“O dotor chico era médico, / Mas não tinha o que fazer / Tinha a grande desvantagem / Que não aprendeu a ler / Somente em terra de cêgos / Elle podia viver”. Esse é um trecho do cordel de humor Doutor de 60, publicado há exatos 110 anos pelo poeta paraibano Leandro Gomes de Barros, grande homenageado da nona edição do Agosto das Letras. Depois de passar pelo município de Pombal, terra-natal do “rei da poesia do Sertão”, o projeto itinerante chega amanhã a Coxixola para mais uma rodada de atividades literária com a intenção de reforçar a ideia propagada por Leandro Gomes de Barros de como a habilidade da leitura tira qualquer um da desvantagem do isolamento.
As atividades acontecem até a próxima sexta-feira (dia 11), no município do Cariri, com contação de histórias que incentivam a leitura e ao imaginário, saraus com apresentação de textos e poesias, oficina literária e de história em quadrinhos, além de uma exposição de folhetos de cordel e xilogravuras. Amanhã, a cerimônia de abertura conta com o lançamento de livros da Editora e Livraria A União, além da apresentação de Iponax Vila Nova, com Poesia de A a Z. As atividades começam às 19h, no Barracão de Marcelo, com entrada gratuita.
“Mais do que vender, nós pretendemos divulgar a marca da Editora. Essa é uma forma para que as pessoas saibam que existe uma editora pública no estado da Paraíba e para que nos procurem. Tem muita gente interessada em conhecer os caminhos para publicarem seus livros”, afirma Alexandre Macedo, gerente da Editora A União. “Esse é um evento muito importante para a interiorização das nossas ações e isso fortalece a nossa missão que é de fomento, descentralização e divulgação da literatura paraibana”, acrescenta o gestor sobre o projeto que seguirá até o dia 25 deste mês pelas cidades de Princesa Isabel e Serra da Raiz.
Na quinta-feira (dia 10), a programação segue com o escritor Marcelo Soares ministrando a oficina literária “Criando microficções”. A atividade acontece na Escola Municipal Maria do Nascimento e é destinada a estudantes com idade mínima de 16 anos. Serão duas turmas – uma no turno da manhã e outra à tarde. À noite, a artista Juliana Soares (do Coletivo Marias da Poesia) comanda o sarau Somos Muitas Marias, a partir das 20h, no Barracão de Marcelo. Já na sexta-feira (11), o Agosto das Letras se despede de Coxixola com duas sessões de contação de histórias – uma às 9h30 e outra às 14h30. Suellen Maria (do projeto Pano de Cuscuz) apresentará Contos que o povo conta para crianças da Escola Municipal Maria do Nascimento. Todas as atividades culturais são gratuitas e foram selecionadas via edital público promovido pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc).
- Juliana Soares, do Coletivo Marias da Poesia, comandará o sarau ‘Somos Muitas Marias’ - Foto: Acervo Pessoal
Essa é a quarta vez que o Agosto das Letras percorre as cidades do interior paraibano. Em suas primeiras edições, o evento acontecia no Espaço Cultural José Lins do Rego, em paralelo à programação do projeto Quadrinhos Intuados, que reúne artistas nordestinos e estudiosos do cenário das HQs. Em sua sétima edição, o evento destinado à nona arte homenageia o personagem O Flama. Em 2023, o lendário personagem criado pelo quadrinista paraibano Deodato Borges completa 60 anos desde sua primeira edição.
A abertura do evento será no próximo dia 26, às 8h30, no Cine-Teatro São José, em Campina Grande. No mesmo dia, acontece a oficina de HQ ministrada por Paloma Diniz. A idade mínima para participar é 14 anos. No domingo (27), a quadrinista Thaïs Kisuki ministra a oficina de autopublicação de quadrinhos. A atividade se divide em duas fases – das 9h às 12h e das 14h às 17h – e a idade mínima para participar é 11 anos.
“Poder estar em cinco municípios da Paraíba durante todo mês de agosto, municipalizando as ações da Funesc e do Governo do Estado, em uma grande celebração da literatura em suas variadas vertentes somando-se à possibilidade de difundir autores e artistas como Leandro Gomes de Barros e Deodato Borges é de total importância para o enaltecimento e reconhecimento da nossa cultura e da nossa memória cultural”, comenta a presidente da Funesc, Bia Cagliani.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 8 de agosto de 2023.