Guilherme Cabral
O livro intitulado A história como eu conto, do escritor e jornalista Ramalho Leite, será lançado nesta quinta-feira (5), dentro da programação da 50ª edição do Pôr do Sol Literário, sarau promovido pela Confraria Sol das Letras que começa às 17h30, na sede da Academia Paraibana de Letras (APL), localizada na cidade de João Pessoa. A obra - a oitava do autor e impressa em A União Editora para a Forma Editorial - tem 222 páginas, custa R$ 30 e reúne uma coletânea de artigos baseados em fatos históricos pitorescos, e até inusitados, bem como alguns discursos por ele proferidos em eventos e, ainda, textos que foram escritos a respeito do seu trabalho literário. Na ocasião, também haverá o lançamento do livro Múltiplos olhares sobre o testamento de Dom Agápito, da escritora Marinalva Freire da Silva e publicado pela Editora Ideia, homenagem aos artistas Antônio Barros e Cecéu, como reconhecimento à contribuição que vem dando à cultura nordestina por meio da música, com participação da filha do casal, a cantora Mayra Barros, além de destaque ao trabalho do artista plástico Wilson Figueiredo.
A abertura do sarau vai ocorrer com o lançamento de A história como eu conto, que, na ocasião, será apresentado pela escritora e integrante do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), Zélia Almeida, que também assina o Prefácio da obra. “O livro tem duas partes. O capítulo I é intitulado “Da História”, que é uma coletânea de artigos por mim publicados em A União, mas que partem de fatos históricos, desde o Império, República Velha, República Nova e até a novíssima, do Temer. O II capítulo é “Da Tribuna”, que tem alguns discursos e alguns textos escritos por algumas pessoas, a exemplo dos jornalistas Severino Ramos e Gonzaga Rodrigues, sobre livros por mim já lançados. Eu sempre gosto de publicar as coisas para não se perder na memória”, disse Ramalho Leite, que não se considera um historiador.
“Na história da Paraíba, me dediquei mais à parte da República Velha; Solon de Lucena, a guerra de Princesa e a morte de João Pessoa. Sobre Princesa e João Pessoa, por exemplo, em vez de cuidar dos fatos que levaram ao acontecimento, me preocupei em mostrar como foram recebidas as notícias no Sul do país e nos estados da Aliança Liberal, Minas Gerais e Rio Grande do Sul”, observou Ramalho Leite, que é natural do Município de Bananeiras, localizado na região Brejo do Estado, e ocupa a Cadeira nº 7 da Academia Paraibana de Letras.
Indagado pela reportagem sobre o que o levou à escolha do título do seu novo livro, Ramalho Leite - que é colaborador do jornal A União, do qual também foi superintendente - respondeu que é uma alusão, como revela claramente ao leitor, o seu estilo de contar, com enfoques principalmente no ambiente sociológico. “Eu pego da história os fatos pitorescos, os mais inusitados, como os escândalos do Império abordados de maneira até cômica, as mulheres de Dom Pedro II que frequentavam a Biblioteca do Palácio São Cristóvão para encontros românticos e casos de propina no Primeiro Reinado. Ou seja, o Lado B, o outro lado da história. Coisas que não tem nos livros escolares”, disse ele.
“Não seria errado afirmar que o método utilizado por Ramalho Leite é o mesmo do historiador e brasilianista inglês Peter Burke - o historiador como colunista. Da publicação em jornal para a história. Muitos textos foram publicados em A União”, escreve Zélia Almeida no Prefácio, cujo título é “Humano, demasiadamente humano”. Em outro trecho, ela ainda destaca ao seguinte: “O livro de Ramalho Leite, de “estilo gracioso e feroz ironia”, deveria figurar nas bibliotecas dos palácios e institutos... Ele escreveu uma História original - um texto sincero, honesto e, além do mais, um texto de prazer. Um texto humano, demasiadamente humano”.