por Guilherme Cabral*
Na próxima terça-feira (dia 19), o jornalista e escritor Rui Leitão tomará posse como imortal na Cadeira número 28 da Academia Paraibana de Letras, em solenidade que será realizada a partir das 18h30, excepcionalmente na sede da Fundação Casa de José Américo (FCJA), em João Pessoa. “A ideia é colaborar com os trabalhos de pesquisa dos acadêmicos, contribuir com a tradição cultural, linguística e literária de nosso Estado”, disse ele. O novo integrante da APL, que foi eleito com 17 votos em pleito ocorrido em 8 de fevereiro, batendo seu concorrente, o escritor e poeta Clemente Rosas, que recebeu 11 sufrágios, vai substituir o padre Marcos Augusto Trindade, que morreu aos 93 anos de idade, em 12 de setembro de 2021.
Durante a solenidade de posse na Cadeira 28 da APL – também conhecida como Casa de Coriolano de Medeiros, cujo patrono é o padre Lindolpho José Correa das Neves –, Rui Leitão será saudado pelo acadêmico, jornalista e escritor Hélder Moura.
A programação ainda inclui outras atividades, a exemplo do discurso do novo imortal. “Vou falar da honra de poder assumir reafirmando a disposição em continuar militando na arte de escrever, para o qual fui estimulado pela obra literária do meu pai, Deusdedit Leitão (1921-2010), que ofereceu a sua contribuição intelectual para a APL, ocupando a Cadeira número 16, bem como falar sobre a relação do meu pai com a Academia e sobre quem já ocupou a cadeira, como os escritores Apolônio Nóbrega, o professor e ex-reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Milton Paiva, e o monsenhor Marcos Trindade, a quem tive a felicidade de ter sido seu aluno no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, quando testemunhei sua ação evangelizadora, educativa e intelectual, que o credenciou a se tornar um dos imortais da Casa de Coriolano de Medeiros, sendo, portanto, motivo de especial honraria sucedê-lo”, antecipou Rui Leitão, que também é membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP).
O novo imortal lembrou que se candidatou à vaga na APL por algumas razões, a exemplo da dedicação ao ofício de escrever diariamente, seja na elaboração de livros, seja na publicação de textos no Jornal A União e em portais, como o WS Com e o Polêmica Paraíba. “Pleiteei o ingresso na Academia pelo desejo de contribuir com o trabalho dos acadêmicos e, também, por considerá-la uma instituição de excepcional importância para os que se dedicam ao ofício das letras. O pluralismo intelectual que se afirma na composição do seu quadro de integrantes enriquece o convívio acadêmico, agregando conhecimentos nas suas mais diversas manifestações culturais: científicas, literárias, artísticas e jurídicas”, justificou ele.
Rui Leitão afirmou que a ideia de se candidatar para a Academia surgiu quando publicou seu terceiro livro, Canções que falam por nós, lançado em 2016 pela Editora A União, e que reúne 300 crônicas interpretativas de letras de composições de artistas da Música Popular Brasileira, a exemplo de Pixinguinha, até os atuais, e inclusive, de paraibanos, como Adeildo Vieira, Pinto do Acordeon e Vital Farias. “A APL é, inegavelmente, o sonho de qualquer escritor. Não poderia fugir à regra. Marcar presença na instituição cultural por onde já passaram as mais proeminentes figuras do ambiente acadêmico, artístico, intelectual e político da Paraíba, tendo, inclusive, a oportunidade de conviver com as mais expressivas personalidades contemporâneas do nosso mundo cultural, desperta em mim um sentimento de honra e de dignidade e eu tinha essa aspiração até por conta da presença do meu pai, Deusdedit Leitão”, comentou o imortal, que foi incentivado a concorrer por um grupo de amigos.
Além da obra publicada em 2016, ele já lançou outros quatro títulos: em 2013, 1968: o grito de uma geração, que resgata fatos culturais e políticos ocorridos naquele ano na Paraíba, no Brasil e no mundo; em 2014, A essência da sabedoria popular, com crônicas sobre ditados e provérbios populares; em 2017, Sentimentos, emoções e atitudes, contendo crônicas sobre o comportamento humano, todos publicados pela Editora A União; e, em 2018, pela Editora Ideia, Um olhar interpretativo das canções de Chico Buarque, reunindo 100 crônicas inspiradas nas letras do artista.
“Tenho mais dois livros sendo encaminhados, com previsão de lançamento no próximo ano. Um é de memória, Inventário do tempo, que registra os meus primeiros 35 anos de vida e inclui fatos que testemunhei ou que tomei conhecimento; o outro é Caetaneando, com 100 composições de Caetano Veloso e que deverá seguir os mesmos moldes do que foi sobre Chico Buarque”, antecipou Rui Leitão, que é natural da cidade de Patos, no Alto Sertão da Paraíba.
Desafios
Colunista do Jornal A União desde final de 2020, a convite da diretora presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Naná Garcez, Rui Leitão começou escrevendo uma vez por semana, mas, com a morte de Martinho Moreira Franco, assumiu o espaço, publicando, agora, duas vezes por semana. “É uma honra escrever para A União e substituir Martinho é uma responsabilidade muito grande”, admitiu ele.
Além de colunista, Rui Leitão também é diretor de Rádio e TV da EPC e espera, até o final deste ano, implementar dois projetos, ambos em fase de execução. “Um é cuidar da migração da Rádio Tabajara AM para FM, que será Parahyba FM; o outro é a instalação do Museu do Rádio Paraibano, que reunirá gravações, discoteca, equipamentos, fotos, publicações e a reprodução de estúdio de rádio da década de 1980 que vai funcionar para que as pessoas saibam como era naquela época”, disse o gestor.
A carreira do jornalista e escritor Rui Leitão também é caracterizada por cargos públicos que já exerceu como executivo. “Como aluno do Liceu Paraibano, em 1968, participava do Grêmio Estudantil Daura Santiago Rangel até o segundo semestre daquele ano, quando fui ser bancário do Paraiban e, depois, passei a assumir cargos executivos, como o de secretário executivo da comissão organizadora comemorativa do IV Centenário da Paraíba, em 1985; ex-superintendente de A União; ex-chefe de gabinete do então governador Cícero Lucena; ex-diretor presidente da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais (CDRM) da Paraíba; ex-diretor do Iphaep; ex-superintendente da Rádio Tabajara por duas vezes e onde, em 1999, instalei a emissora FM, entre outros cargos. Mas, entre os desafios, estão o de ter ido a Brasília para ser assessor legislativo do então ministro da Educação e Cultura, Jorge Bornhausen”, lembrou Rui Leitão.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 12 de julho de 2022.