Lucas Silva - Especial para A União
Cantor e compositor carioca que escolheu a Paraíba para ser a sua morada. Além de nos presentear com a sua arte há mais de duas décadas, elevando o conceito de samba de raiz, ele conquistava o público com sua energia e irreverência musical. Esse foi Bené Bitonho, que neste domingo (21), faleceu no município de Aracaju. O corpo do sambista, que teve como causa da morte um infarto fulminante, começou a ser velado na madrugada desta terça, na mortuária São João Batista, localizada vizinho a Usina Cultural Energisa, na capital.
A notícia veio por meio de sua página social na internet, facebook, publicada pelo seu amigo Renan Rezende. Além de depoimentos, sua página contém ainda depoimentos para o cantor de amigos e familiares.
O grupo musical Clube do Samba se pronunciou em sua página oficial do facebook, comentando que, o samba está de luto e todas as homenagens não serão suficientes para demonstrar o quanto Bené Bitonho representou e continuará representando para todos nós. Ele defendia a igualdade, a inclusão e a humildade sempre. “O Clube do Samba sempre será grato por tudo e saiba daí de cima que aqui em baixo carregaremos seu nome para todo e qualquer lugar nunca deixando de agradecer a quem realmente nos acolheu e ajudou tanto, você”, completou o grupo.
Além disso, um dos integrantes do grupo Leandro Fernandes comentou que Bené sempre ajudou os rapazes da melhor maneira possível. “Ele uma espécie de padrinho para todos nós, sempre acolhendo e dando muitos conselhos”, completou Leandro.
Sempre bebendo da melhor fonte das escolas de samba do Brasil, Bené Bitonho buscava em sua trajetória, elucidar uma de suas maiores influência no meio da música, o artista Zeca Pagodinho. Em cima disso, apresentou em 2014 o especial “Bené canta Zeca”, que foi sucesso de público e crítica, e que trouxe pela primeira vez ao Projeto Samba na Vila uma nova roupagem e singular.
A cantora paraibana, Nathalia Bellar, revelou também que o cantor era gentil igual a um menino só que de passos firmes e ideias fortes. “Em uma noite de boemia e música, me disse coisas dessas, que a gente leva por toda a vida. Bené Bitonho continua sendo, porém do lado de lá, onde só o bem existe e onde seu samba vai abençoar aos filhos seus”, disse Nathalia.
Conhecido como referência no samba da velha guarda e considerado pela crítica especializada como o melhor do gênero musical residente em nossa cidade, Bené Bitonho foi mestre de alguns artistas revelações do gênero samba como, por exemplo, Ramos Pereira, Potynho Lucena, o grupo Pura Raiz, seu projeto Samba Da Rola Cansada, o próprio Clube do Samba, e entre outros sambistas locais.
Em sua jornada, Bené tinha ainda um fiel escudeiro ao qual lhe acompanhava em todos os shows chamado Kojak do Banjo. Também cantor e compositor, Kojak possui cerca de 20 anos de carreira e sua paixão pela música surgiu desde muito cedo. Na adolescência, tocava violão em um bar da família. Logo após conheceu os músicos Poty Júnior, Mirandinha e Bené Bitonho, que o impulsionaram para o samba de raiz, e até hoje permanece nessa vertente.
Segundo Gina Quaresma, esposa do cantor e compositor Kojak do Banjo, não conheci meu sogro genético, mais Deus me iluminou ao conhecer meu sogro de coração, há 10 anos de casamento com Kojak do Banjo, sempre escultei: “O velho é meu pai, tem que respeitar o velho” e escutava também de Bené Bitonho: “Você é mais que filho”. Então era um jogo de cumplicidade com amor e respeito. Eram doses diárias de ambos os lados de confidência, companheirismo e toda a junção de bons sentimentos.
Já Renan Rezende, que é flautista da Orquestra Sinfônica João Pessoa e amigo de Bené, disse que, o samba da Paraíba perdeu uma das suas maiores referências. Que a roda de samba amanhã seja em sua homenagem.