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Rubens Nóbrega reúne histórias do jornalismo

publicado: 18/06/2025 08h37, última modificação: 18/06/2025 08h37
“Memórias do Batente” é o quarto livro do profissional da imprensa
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Nóbrega divide suas narrativas no livro em “trajetórias”, “paralelas” e “tragédias” | Foto: Roberto Guedes

por Emerson da Cunha*

São 51 anos de jornalismo paraibano que Rubens Nóbrega registra e conta nas mais de 200 páginas de seu quarto e mais recente livro: Memórias do Batente, editado pela Giostri e lançado no início do mês, em João Pessoa. A publicação conta com histórias trazidas da experiência de Nóbrega desde 1974 como redator, secretário de redação, editor e colunista de jornais como O Norte, A União, Correio da Paraíba, Jornal da Paraíba e O Momento, revistas como A Carta e A Semana e os semanários Contraponto e Jornal da Gente.

A narrativa passa, em primeira pessoa, causos e acontecimentos próprios, de amigos e colegas — muitas vezes histórias que, à época e mesmo atualmente, só pudessem ser contadas em off, nos bastidores e esquinas das redações, ruas e batentes. Os exemplares podem ser adquiridos na Livraria do Luiz, ou pelo site da editora (loja.giostrieditora.com.br). Na obra, o leitor passeia pelas memórias jornalísticas a partir de três capítulos: “Trajetórias”, “Paralelas” e “Tragédias”.

“As trajetórias são minhas participações em jornal, rádio, seminários, revistas. As paralelas são aquelas atividades com as quais eu me habilitei, para as quais fui eleito, indicado em função do meu jornalismo”, conta ele, que foi presidente da Associação Paraibana de Imprensa (API) de 1987 a 1989, vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, comandou campanhas para eleições.

“E também contribuí com algumas coisas que desaguam na minha participação na fundação do Observatório Paraibano de Jornalismo e do laboratório de comunicação Alumia”, continua. “Fui também assessor de comunicação na UFPB durante quatro reitorados e contribuí como coautor da emenda do dispositivo constitucional da Constituição da Paraíba de criação do Conselho Estadual de Comunicação”.

Já as tragédias são a parte do livro que talvez mais importem e mais chamem a atenção. É exatamente nesse capítulo que Nóbrega separa fatos e (des)casos ocorridos dentro das redações e nas relações com os colegas, colocando em perspectiva inclusive o modo como temas não necessariamente editoriais impactaram internamente os veículos — e sua própria vida.

Uma dessas histórias rememora a morte de Paulo Brandão, então sócio--proprietário e jornalista do Correio da Paraíba, e primo do atual proprietário da empresa, Roberto Cavalcanti, em um ataque com 30 tiros, em 1984, em frente à sede do periódico na época, na esteira de apuração e denúncia de suspeitas de crimes de corrupção no Governo Wilson Braga.

“Isso causou uma profunda transformação na relação do jornal com o governo. Eu conto em detalhes as consequências para o jornal, para minha pessoa e minha família da morte de Paulo Brandão. Por exemplo, fui obrigado a mudar de casa, de residência algumas vezes, por conta de ameaças contra a minha família”, relata o autor.

“Outra [tragédia] que eu abordo muito é a questão do alcoolismo na produção de jornalismo, principalmente jornalismo impresso”, reforça o jornalista. “Quando saíamos tarde da noite, de madrugada, para os bares, depois do fechamento dos jornais, isso acabou criando vícios e desvios em vários colegas nossos, alguns desvios de conduta de alguns colegas que eu não cito o nome. Tem histórias de amigos, colegas que eu tirei de situação perigosa, porque estavam embriagados. Outras que poderiam inclusive ferir de alguma forma ou até matar. Tem histórias também de que quase cometi um acidente, quando era boêmio, nos anos 1980. De um modo geral, é um livro muito sobre as pessoas com quem trabalhei, com quem vivenciei”, finaliza.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de junho de 2025.