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Professor lança livro de histórias em versos para crianças em JP

publicado: 02/09/2017 00h05, última modificação: 02/09/2017 06h40
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Milton Marques Júnior garante que o objetivo da obra não se limita apenas a brincar com as palavras, mas também a ensinar ao leitor - Foto: Divulgação

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Linaldo Guedes

Milton Marques Júnior é escritor e professor, sendo referência no estudo e ensino da literatura clássica. Seus leitores, no entanto, foram surpreendidos com o anúncio feito por ele mesmo, em suas redes sociais, da publicação do livro “Histórias em Versos do Vovô Milton”. A obra, editada pela Ideia, será lançada neste sábado, dia 2 de setembro, na Livraria do Luiz, na Galeria Augusto dos Anjos, a partir das 9h30, em João Pessoa. O livro reúne cinco histórias em versos heptassílabos, inclusive uma recriação de O Lobo Mau e os Três Porquinhos. Na ocasião, haverá um recital dos poemas com sua filha Carol Marques.

Segundo Milton Marques Júnior, a ideia do livro surgiu colocando Arthur e Clarinha, seus netos, para dormir, balançando-se com eles na rede. “Comecei a inventar historinhas com bichinhos, como a lagartixa, que passeava pela parede, ou com os brinquedos que eles tinham, como um cavalo e uma vaca de borracha, para os quais criei uma história de amizade. Depois vi que poderia fazer histórias em versos, já que tenho um ouvido bom para o ritmo do verso português, fruto da experiência de sala de aula e de ter acompanhado muita cantoria de viola. Na realidade, o primeiro texto que criei foi para Arthur, três meses mais novo que Clarinha. Criei para ele o “Melô do Leitinho”, um funk”, explicou.

A capa do livro é colorida, mas o miolo é em preto e branco, por causa dos custos. São quatro historinhas. três delas criadas por Milton, envolvendo algum fato com seus netos: um sapo que apareceu na casa de seu neto Arthur e que ele deu o nome de Joaquim; um gafanhoto descoberto andando na viga da coberta do terraço; uma abelha, um urso, uma libélula e um cacho de uvas, que faziam a estampa do pijama de Clarinha, sendo ela a autora da ideia. A mais longa das histórias é uma recriação de O Lobo Mau e Os Três Porquinhos.

Milton diz que a escolha do verso heptassílabo se deu pelo fato de que este verso é natural na nossa fala. “Falamos mais em heptassílabo do que em prosa livre”, garante. Trata-se de um verso bem ritmado, em três tempos – três pausas – bem marcados, na 3ª, 5ª e 7ª sílabas, que lhe dão uma musicalidade “redonda”, daí ser chamado de verso redondilho, no caso, redondilho maior. “Por outro lado, o fato de dar aulas de versificação, na Universidade, e de ter acompanhado durante muito tempo as cantorias, além de ter convivido com cantadores de viola, isto ajudou a apurar o ouvido. Não sou repentista, mas se der o mote e me der um tempo, desenvolvo o heptassílabo ou o decassílabo, este no ritmo do martelo agalopado. Sento-me e rapidamente, quando tocado pelo assunto, crio o poema ou a historinha. O processo é o mesmo com os epigramas, que construo com o duplo heptassílabo”, observou.

Antes de publicar, Milton costuma ler o texto com os netos. “A reação é a melhor possível. Eles ficam atentos e pedem sempre para que eu conte outra vez. Clarinha é sempre a mais ligada e gosta de historinhas mais longas. Arthur ouve atento, mas para ele não importa se a história é longa ou curta. Ele gosta de histórias, ponto”, detalha.

Milton ressalta que suas histórias procuram criar uma trama. Não se trata apenas de brincar com as palavras. “Brinco com as palavras, mas vejo que posso ensinar com o poema e com a historinha contada. Acho que o nosso mercado editorial de uma forma geral está mal, infantojuvenil ou adulto. Precisamos repensar o que se está publicando em escala industrial, como se os leitores estivessem eles também numa esteira de consumo, como o livro está numa esteira de produção. Isto não quer dizer que o livro que estou publicando é a oitava maravilha do mundo, sendo a primeira. Não. Escrevo porque gosto, porque sinto necessidade, pela satisfação de deixar para meus netos alguma lembrança boa, de textos que refletem o meu amor por eles. Não escrevo para ficar famoso ou rico. Escrevo porque para mim é natural e prazeroso”, argumenta. Milton Marques Júnior é colunista do suplemento Correio das Artes.