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Rinaldo de Fernandes lança livro de contos na Bienal de São Paulo

publicado: 26/08/2016 00h05, última modificação: 26/08/2016 09h44
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Rinaldo Fernandes é reconhecido como um dos grandes contistas brasileiros da atualidade - Foto: Divulgação

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Linaldo Guedes

O escritor Rinaldo de Fernandes, atendendo convite da editora Novo Século, de São Paulo, por onde publicou este ano a coletânea “Contos Reunidos”, vai participar da 24ª Bienal Internacional do Livro em São Paulo, que acontecerá no Pavilhão de Exposições do Anhembi, de 26 de agosto a 04 de setembro de 2016. Rinaldo estará autografando os seus “Contos Reunidos” dia 02/09, às 20h00, no estande da Novo Século. “Contos Reunidos” reúne os livros “O Perfume de Roberta” (2005), “O Professor de Piano” (2010), “Confidências de um amante quase idiota” (2012) e textos escolhidos de “O livro dos 1001 microcontos”, que o autor vem escrevendo no facebook desde 2013. Rinaldo de Fernandes já venceu o Prêmio Nacional de Contos do Paraná e, com o romance “Rita no Pomar” (2008), foi indicado para o Prêmio São Paulo de Literatura e para o Prêmio Zaffari & Bourbon, do Rio Grande do Sul.

Rinaldo destaca que é sempre muito importante para um escritor o contato com o público leitor. “É sempre muito importante que a obra do escritor esteja acessível ao leitor. A Bienal do Livro de São Paulo, entre todas as Bienais do país, é a que tem mais fluxo de pessoas. Portanto, ter a obra exposta no estande de uma das maiores editoras do país, a Novo Século, que publicou o meu livro “Contos Reunidos”, que estarei autografando no evento, é sem dúvida uma grande vitrine, um momento crucial para a divulgação da obra, para a conquista de mais leitores.”

Na coletânea lançada por Rinaldo, consta ainda, numa seção final, um conjunto de 18 estudos críticos sobre os contos. Normalmente, os contistas, como os poetas, costumam, em determinado momento de sua trajetória, reunir num só volume a sua produção – ou para facilitar o acesso de leitores ou porque as obras já estão esgotadas. “No meu caso, foi mesmo para facilitar o acesso de leitores, além de permitir a pesquisadores e estudiosos de minha contística – que já são inúmeros – um material crítico substantivo, de relevo, como é o que consta da seção final do Contos reunidos”, comenta. 

A obra de Rinaldo de Fernandes tem conseguido uma boa receptividade da crítica literária brasileira. Regina Zilberman, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é uma crítica literária de extremo valor – das mais  respeitadas deste país, com inúmeros livros publicados e adotados nos cursos de Letras o classificou como mestre do conto. “Zilberman não me deu esse título do nada – foi a partir da leitura rigorosa que ela fez dos 11 contos que constam do meu livro O professor de piano. Ela percebeu uma unidade, uma coerência em todos os contos de O professor de piano, os quais, segundo ela disse no posfácio que escreveu para o livro, “estão assinalados por grande condensação dramática e impacto narrativo”. Disse ainda, entre outras coisas, que meus contos exercem “um forte efeito sobre o leitor”, que eles tematizam questões centrais da sociedade atual, como a violência. Portanto, foi um título dado a partir de um viés rigorosamente crítico. E isto me deixou muito feliz. Por outro lado, os elogios que chegam sobre a minha ficção me deixam contente, claro, mas nunca envaidecido ao ponto de não ver o texto literário como resultado de muita transpiração, de muito empenho por parte de seu criador”, declarou.

Já Marcelo Coelho, da Folha de S. Paulo, no artigo “Literatura da violência”, publicado em 2011 e que resultou de uma palestra que ele proferiu para estrangeiros, teceu um comentário importante sobre o conto “Ilhado”. Marcelo no artigo citou, além de Rubem Fonseca, que seria o pai do que o articulista chamou de “escola da literatura da violência”, outros seis autores: Rinaldo, Patrícia Melo, Férrez, Paulo Lins, Marçal Aquino e Fernando Bonassi. “Meu conto que ele cita e que integraria essa escola é justamente o “Ilhado”. Nesse conto e noutros em que trato de violência, como “Duas margens”, “Pássaros”, “O último segredo” e “Você não quis um poeta”, há uma crueza, um modo muito duro de narrar. A literatura testemunha a realidade – e se o cotidiano é brutal, e ele o é, o escritor tem que representar em suas ficções essa brutalidade. Mas precisa também elaborar seu texto, mergulhar na linguagem. Sou de fato muito cuidadoso com a linguagem, cada palavra de uma frase minha é pensada, posta com muito rigor, e querendo expressar com justeza a natureza da situação narrada”, observa.

Rinaldo de Fernandes é contista, romancista, antologista e professor universitário. É autor de O perfume de Roberta, (contos, Garamond, 2005) e organizador, entre outras, das coletâneas Contos cruéis: as narrativas mais violentas da literatura brasileira contemporânea (Geração Editorial, 2006), Quartas histórias: contos baseados em narrativas de Guimarães Rosa (Garamond, 2006) e Capitu mandou flores: contos para Machado de Assis nos cem anos de sua morte (Geração Editorial, 2008). Rita no Pomar foi seu romance de estreia.