Notícias

literatura

Recontando o lado engraçado da vida

publicado: 15/09/2025 09h08, última modificação: 15/09/2025 09h08
Luiz Augusto Paiva reúne crônicas publicadas em A União em novo livro que será lançado amanhã
Luiz Augusto Paiva_F. Evandro Pereira (12).JPG

Luiz Augusto Paiva apresenta sua nova coletânea no salão de eventos da editora | Foto: Evandro Pereira

por Esmejoano Lincol*

Apesar das diferenças aparentes do ponto de vista estrutural, o conto e a crônica são gêneros literários que passeiam por características comuns, a exemplo de sua extensão – mais curta – e da possibilidade de explorar uma narrativa e seus personagens – algo intrínseco à conto e facultativo a crônica. Em sua nova coletânea, o professor Luiz Augusto Paiva trilha o “caminho do meio” entre as duas formas, explorando com humor temas fabulados ou factuais. O livro A Rabeca de Paganini e Outras Histórias será lançado amanhã, a partir das 18h30, na sede da editora Ideia, situada no bairro da Torre, em João Pessoa. A entrada é franca. 

A obra ganha, neste evento de estreia, a apresentação do jornalista e teatrólogo Tarcísio Pereira. No papel, o projeto reúne 51 contos-crônicas – todos eles previamente publicados na coluna semanal de Paiva em A União; em razão disso, eles têm um tamanho similar, pautado pelo espaço reservado no jornal. “São ‘causos’, a maioria, coisas bem-humoradas. Vario nas mais diversas situações, pegando os tipos humanos que existem por aí, transformando isso em histórias leves e, claro, com aquele clima de bom humor”, explica.

Dentre os contos-crônicas que incluiu em A Rabeca de Paganini, além do texto que dá nome ao livro, o autor destaca “A procissão das meninas”, relato que alega ter ouvido de amigos durante uma conversa informal na Livraria do Luiz, ponto de encontro de Paiva na capital. “Quando havia a feira de Itabaiana, cidade do Agreste do estado, parava o trem e em vez da população esperar o que vinha para a feira, eles iam ver as meninas que vinham para o cabaré de uma senhora chamada Dona Nevinha. E a banda vinha atrás, tocando”, aponta.

Outro texto mencionado na entrevista é “O bule de chá”, que representa essa simbiose entre a captura do cotidiano e a narrativa “capsular”, signos próprios da crônica e do conto respectivamente: neste episódio, um certo rapaz tenta driblar o flagra que o sogro lhe deu. “A menina falou que ia ‘fazer um chá’ com o rapaz, e o pai os surpreendeu, assim, num namoro um pouco mais ‘avançado’. Ele obrigou o menino a ficar tomando chá, de raiva. E ele sai dali quase morto. Na última frase, você fecha o que é engraçado da história”, adianta.

A despeito da posição de alguns críticos em torno da crônica – de que esta seria um gênero menor em importância – Paiva assevera tal segmento literário como precioso para aqueles que se dedicam a ler na urgência do dia a dia, afirmando, em adição, não ser fácil desenvolver algo em poucas linhas. “Nós tínhamos, aqui na Paraíba, o exemplo do Luiz Augusto Crispim e temos, ainda, o Gonzaga Rodrigues, pessoas que sabem fechar o texto num curto espaço de forma brilhante. Para mim, é um gênero tão difícil quanto os demais”, sustenta.

E para os escritores iniciantes que queiram enveredar pelas trajetórias do conto ou da crônica – ou por uma “encruzilhada”, como no caso de Paiva – ele fornece três dicas essenciais. A primeira, a leitura, necessária a esta e a outras ações; a segunda, a observação cotidiana, fonte inesgotável de histórias. “Se você pegar um ônibus, um Uber ou se andar na rua, verá algo engraçado. Por último, há também a fluência do texto. Às vezes, você pode até usar uma linguagem simples, mas ela tem que ser bem colocada, senão fica vulgar”, conclui.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 14 de setembro de 2025.