O palco do Teatro Santa Roza, no Centro de João Pessoa, recebe, de hoje a domingo (26), a 6a edição da Roza Cênica – Mostra Simão Cunha. Com entrada franca, a programação conta com 15 atrações, divididas entre espetáculos, leitura dramática, poesia e música que ocupam o tablado do equipamento histórico. Hoje, às 19h, será apresentada a peça Minhas Marias, do grupo Kairós, seguida às 19h30 por A Lua e a Flor, do Coletivo Teatral Sonhe Que Dá. Confira a programação completa no quadro.
Criado e interpretado por estudantes da Escola Estadual Padre Pedro Serrão, do Cristo Redentor, Minhas Marias nasce de experiências pessoais e coletivas de jovens da periferia que utilizam o teatro como instrumento de reflexão social e construção de identidade. “Para nós, o teatro é uma ferramenta de autocrítica, de percepção social, de análise do contexto onde os alunos e alunas estão inseridos”, explica o diretor do grupo, Flavinho Gota.
A peça parte de histórias reais de três jovens da equipe. Meninas pretas, filhas de Marias, que perceberam ao longo do tempo como suas famílias sofriam racismo e diversas formas de abuso social. A narrativa acompanha uma dessas personagens que, ao receber um nome diferente das gerações anteriores (Ana Carolina), torna-se a primeira a estudar, fazer teatro e se reconhecer como indivíduo dentro da sociedade.
“A partir daí acontece uma revolução, com essa capacidade crítica, educativa e pedagógica de perceber o mundo e se fortalecer”, diz Flavinho.
Fundado em 2011, o coletivo já participou de festivais nacionais, além de ter gravado o curta Esperançar, selecionado para festival internacional de cinema.
“Hoje o grupo é apadrinhado por Jayme Monjardim, e alguns dos nossos alunos estão pré-selecionados para testes no próximo trabalho nacional do diretor. Poder levar a periferia do Cristo e do Rangel para esse templo sagrado é motivo de gratidão. A gente fica muito feliz porque isso fortalece os meninos e meninas e mostra que eles podem sonhar e realizar”, afirma.
No sertão de A Lua e a Flor, dois meninos, João e Luiz, selam eterna amizade sob a promessa de se reencontrarem “assim que a Asa Branca voltar”. Anos depois, João — agora homem e pai de Das Dores —, parte em busca de um sinal do amigo perdido. Fingindo-se cego, ele arrasta a filha por entre lendas, lembranças e miragens do sertão, até encontrar o Filho de Luiz — herdeiro de uma antiga promessa.
“Para nosso coletivo, participar do Roza Cênica é motivo de orgulho”, diz Cristiano Costa, diretor do Sonhe Que Dá. “É saber que estamos tendo o reconhecimento do trabalho que estamos produzindo com jovens que saem da periferia e estarão pisando em um dos palcos mais consagrados do país, o Teatro Santa Roza”.
Programação:
HOJE
- 19h – Minhas Marias (experimento cênico)
- 19h30 – A Lua e a Flor
AMANHÃ
- 19h – Quatro Personagens à Procura de uma Peça (leitura dramática)
- 20h – Gregório II
SEXTA
- 19h – Escola de Dança do Teatro Santa Roza (experimento cênico)
- 19h30 – Balaclava; Não Tenho Nada para Mostrar Hoje (experimentos cênicos)
- 20h – Versos de Vir a Ser
SÁBADO
- 19h – Vim Deixar Claro que Sou Escura
- 20h – Ecos Ancestrais
- 21h30 – Elon (show)
DOMINGO
- 15h – Birita Poética (encontro de poetas)
- 18h – A Estrelinha e o Grão de Areia (experimento cênico)
- 18h30 – Meu Brinquedo, Meu Brincar (experimento cênico)
- 19h30 – Cidade Cão
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 22 de Outubro de 2025.