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Por um mercado audiovisual

publicado: 01/03/2024 09h45, última modificação: 01/03/2024 13h26
Prefeitura Municipal apresenta a segunda edição do Festival Internacional de Cinema de João Pessoa, que acontecerá entre 26 de maio e 1º de junho
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Coletiva de imprensa anunciou a abertura oficial das inscrições, os homenageados, as datas da realização e alguns locais de sessões e encontros, como o Hotel Globo e a Usina Cultural Energisa - Fotos: Roberto Guedes
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Homenageado Matheus Nachtergaele - Foto: Gabriel Lordêllo/Estadão Conteúdo
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Homenageado Bertrand Lira | Foto: Roberto Guedes
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Diretor executivo da Funjope, Marcus Alves | Foto: Roberto Guedes
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Patrono do festival, Jayme Monjardim | Foto: Roberto Guedes
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Diretor da Ancine, Paulo Alcoforado | Foto: Roberto Guedes
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por André Dib*

Festivais de cinema podem assumir diferentes tamanhos e perfis. A maioria aposta na relação com novos filmes e realizadores, que se tornam mais presentes e disponíveis para apresentar ou debater seus trabalhos com o público. Outros também olham para questões de memória ou assumem recortes temáticos. Nos últimos anos, outro viés vem sendo praticado no Brasil, tendo como referência os festivais estrangeiros como Cannes, Berlim e Veneza, dentro da compreensão de que o cinema é um dos mais produtivos setores da economia.

Dentro dessa compreensão, dois anos atrás foi criado o Festival Internacional de Cinema de João Pessoa. A primeira edição trouxe à cidade filmes de diferentes países e regiões do país, além de oferecer possibilidades de negócio e ambientes de mercado para projetos em fase de desenvolvimento. Na manhã de ontem foram anunciadas informações relevantes sobre a segunda edição, como a abertura de inscrições, os homenageados e as datas da realização: de 26 de maio a 1º de junho. Com relação ao local, ainda não está definido onde serão as exibições, mas estão confirmadas a Usina Energisa e o Hotel Globo como espaços para encontros e debates.

A coletiva de imprensa contou com a participação do prefeito Cícero Lucena, do diretor executivo da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Marcus Alves, Silvia Arone (Cidade da Imagem), do diretor paulista Jayme Monjardim (patrono e parceiro do festival) e Paulo Alcoforado (diretor da Ancine), dentre outros.

As inscrições gratuitas, voltadas para longas e curtas de todo o país e do mundo, vão até o dia 29 deste mês e podem ser feitas pelo site oficial do festival (www.festincinejp.com.br). Podem se inscrever produções paraibanas realizadas a partir de janeiro de 2022; e filmes de outros estados e países concluídos após janeiro de 2023. A programação completa será anunciada no mês de maio.

O 2º FestincineJP é uma prova do esforço da Funjope em articular a cidade no campo da economia criativa. No ano passado, veio a criação de uma film commission para atrair novos negócios e oferecer suporte para produções interessadas em gravar na capital.

Homenageados

Este ano, o evento homenageará dois artistas e um coletivo de criação: Matheus Nachtergaele, Bertrand Lira e Las Luzineides!, três nomes de grande importância para a criação do atual cenário produtivo.

Ator paulistano consagrado há mais de 30 anos, Nachtergaele atua em teatro (na Paraíba, ele participou de uma peça com o grupo Piollin), TV e cinema (em 2008 também dirigiu A festa da menina morta). Atualmente, ele é visto na novela Renascer, e, a partir de dezembro, voltará a viver o icônico João Grilo em O Auto da Compadecida 2. “As homenagens são uma espécie de devolução do carinho que a gente tem pelos lugares e pelas pessoas”, disse Nachtergaele, em depoimento em vídeo.

Natural de Cajazeiras, no Sertão do estado, desde o início dos anos 1980 o professor e diretor Bertrand Lira produz e estuda filmes. Com diversos livros publicados, Lira é também um dos pioneiros do cinema Super-8 na Paraíba, tendo dirigido Imagens do declínio ou beba coca, babe cola (1980, com Torquato Joel) e Perequeté (1981). Ao longo das décadas, Bertrand seguiu entre o documentário e a ficção (sob influência do cinema de Jean Rouch, e a experiência obtida nos ateliês Varan, na França) até realizar o longa O seu amor de volta (mesmo que ele não queira), que estreou comercialmente em 2023. Entre os novos projetos está o longa Trapiá, a ser rodado na região rural de Nazarezinho, no Sertão paraibano.

“Eu me sinto como nos anos 80, jovem e produzindo”, disse Bertrand. “Essa homenagem é uma surpresa muito agradável. Mais ainda vindo da Funjope, que tem feito muito pelo nosso cinema, como a film comission que, por sinal, precisa sair do papel. Precisamos pressionar a Câmara de Vereadores para a aprovação da proposta”.

Bertrand avalia que João Pessoa vive um momento inédito para a produção de filmes. “Após alguns anos de retrocesso, voltamos a um patamar de cultura e civilidade, em que se respira liberdade. Os profissionais estão com agenda cheia, podendo escolher projetos. Isso jamais foi visto antes, era inimaginável quando a gente começou”.

Formada por Ana Bárbara Ramos, Ana Isaura Dinniz, Christine Lucena, Katiuscia Furtado, Liuba de Medeiros e Ana Rogéria, o coletivo Las Luzineides! marcou época ao propor uma nova forma de produzir, baseada no lema “faça você mesmo”. Um coletivo feminista, cuja influência parece aumentar com o tempo. Atualmente, está em produção um documentário sobre a história do grupo.

“Nossa expectativa atual por um evento que reverencie não só a produção, mas também os projetos. Por isso, além da film comission, aguardamos a aprovação de uma agencia de cinema”, disse Ana Dinniz. Logo depois, o prefeito confirmou o lançamento da agência durante o 2º FestincineJP.

Em nome da Ancine, Paulo Alcoforado disse estar interessado no cenário paraibano. “Na nossa perspectiva, queremos uma política que olhe para o desenvolvimento do mercado, para que os realizadores paraibanos possam ser financiados. As políticas de desenvolvimento do audiovisual só se realizam quando chegam aos melhores projetos”. Durante a tarde de ontem, Alcoforado participou de uma conversa com representantes do segmento.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 01 de março de 2024.