Guilherme Cabral
O jornalista, escritor e ex-deputado paraibano Ramalho Leite realiza hoje, a partir das 19h, no Espaço Cultural Oscar de Castro, localizado no Centro da cidade de Bananeiras, o pré-lançamento do livro intitulado Gente do passado, fatos do presente (A União Editora / Forma Editorial, 320 páginas). O evento integra a programação da 11ª edição da Rota Cultural Caminhos do Frio 2016, que é organizado pelo Fórum de Desenvolvimento Turístico Sustentável do Brejo Paraibano, com o apoio do Governo do Estado, entre outras instituições. O autor também lançará a obra na Fundação Casa de José Américo (FCJA), em João Pessoa, mas ainda não há data definida.
“O livro é uma coletânea contendo 59 artigos publicados em A União e meus discursos de posse na Academia Paraibana de Letras (APL) e no IHGP (Instituto Histórico e Geográfico Paraibano). Os artigos envolvem pessoas do passado, comportamentos que eu comparo com fatos do presente para que sirvam de exemplo para ser seguido ou para ser evitado”, esclareceu Ramalho Leite, que publica seus textos no centenário jornal sempre aos sábados, no 2º Caderno.
O livro, que tem 10 capítulos - sendo o último intitulado de Álbum de memória, recheado por diversas fotografias que registram momentos da trajetória de vida do autor - é prefaciado pelo professor José Loureiro Lopes, membro da Academia Paraibana de Letras, com posfácio assinado pelo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) da Paraíba, Arnóbio Alves Viana.
Ramalho Leite observou que os fatos contidos em sua nova obra - a oitava que lança - são de origem histórica. “Faço levantamento dos nobres da Paraíba na época do Império”, disse o autor.
Nesse sentido, exemplificou o caso do Barão de Araruna, no capítulo denominado Gente que se fez nobre. “Restauro a imagem do Barão de Araruna, uma figura que existiu e foi deturpada pela novela da Rede Globo de Televisão Sinhá Moça, de Benedito Ruy Barbosa (sucesso de audiência em 1986 e repetida em 2006), que o retrata como sanguinário, mas que foi uma pessoa de boa índole, que já tinha concedido liberdade para a maioria dos seus escravos antes da abolição da escravatura”, observou o escritor.
A propósito, Ramalho Leite constatou o que considera como “uma coincidência muito grande” com relação a quem era o Barão de Araruna e a maneira como foi retratado pelo folhetim global. Ele disse que o nome original do Barão é Estevão José da Rocha, enquanto, na novela, é o coronel José Ferreira, e que, na realidade, o Barão deveria se chamar, também, José Ferreira, sobrenome dos pais e dos seus irmãos. Outro ponto observado foi que o nobre era paraibano, natural da cidade de Araruna, enquanto, na ficção, era de Arara, e ambos eram dedicados à plantação de café.
O autor ainda incluiu no livro um capítulo - o de número 6 - intitulado de Gente que faz opinião. “São textos de pessoas que falam sobre o meu trabalho”, comentou Ramalho Leite. Há, por exemplo, textos assinados pelos jornalistas Gonzaga Rodrigues e José Nunes, membros da Academia Paraibana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), respectivamente; do conselheiro do Tribunal de Contas da Paraíba, Fábio Nogueira; da escritora paranaense Maria Aparecida Coquemala e do jornalista paraibano - radicado em Brasília (DF) - Marconi Formiga.
No prefácio, cujo título é Fatos do passado, semelhanças no presente, o professor José Loureiro faz a seguinte constatação: “Dois traços marcantes do novo texto são perceptíveis desde o início dessas memórias, que reúnem apanhados históricos da política e da vida pública do Estado e do País: a fidelidade aos fatos e a leveza na forma como os descreve; mesmo que a contemporaneidade desses relatos possa despertar resistências e acalentar emoções”. Já no posfácio, denominado de Uma lição de paraibanidade, o conselheiro do TCE Arnóbio Viana ressalta que, neste novo livro, o autor “esmera-se em descrever fatos e o faz com absoluta fidelidade, incrementando-os, porém, com sua privilegiada visão de mundo”. Ele ainda lembra que “Ramalho Leite é um notável paraibano. Jornalista, escritor, secretário de Estado, parlamentar brilhante, nos últimos 50 anos ocupou significativos espaços na microfísica do poder, ora no situacionismo, ora nas trincheiras da oposição”.
A propósito, em sua coluna publicada em A União, na edição do dia 2 de janeiro de 2016, Ramalho Leite já antecipava estar preparando um novo livro, denominado Gente do passado, fatos do presente. “Tenho ocupado esse espaço para uma volta ao passado ao invés de incursionar pelo presente. Não por alienação ou omissão, mas por vocação: amo a pesquisa e exalto a memória histórica como lições de antanho para nortear o futuro”, confessou ele, na ocasião, e, naquele mesmo texto, também fez a seguinte observação: “A rememoração de fatos pretéritos é, para mim, uma forma de, ao lembrá-los, transmitir a certeza de que estou aprendendo e ensinando uma nova lição”.