O entardecer do Centro de João Pessoa recebe hoje um evento cultural que combina – e muito – com este momento do dia: o Pôr do Sol Literário, sarau promovido pela Confraria Sol das Letras. Será a partir das 17h30, na sede da Academia Paraibana de Letras (APL); a entrada é franca.
O evento está em sua 92ª edição e neste novo encontro com o público trará homenagens aos escritores e jornalistas José Nunes e Nonato Guedes e a carnavalesca Eliane Holanda. Zé Nunes, a propósito, também lançará neste Pôr do Sol o seu novo livro, A Musa do Entardecer; o tributo a ele, que completa 70 anos em 2024, será mediado pelo professor José Trindade Barbosa, autor do posfácio de A Musa. Nonato será homenageado por seu irmão, o também jornalista Lenilson Guedes. E Eliane receberá o seu tributo através do cantor e compositor Bira Delgado.
Ainda no sarau, haverá um debate sobre a vida e a obra da escritora Carolina Maria de Jesus, célebre pelo livro Quarto de Despejo - Diário de Uma Favelada, publicado em 1960. As discussões serão mediadas pela também escritora Thalita Lucena. O evento encerra com uma feira de livros e uma “sessão lítero-gastronômica”, promovidas pela confraria em conjunto com a Livraria do Luiz.
Homenageados
Zé Nunes é natural da cidade de Serraria e foi eleito imortal pela APL em 2023, ocupando a cadeira de número 30, que foi de Otávio Sitônio Pinto. A Musa do Entardecer é a primeira publicação de Nunes em 30 anos – parte deste tempo também dedicado às atividades como diácono da Arquidiocese da Paraíba. Os cerca de 50 poemas trazem versos delicados sobre a inspiração artística que o ajudou a compor esses textos – a “musa” a quem o escritor chama de Sofia. “Te amo com a alegria da terra ao receber brisa noturna/Te amo silencioso, no aroma dos lírios/Te amo no olhar de muitos solares/no afago de mãos silentes/nas lembranças noturnas/de noites infinitas”, entoa um dos poemas do livro.
Além do entusiasmo com o novo lançamento, Zé Nunes diz que se sente honrado por ganhar esse tributo através da Confraria Sol das Letras. “Será o maior presente que poderia receber, até porque, é justamente quando completo 70 anos de vida e lá se vão quase 50 anos dedicados à imprensa. Acompanho o trabalho deste maravilhoso e dedicado grupo desde os primeiros momentos do Pôr do Sol Literário, que é responsável por elevar ainda mais a discussão sobre literatura e arte”, afirma o escritor.
O cajazeirense Nonato Guedes, que planeja para breve a publicação de mais dois livros de sua autoria, também se sente lisonjeado pela participação no evento. “Acompanho, mesmo sem maior engajamento, a trajetória da Confraria Sol das Letras e a divulgo sempre que possível em minha rede social. É um experimento valioso que incentiva as artes e a cultura na Paraíba”, atesta o jornalista.
A pessoense Eliane Holanda fundou há 32 anos o Muriçoquinhas, versão infantil do clássico bloco de carnaval Muriçocas do Miramar, de João Pessoa. Citando expressão do jornalista Abelardo Jurema, ela brinca que esta homenagem é o “salário moral” do artista paraibano. “Me sinto muito honrada. Este é um evento muito importante e incentivador, através do seu reconhecimento, fortalecendo e encorajando cada vez mais o trabalho das pessoas através da arte, da cultura, da educação e das ações sociais”, aponta a carnavalesca.
A confraria
O Pôr do Sol Literário é um sarau organizado periodicamente pela Confraria Sol das Letras desde 2013. Esta é composta por um grupo de paraibanos apaixonados pela literatura local, que também aglutinam outras manifestações artísticas.
O jornalista Helder Moura, que coordena tanto os saraus quanto a Confraria, conta que ao longo de uma década de existência, o Pôr do Sol já lançou mais de 100 obras, de escritores novos e experientes. Moura estima que a produção literária paraibana lance no mercado de dois a três livros novos por semana – número louvável e proporcionalmente maior do que de outros estados, segundo o jornalista.
Mas os saraus não se dedicam apenas aos novos trabalhos. “Um dos nossos principais objetivos é o resgate da literatura paraibana, através dos debates que promovemos em nossos encontros”, afirma Moura.
Até dezembro, um novo evento deve entrar para o calendário de atividades da confraria: a Feira Literária do Extremo Oriental (Flor).
*Matéria publicada originalmente no dia 26 de março de 2024.