cidade de Campina Grande até o próximo dia 2 de julho. O álbum ilustrado, de autoria de Chico Pereira, cujo texto de apresentação é assinado pelo governador João Azevêdo, é uma edição comemorativa do evento produzida pela Editora A União, da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), conta com 72 páginas, possui 17 ilustrações na técnica bico de pena criadas pelo artista plástico Flávio Tavares, além de 47 sextilhas do poeta Wergniaud Breckenfeld. Na ocasião, as reproduções dos desenhos originais estarão em exposição, com curadoria de Dyógenes Chaves. A estrutura do evento é localizada na Av. pref. Severino Cabral, no bairro do Catolé.

Além do governador João Azevêdo, estarão presentes no lançamento o escritor Chico Pereira e o artista plástico Flávio Tavares, entre outras personalidades. A obra, que estará sendo comercializada, se baseia no livro Feira de Campina Grande – Um museu vivo da cultura popular do folclore nordestino, que o autor publicou em 1977. “Não é uma republicação do livro original, mas uma revisão atualizada da Feira, com as suas diferentes influências históricas da região. É um outro livro, numa visão gráfica, editorial e cultural para o nosso tempo. O álbum tem ilustrações e sextilhas criadas especificamente para a publicação, com o apoio cultural da Fecomércio e Sebrae-PB”, observou Pereira.

Livro possui 17 ilustrações na técnica bico de pena criadas pelo paraibano Flávio Tavares; reproduções dos desenhos originais estarão em exposição durante o Salão, que vai até o dia 2 de julho - Imagens: Flávio Tavares/Divulgação

“O álbum é uma publicação refinada e luxuosa, que pretende homenagear a Feira de Campina Grande, que é um patrimônio da cultura imaterial brasileira e tema da atual edição do Salão do Artesanato Paraibano. Esse álbum tem por inspiração o livro que publiquei em 1977, pelo Ministério da Educação e Fundação Mudes, impresso pela Editora da UFPB e que foi premiação de um concurso nacional sobre museus, do qual também recebi menção honrosa. Há cerca de 30 anos que eu e Flávio Tavares tínhamos a ideia de republicar esse livro, que tinha imagens feitas pelo fotógrafo campinense Roberto Coura. Agora surgiu a oportunidade do lançamento da obra, que se concretizou com o apoio decisivo do Governo do Estado, que entendeu a importância do trabalho”, comentou o autor.

Referindo-se ao álbum, Chico Pereira ainda ressaltou que “o livro não só enaltece a história da Feira, cuja existência, em suas mais variadas formas, contribuiu para o surgimento de Campina Grande, como essa Feira central é a herdeira ainda presente na história da cidade. O objetivo do livro também é reconhecer a importância da cultura popular e do folclore nordestino, representado não só pela natureza de tudo que ali se vende, vindo de todas as regiões do Estado, mas as diferentes expressões do artesanato, da poética popular e da gastronomia. Essa publicação é, acima de tudo, o reconhecimento do esforço de todos aqueles que, através do tempo, fazem da Feira não só o seu sustento, mas a garantia de toda uma cultura regional e que, agora, é reconhecida como patrimônio imaterial da cultura brasileira”.

Além da apresentação do governador João Azevêdo, segundo informações de Pereira, o álbum tem outros textos assinados pela secretária de Turismo e Desenvolvimento Econômico do Estado, Rosália Lucas, que enfoca a Feira por meio de suas memórias afetivas; da gestora do Programa do Artesanato Paraibano (PAP), Marielza Rodriguez, enfocando o projeto; da gerente do Museu Casa de José Américo (FCJA), Janete Lins Rodriguez, que fala sobre os desenhos de Flávio Tavares, e do presidente da FCJA, Fernando Moura, que faz uma crônica da Feira, em uma prosa poética. Por fim, Wergniaud Breckenfeld se encarregou de escrever as sextilhas. O álbum se encerra com o texto histórico de Pereira, que conta a história do livro de 1977 e faz uma apreciação crítica e sociológica da realidade da Feira no tempo atual.

No texto que assina para abrir o álbum, o governador João Azevêdo destaca que Flávio Tavares é “uma das maiores expressões da arte figurativa brasileira, que vem prestando intensa colaboração ao artesanato paraibano através da sua arte”, e afirma que a publicação, “mais do que uma celebração ao tema do Salão, é um registro histórico e uma contribuição do Governo do Estado à cidade de Campina Grande, quando em suas páginas, além das ilustrações artísticas da Feira, e da poética de W. Breckenfeld, estão registrados os principais acontecimentos que levaram ao surgimento e evolução da cidade, que teve a Feira como epicentro da sua origem, ainda hoje repercutindo na sua cultura e na sua economia”.

No caso de Flávio Tavares, sua incumbência foi a de reproduzir a Feira como uma expressão cultural plural e importante, se valendo dos seus elementos mais significativos. “Levei quase um mês de trabalho para produzir 25 ilustrações. Muitos dos desenhos são baseados em cenas reais da Feira, que visitei para fazer observações, e outras são baseadas em algumas fotos de Roberto Coura. As ilustrações retratam diversos momentos, como a feira de mangaio, a feira de cordel com os cantadores, a feira de objetos produzidos com flandes, como candeeiros, e a feira de marchantes”, detalhou ele.

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Tavares conta que a inspiração da Feira é tema recorrente no meu trabalho, pois sempre a retratou na sua obra. “Quando eu ia a Campina Grande, a primeira coisa que tinha obrigação de visitar era a feira, para aprender com a sua multiplicidade. A feira sempre foi muito viva dentro do meu imaginário”, apontou ele, dando o exemplo de um grande painel, Tropeiros da Borborema, no qual faz alusão à origem da Feira de Campina Grande e que está no Hotel Garden.

Na opinião de Janete Lins Rodriguez, o lançamento de Feira de Campina Grande – Um museu vivo da cultura popular será ”um importante marco” na programação do 36º Salão do Artesanato Paraibano. “O governador João Azevêdo foi muito feliz com essa determinação em publicar tal obra, porque, de uma só vez, ele enalteceu Campina Grande através de três vertentes: primeiro, registrando para todos a importância fundamental da Feira para o entendimento da história e cultura campinense; depois, permitindo a visibilidade de como o brilhante Flávio Tavares elevou, com sua arte, o saber e o fazer tradicional a uma superior categoria, vestindo o popular com as linhas do seu traço; e, por último, ele trouxe novamente à luz do hoje a premiada e emblemática pesquisa do professor e artista plástico Chico Pereira, um dos primeiros pesquisadores a mostrar ao Brasil o valor e o significado da Feira de Campina Grande”, afirmou ela.

Já a secretária de Turismo e Desenvolvimento Econômico do Estado, Rosália Lucas, comentou que o álbum é “um presente do Governo da Paraíba para a cidade de Campina Grande”. O texto que a gestora escreveu para o livro é baseado em suas memórias afetivas. “Sou filha de Campina Grande, onde fui secretária de Desenvolvimento Econômico de 2017 a 2022, e criei o projeto ‘Bom É na Feira’, com o objetivo de que, cada vez mais, a população de Campina e, também, de outras cidades pudessem visitar o espaço, por causa dos aspectos cultural, histórico e gastronômico do local. Meu avô trazia doce da Feira para casa e minha mãe comprava brinquedos, como bonecas, na Feira, que tem importância na minha vida”, recordou Rosália Lucas.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 7 de junho de 2023.