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MÚSICA

Reencontro com a Marrom

publicado: 09/08/2024 08h50, última modificação: 09/08/2024 08h50
Alcione celebra seus 50 anos de carreira com show, hoje, em João Pessoa, e amanhã, em Campina Grande
Alcione - foto Vinicius Mochizuki.jpg

Alcione traz no repertório sua nova canção, que fala da violência contra a mulher | Foto: Vinicius Mochizuki/Divulgação

por Esmejoano Lincol*

Vinda da “Paraíba do Norte, Maranhão”, como indicava a música de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, gravada em 1979, Alcione chega à Paraíba para um par de shows neste fim de semana, em comemoração às cinco décadas de carreira: hoje, ela faz uma apresentação no Teatro Pedra do Reino, na capital, às 21h30, com ingressos disponíveis no site Sympla, a partir de R$ 100; amanhã, a Marrom sob e ao palco do Spazzio, em Campina Grande, às 21h – as entradas estão à venda na página do Acesso Ticket, a partir de R$ 80.

O marco desses 50 anos de trajetória profissional é o primeiro compacto da cantora, lançado em 1972, com duas músicas: “Figa de guiné”, de Nei Lopes e Reginaldo Bessa, e “O sonho acabou”, de Gilberto Gil. Mas a paixão pela música vem do berço — mais especificamente, da influência do pai, o tenente e instrumentista João Carlos Dias Nazareth. Foi através de sua presença constante na banda da Polícia Militar do Maranhão que, ainda muito jovem, ela ganhou o seu apelido mais famoso — Marrom, dado pelos colegas do pai. Por lá também aprendeu a tocar trompete, objeto que lhe acompanhou em muitas de suas apresentações.

Partiu para o Rio de Janeiro no fim dos anos 1960 e começou a trabalhar na capital fluminense como crooner de boates. Pouco tempo depois, passou a dar as caras na televisão, ao participar de programas de calouros, tornando-se conhecida nacionalmente através deles. A fama lhe rendeu um contrato com a gravadora Philips e uma nova oportunidade — desta vez, para conquistar o mundo: em 1973, transferiu-se para a Itália, apresentando-se por dois anos como cantora em palcos europeus.

De volta ao Brasil, em 1975, pôde gravar seu primeiro disco “A Voz do Samba”, reeditado recentemente por meio do Clube do Vinil da Universal Music, detentora de boa parte do seu catálogo: o maior destaque dessa estreia foi “Não deixe o samba morrer”, sua música-símbolo, composta por Aloísio Silva e Edson Conceição. A transferência para a gravadora RCA (hoje Sony Music), quase uma década depois, garantiu outros de seus maiores sucessos comerciais: “Garoto maroto” (do LP Fruto e Raiz, de 1986) e “Minha estranha loucura”, (do álbum Nosso Nome: Resistência, de 1987).

ALCIONE
- Hoje, às 21h no Teatro Pedra do Reino (Centro de Convenções, PB-008, km 5, s/nº, Polo Turístico Cabo Branco, João Pessoa).
- Ingressos: de R$ 100 (balcão/ meia) a R$ 300 (plateia A/ inteira), antecipados na loja Homem do Sapato (Manaíra) ou na plataforma Sympla.

- Amanhã, às 21h no Spazzio (Av. Senador Argemiro de Figueiredo, 681, Catolé, Campina Grande).
- Ingressos: de R$ 80 (front/meia) a R$ 1.600 (louinge/10 pessoas), antecipados na plataforma Acesso Ticket.

Público renovado

De volta ao estado, menos de um ano depois sua última apresentação na Paraíba (em setembro de 2023, ela foi atração do projeto Centro em Cena), Alcione revelou à reportagem de A União estar radiante com a turnê de seus 50 anos de carreira, marcada pelo lançamento de sua nova canção “Marra de feroz”, composta por Xande de Pilares, Gilson Bernini e Helinho do Salgueiro. “Gravamos um clipe que conta com as participações de muitas mulheres importantes, dentre elas Conceição Evaristo. A música é um ‘basta’ à violência contra as mulheres e chega em um momento em que ainda convivemos com tantos abusos e números absurdos de feminicídios”, explica a Marrom.

Depois de se tornar um ícone pop junto aos mais jovens, a Loba, como ela é conhecida pelas novas gerações, tem notado que seu público se renova com o passar dos anos e lota os shows, ao lado dos fãs da Velha Guarda. “Provavelmente, eles cresceram me ouvindo, porque os pais seriam meus fãs. Essa ‘renovação de plateia’ é muito bem-vinda para qualquer artista e, felizmente, isso também vem ocorrendo com outros colegas de profissão que merecem o reconhecimento dos mais novos”, assevera Alcione.

Ao lado da Banda Sol, conjunto musical que lhe acompanha ao vivo há algumas décadas, a maranhense promete para os shows deste fim de semana o seu tradicional passeio pela coleção de sucessos e algumas surpresas. “Para uma artista que sonhava em viver do ofício porque cantar sempre foi a sua maior paixão, acho que cheguei bem longe. Tudo porque pude contar com o aplauso do público brasileiro durante esse tempo. Por isso, os paraibanos jamais poderiam ser excluídos dessa comemoração”, finalizou, carinhosamente, a Loba. 

Através do link, acesse o site de venda de ingressos do show de hoje

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 09 de agosto de 2024.