por Kássia Paz
O historiador José Octávio de Arruda Mello avaliou com uma série de ressalvas a mais nova obra de Washington Rocha “A Ceia Profana do Marxismo – Tragédia e Farsa”. O livro foi lançado pela Editora Sal da Terra este ano, teve prefácio de José Ronald Farias e capa de Waldemar Solha, inspirada na tela de Leonardo da Vinci, mas ilustrada com líderes comunistas da história.
Washington Rocha é mestre em Filosofia pela UFPB e também autor de livros como “No Coração de Antígona” (Ensaios em Filosofia Prática) e “Também Eu Sou da Raça dos Deuses” (ensaio místico), entre outros. Neste livro, Washington traz análises e críticas ao marxismo do século 20 – sistema ideológico que critica radicalmente o capitalismo e defende uma sociedade igualitária – e que, para o autor é “uma tragédia que, no século 20, quase levou a humanidade inteira para as profundezas do abismo; e se repete como farsa neste início do século 21”.
Em sua avaliação, o historiador, jornalista e escritor brasileiro, também membro da Academia Paraibana de Letras, José Octávio, diz que sua principal ressalva às colocações de Washington é sobre a integrada fusão do marxismo com o comunismo de Lenine, Stalin, Mao Tsé Tung, Fidel Castro e também Hugo Chaves e Nicolas Maduro. Ou seja, segundo o historiador, Washington não distingue a teoria marxista da aplicação prática através dos sistemas políticos conduzidos por esses líderes, o que, para ele, reforça a ideia de que a carga histórica que esta ideologia carrega será descartada com o tempo, porém José Octávio ressalta que, diferente dos regimes políticos inspirados Pesquisador faz ressalvas à mais nova obra de Washington Rocha no marxismo, este não é o destino da doutrina.
José Octávio enfatiza que o marxismo vale, principalmente, como método de análise que, para as Ciências Sociais em geral e História em particular, significou sensível avanço sobre o idealismo factualista do passado. O historiador destaca que, em sua obra, Washington não considera o marxismo de centros mais avançado, mas o da Universidade brasileira, que de acordo com ele, se organiza como uma “imitação insensata” do marxismo, dando margem a idealismos burocráticos, mas que, ao invés de suprimi-lo, tem como solução adequá-lo às novas realidades.
Essas variações sobre “A Ceia Profana do Marxismo”, de acordo com José Octávio, não significam desmerecê-lo, mas valorizá-lo pela parturição honoriana. E ainda destaca que “A Ceia Profana” acerta em cheio ao subscrever o autoritarismo de Trotsky, como responsável direto pela eliminação dos marinheiros da base naval de Kronstadt em 1921, considerada símbolo de e glória da revolução. “Corajoso, o livro é válido e merece ser lido”.
*publicado originalmente na edição impressa de 13 de julho de 2019