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Prima debate perspectivas negras no mundo musical

publicado: 24/11/2021 08h44, última modificação: 24/11/2021 08h44
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por Guilherme Cabral*

A edição do ‘Prima Convida’ que o Programa de Inclusão Através da Música e das Artes realiza hoje é sobre o tema “Perspectivas Negras”. O evento, que acontece dentro do Mês da Consciência Negra, vai ser transmitido a partir das 19h, através do canal no YouTube, e terá as participações da multi-instrumentista e arte-educadora Marivone Santana, o pianista Rourras Leandro da Silva Daniel e a mestre em Musicologia Ágata Christie, mediado pela musicista e cantora Mari Santana, que é mestre em Etnomusicologia pela UFPB.

“Pretendo abordar alguns pontos referentes à ocupação dos espaços e falar, também, da importância da representatividade negra. No caso da ocupação dos espaços, tratarei da inserção de pessoas negras em postos de cultura e educação, por exemplo, meios estes que coincidem com minha atuação. Mais especificamente, farei considerações sobre a entrada de pessoas negras da música, ou não, na universidade. E ainda tratarei da interessante intelectualização do povo negro brasileiro que coincide com as políticas públicas educacionais”, afirmou Ágata Christie.

Durante o debate, Christie ainda antecipou que espera abordar a questão da Consciência Negra. “Algo que acontece, em muitos casos, de fora para dentro. Nem todo negro se enxerga como é e não se reconhece como tal. Além disso, falarei, também, sobre a representatividade de professores e professoras negras na escola e demais postos educacionais como um movimento simbólico de empoderamento de crianças e adolescentes”.

Ágatha Christie é violoncelista, pesquisadora, historiadora da música, artista plástica e mestre em Musicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Música na UFPB. Em paralelo, ela se insere na educação musical, trabalhando como professora, com abordagens em música brasileira utilizando como centro da iniciação musical do violoncelo, o ensino de cantigas de roda e outros temas no projeto Prima.

“Pretendo abordar a importância de projetos sociais, a exemplo do próprio Prima, o de bandas marciais da rede estadual, e de escolinhas de futebol”, disse Rourras Leandro. “Mostrar o quanto eles são propícios na igualdade racial na sociedade, que hoje está tão dividida. Vou mostrar o que as minorias negras ganham com a oportunidade de participar desses projetos e, assim, conviver com diferentes pessoas”.

O professor de piano ainda observou que as orquestras clássicas, de um modo geral, são predominantemente formadas por maioria branca. “Tem poucos negros tocando nessas orquestras e muitos tocando fora delas, o que resultou, por exemplo, na criação do jazz com outra linguagem, mais popular. O Dia da Consciência Negra não é apenas um dia, mas todos os dias de todos os anos”, apontou Rourras.

A outra participante do ‘Prima Convida’ de hoje é a baiana Marivone Santana. “Vou falar um pouco da minha trajetória artística, de quando tudo começou e todas as alegrias e tristezas que me levaram a chegar onde estou e que vão me ajudar a alcançar outras coisas que eu projeto”, disse ela, que também é arte-educadora, multiplicadora do Laboratório Musical Rumpilezzinho e pesquisadora de maracatu há mais de sete anos. “Vou falar da questão de uma mulher negra, periférica, na busca por educação, conhecimento e cidadania. Venho de projetos sociais e, se não fossem as políticas públicas e o esforço da minha mãe, uma mulher preta, mãe de cinco filhos, não estaria onde eu estou. Minha mãe deu muito duro para que os filhos conseguissem ter o mínimo de dignidade e estudo possível”, acrescentou a multi-instrumentista.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 24 de novembro de 2021