Baseado em um fragmento da peça intitulada 'Hamlet', uma obra clássica no gênero tragédia, cujos historiadores estimam ter sido escrita entre 1599 e 1602 pelo dramaturgo e bardo inglês William Shakespeare (1564 - 1616), 'Ser e Não Ser' foi o primeiro espetáculo de ciberteatro realizado na Paraíba. A encenação - que consiste em uma nova forma de se apresentar, pois utiliza a rede mundial de computadores, se adequando estética e tecnicamente a este meio - ocorreu às 16h do último dia quatro de outubro, em sessão única e gratuita, oferecida pelo Centro de Informática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a partir do Programa de Pós-Graduação em Computação, Comunicação e Artes. Depois que assistiram, os espectadores foram solicitados pelo autor e diretor, Aluizio Guimarães, a disponibilizarem alguns minutos ao preenchimento de um pequeno questionário destinado à sua pesquisa, ressaltando que essa experiência “é um importante acontecimento para a história do teatro e para a ciência”.
'Ser e Não Ser' é uma obra-experimento resultante da pesquisa sobre o tema 'Subjetividade e representação: o olhar mediado no ciberteatro', do produtor cultural da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), mestrando, dramaturgo e diretor de teatro e cinema Aluizio Guimarães, que também é autor das peças intituladas 'Água Areia' e as 'Maçãs, Inferno, ...e foram felizes para sempre!' e, ainda, do filme 'Borra de Café'. No elenco estão os atores Naiara Misa e Bertrand Araújo. Já os orientadores da pesquisa foram os professores doutores Ed Porto (Informática) e José Tonezzi (Teatro). A coordenação técnica ficou a cargo de Ruan Palmeira.
O trabalho intitulado 'Subjetividade e representação: o olhar mediado no ciberteatro' é fundamentado na multi e interdisciplinaridade e consiste em configurar um conjunto de pesquisa artifícios teóricos, técnicos e tecnológicos, visando incrementar o olhar do espectador do ciberteatro. A partir desta conformação, o intuito é possibilitar novos olhares, construções cênicas, poéticas e narrativas. A partir de observações, experimentações e pesquisa bibliográfica, discute-se a possibilidade de uma solução mesclando o conceito de ciborgue com princípios da fotografia cinematográfica e, com isto, criando Ciborgues Ópticos que funcionem como instrumentos de interface para o espectador em sua relação para com as ações que se dão em cena.
Para que o espetáculo tenha sido, efetivamente, colocado em prática, foi necessário à equipe criar um software (Personal Switcher), que facilita a interação do ciberespectador com a obra, possibilitando a interatividade. O intuito, com isso, é tentar perceber até que ponto este cenário pode colaborar para o surgimento de novos recursos narrativos e estéticos, assim como outras condições que levem à imersão no ciberteatro e, também, estejam voltadas a outras artes da cena no ciberespaço.
Quanto ao espetáculo escrito por Shakespeare, o protagonista da trama é o Príncipe Hamlet de Dinamarca, filho do recentemente morto Rei Hamlet e sobrinho do Rei Cláudio, irmão e sucessor de seu pai. Após a morte do Rei Hamlet, Cláudio casa-se apressadamente com a então viúva Gertrudes, mãe do príncipe. A peça conta o sofrimento de Hamlet ao descobrir que o tio matou seu pai e se casou com a mãe para obter o trono da Dinamarca, ameaçado pelo reino da Noruega, tanto que paira no ar a expectativa de uma suposta invasão liderada pelo príncipe norueguês Fortinbras. No enredo estão alguns dos diálogos e frases mais célebres e clássicas escritas pelo bardo inglês, a exemplo de “ser ou não ser, eis a questão”; “há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a sua filosofia”; “há algo de podre no Reino da Dinamarca” e, ainda, “o resto é silêncio”.