Guilherme Cabral
"É o reconhecimento do trabalho que a gente realiza em João Pessoa. Nós vamos plantando sementes, ao longo dos anos, e alguns vão se interessando por elas”, comentou, para o jornal A União, o músico paraibano Pedro Osmar, referindo-se ao filme intitulado Pedro Osmar, prá liberdade que se conquista, cinebiografia dirigida por Eduardo Consonni e Rodrigo Marques e que será exibido - em caráter de lançamento nacional - hoje, a partir das 19h, no Cine Olido, instalado na galeria homônima localizada no Centro da cidade de São Paulo, dentro da programação - reunindo documentários - do Festival In-Edit. O artista antecipou que a produção, a qual o público do mesmo evento também assistiu nos últimos dias 11 e 13, será lançada em João Pessoa em 17 de novembro, às 18h30, no Cine Bangüê do Espaço Cultural José Lins do Rego.
O documentário sobre o multiartista paraibano dirigido por Eduardo Consonni e Rodrigo Marques foi contemplado na última edição do Rumos Itaú Cultural (2015 - 2016) e, depois do In-Edit, em São Paulo, será exibido no próximo dia 27, na Mostra Paralela Cinema Agora! do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. No entanto, a versão apresentada no festival ainda não é o projeto final, pois não possui os recursos de acessibilidade, a exemplo da interpretação em Libras, a legenda descritiva e audiodescrição.
“O filme inteiro é sobre os aspectos geográfico, político e culturais de João Pessoa e a música da Paraíba, como um todo. Aliás, é a música da Paraíba em cena em São Paulo, como eu fiz a partir de janeiro de 1975, quando fui morar naquele Estado, levado por Vital Farias, que era meu professor de violão na Escola de Música Anthenor Navarro, do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa. Um ano antes, em dezembro de 1974, no Rio de Janeiro, eu, Vital Farias, Cátia de França, Elba Ramalho e Tânia Alves trabalhávamos compondo música para o Grupo Chegança, do pernambucano Luiz Mendonça, que apresentou o espetáculo Lampião no inferno”, disse Pedro Osmar.
A propósito, o documentário constrói um universo poético que permeia a obra do multiartista paraibano. Nesse sentido, o filme apresenta ao espectador as diferentes facetas de Pedro Osmar, não apenas o músico, mas também o artista plástico e performer, poeta, militante, educador, cineasta e o homem no seu dia a dia. Essa obra cinematográfica tem uma estrutura que se apoia no percurso musical do paraibano, iniciado na década de 1980, com suas canções e a formação - com o seu irmão, Paulo Ró - do grupo Jaguaribe Carne.
Naquela época, o Brasil vivia o momento de abertura política e Pedro Osmar se apresentava como guerrilheiro cultural, pois se envolvia com a luta dos movimentos sociais e culturais. Nesse sentido, suas letras - engajadas - falam da luta de um povo em busca de sua liberdade, o que leva o público a encará-lo como o poeta militante, que representa o grito do povo nas ruas. Em outra frente de trabalho, ele, encarnando o artista plástico, produz trabalhos em gravura e pintura em sua própria casa. E, assumindo, também, a função de cineasta, utilizando o seu poder de articulação política, prossegue sua ação de guerrilheiro cultural em luta para buscar a preservação da cultura popular e da liberdade de seu povo.
“O filme é bem curioso e faz uma leitura bem séria, nada engraçada, mas passo o tempo todo rindo e não é comédia”, comentou, ainda, Pedro Osmar, referindo-se ao documentário. Ele disse ter sido “um negócio muito inesperado” o convite que recebeu para ser o protagonista da cinebiografia. “Estava, em 2014, gravando em estúdio, em São Paulo, meu novo disco, intitulado Quem vem lá, quando um dos diretores do filme, Rodrigo Marques, que é sobrinho do ator paraibano Fernando Teixeira, se interessou pelo meu trabalho”, lembrou o artista, que, a propósito, participa, pela segunda vez, de um filme produzido na conhecida Terra da Garoa. O primeiro, em 2004, foi Jaguaribe Carne - Alimento da guerrilha cultural, dirigido pelos paulistanos Marcelo Garcia e Fábia Fuzeppi. Quanto ao álbum, produzido pelo paraibano Dedé Medeiros, que está pronto e é duplo, pois reúne 34 músicas, algumas das quais inéditas, a intenção do artista é lançá-lo até o próximo mês de dezembro.