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Sala de Concertos Maestro José Siqueira é uma das mais modernas do NE

publicado: 10/07/2016 00h05, última modificação: 08/07/2016 21h55
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O local abriga os concertos da Orquestra Sinfônica da Paraíba e da Orquestra Jovem, e homenageia José Siqueira, paraibano que foi um dos criadores da Orquestra Sinfônica Brasileira - Foto: Divulgação

tags: Sala de Concertos Maestro José Siqueira , Espaço Cultural , Funesc


Guilherme Cabral

Depois de seis reportagens publicadas, o jornal A União encerra hoje, com a Sala de Concertos Maestro José Siqueira, a série intitulada “Espaços do Espaço Cultural”, iniciada no dia 26 de maio. “A Sala é importante, porque é uma das mais modernas da região Nordeste. Ela é equalizada e tem uma excelente acústica, permitindo que até o espectador que esteja sentado na última poltrona possa ouvir a música. A marca da qualidade é o som que é produzido nela. E que fique bem claro: é uma Sala para se ouvir música”, fez questão de garantir o maestro Luiz Carlos Durier. Ele fala de cátedra, com conhecimento de causa a respeito, pois, como regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB) e da Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba (OSJPB), a utiliza periodicamente para as apresentações de ambos os grupos, realizadas sob sua batuta, pois são dois concertos da OSPB e um da OSJPB, a cada mês.

A propósito, foi o próprio Luiz Carlos Durier quem inaugurou, em agosto de 2014, a nova Sala de Concertos - instalada no Espaço Cultural José Lins do Rego, localizado na Rua Abdias Gomes de Almeida, nº 800, no bairro de Tambauzinho, em João Pessoa - regendo as duas orquestras: a OSPB, que se apresentou no dia 28, cujo repertório incluiu a composição intitulada ‘Quarta Dança Brasileira’, do maestro José Siqueira; e, na data seguinte, a OSJPB. Ele ainda lembrou que, por causa da qualidade técnica do ambiente, o local se revela propício para grupos em formações diversas, como os de câmara, vocal e instrumental, acrescentando, ainda, que outros eventos da área acontecem nas mesmas dependências, a exemplo do projeto Música do Mundo, ação desenvolvida pela Funesc (Fundação Espaço Cultural da Paraíba).

“É uma boa Sala”, assegurou ainda o maestro Durier, ressaltando que artistas nacionais e internacionais têm elogiado o local quando chegam na cidade de João Pessoa para se apresentarem. Para comprovar sua opinião, o regente antecipou que a Orquestra Sinfônica de Xalapa, capital do Estado de Veracruz, no México, incluiu a Sala de Concertos Maestro José Siqueira na turnê que realizará, no próximo mês de outubro, em apenas mais duas cidades: São Paulo e Recife.

Antiga reivindicação dos próprios músicos da OSPB, a Sala de Concertos Maestro José Siqueira foi inaugurada no local onde funcionava o Cine Bangüê, que foi totalmente reformado. “O ambiente é muito moderno. As frisas laterais (camarotes quase ao nível da plateia), onde espectadores se acomodam, foram reduzidas para dar mais espaço para os músicos”, disse o regente Luiz Carlos Durier, ao apontar uma das adaptações realizadas no local. Outros serviços também foram executados, a exemplo do tratamento das paredes e do piso, cujo revestimento foi substituído por materiais específicos, que garantem a qualidade acústica enquanto a música é tocada. Já o palco foi ampliado para abrigar orquestras e grupos de coro.

A instalação de camarins e acomodações para os músicos na Sala de Concertos Maestro José Siqueira foram outros aspectos ressaltados por Durier. A capacidade do local para receber o público também foi ampliada, dispondo agora de 570 poltronas reclináveis. A iluminação foi trocada e reforçada com mais pontos de luz. A nova estrutura ainda inclui bilheteria, recepção, secretaria, diretoria, arquivo musical, sala do maestro, copa, quatro baterias de banheiros, ambientes para ensaios e pequenas apresentações, além de salas para cada equipamento da OSPB.

Outro detalhe ressaltado por Luiz Carlos Durier é o fato das orquestras realizarem os ensaios na própria sala onde os concertos são apresentados. Ele disse que essa é uma prática já utilizada em outros estados e que permite aos músicos ouvirem as músicas do mesmo modo como serão executadas ao público, além de possibilitar ao regente o aprimoramento do trabalho. “Sem falar que, com a Sala, se presta uma justa homenagem ao maestro paraibano José Siqueira, um dos principais nomes da música do País, reconhecido também no exterior, que fundou a Orquestra Sinfônica Brasileira (criada em 1940), a Orquestra de Câmara do Brasil (em 1967) e criou o Concerto para a Juventude, que revelou vários maestros, como Eleazar de Carvalho”, disse ele.

Já o diretor da OSPB, Márcio Ricardo, observou que, mais de sete décadas depois de criada, a Orquestra Sinfônica da Paraíba - que administra, em comum acordo com a Funesc, a Sala de Concertos Maestro José Siqueira - passou a ter, há dois anos, um local, que comparou a uma “casa”, por causa da sensibilidade do Governo do Estado. Ele disse que é um espaço moderno e adequado para a realização dos ensaios e das apresentações.

Sobre o regente - Paraibano do Município de Conceição, cidade localizada no Vale do Piancó, Alto Sertão do Estado, José de Lima Siqueira (1907 - 1985) - nome completo do músico - foi, além de maestro, acadêmico, educador e compositor, cujas obras são baseadas na literatura e no folclore do Brasil. Filho de um mestre da banda Cordão Encarnado, em sua cidade natal, que lhe ensinou a tocar diversos instrumentos. Durante a juventude, ele atuou em bandas de música de várias cidades do interior da Paraíba. Em 1927, foi para o Rio de Janeiro, a então capital da República, como integrante das tropas que tinham sido recrutadas para combater a Coluna Prestes e não demorou a ingressar, como trompetista, na Banda Sinfônica da Escola Militar. A partir de 1933, depois de formado em Composição e Regência, iniciou carreira de sucesso também em outros países, a exemplo dos Estados Unidos, Rússia, Itália e Portugal. Por ser um homem democrático, José Siqueira foi aposentado, em 1969, pela ditadura militar, que o proibiu de reger, gravar e lecionar. Perseguido, o paraibano foi para a agora extinta União Soviética, onde encontrou abrigo e pode reger a Orquestra Filarmônica de Moscou, além de  ter atuado como jurado em grandes concursos internacionais de música. Ele faleceu no dia 22 de abril de 1985, aos 78 anos de idade, no Rio de Janeiro.