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Sambista Mirandinha realiza pré-lançamento de CD em JP

publicado: 10/12/2016 00h05, última modificação: 10/12/2016 09h15
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O músico paulista Mirandinha realiza o pré-lançamento do álbum 'Salve o Negro Salve o Samba' - Foto: Divulgação

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Guilherme Cabral

"Essa homenagem ainda em vida é uma coisa bonita, linda demais e sagrada, que representa tudo na vida da gente”, confessou para o jornal A União o cantor e compositor paraibano - radicado no Rio de Janeiro há 74 anos - Zé Katimba, que retorna ao seu Estado natal para receber homenagens pela importância da sua trajetória como artista e por sua obra. Um dos tributos acontece hoje, a partir das 19h, na praia de Tambaú, defronte à barraca Catarineta, que se localiza perto do Busto de Tamandaré, em João Pessoa, quando ele participa do pré-lançamento do CD intitulado Salve o Negro Salve o Samba, do músico paulista - mas que reside na capital paraibana - Mirandinha. O disco contém 10 canções e deverá ser lançado oficialmente no mês de abril de 2017. Quem fará o show de abertura é o grupo Trem das Onze, liderado por Chico Limeira, e no evento - aberto ao público - também haverá as participações especiais de Polyana Resende, Kojak do Banjo, Totonho, Pedro Nascimento e Helton Souza. 

Gravado em 2015 e 2016 no Estúdio de Giulian Cabral, localizado em João Pessoa, o disco tem oito composições de autoria de Mirandinha e duas assinadas em parceria com os paraibanos Kojak do Banjo, Ricardo de Carminha e Potyzinho Lucena, que também é o responsável pelos arranjos do álbum. As raízes do samba, o amor e os acontecimentos do dia a dia são alguns dos temas tratados nas músicas do CD. "É um trabalho gostoso de se ouvir”, garantiu o artista, para quem os 100 anos do samba - completados no último dia dois de dezembro - são muito importantes. “A Paraíba era mais conhecida pelo forró, mas o samba também já está se fortalecendo no Estado e a presença do mestre Zé Katimba, que tem mais de 1.500 composições gravadas, aqui entre nós, é uma honra e nos anima a continuar levantando essa bandeira do samba”, comentou Mirandinha, que mora na capital paraibana há 29 anos.

“Ser homenageado em vida é sagrado e, também, fico muito honrado por voltar a falar com a mãe Paraíba de perto, pois cada paraibano é um irmão meu por destino. É um reconhecimento da minha obra como compositor. A música é eterna e não envelhece e nasci com o dom de fazer música”, confessou ainda Zé Katimba para A União, referindo-se ao tributo que recebeu na noite de ontem, no Teatro Paulo Pontes do Espaço Cultural, em João Pessoa, durante o Projeto Leitura Prazerosa, criado em 2005 pela professora Kátia Lanuza, cujo cunho é educacional, interdisciplinar, para ser executado em escolas do Ensino fundamental I e que abrange as disciplinas de português, matemática, ciências, artes, música, geografia e história da Paraíba. “É uma das iniciativas das mais dignas e bonitas idealizada por uma professora”, disse o sambista, que é natural do Município de Guarabira e saiu do Estado para morar no Rio de Janeiro quando tinha 10 anos de idade.

Hoje, aos 84 anos de idade - completados no último dia 11 de novembro -, Zé Katimba garantiu que continua produzindo. Nesse sentido, ele antecipou que em janeiro de 2017 lançará, no teatro da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, uma espécie de kit reunindo CD - no qual a maioria é de músicas inéditas e algumas regravações - DVD e a biografia intitulada Zé Katimba, antes de tudo um forte, cuja autoria é do professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Luiz Ricardo. E, em março, o sambista paraibano será homenageado em evento que premiará os melhores do Carnaval carioca, ocasião em que os vencedores receberão troféu com o nome do artista, além de busto de bronze a ser instalado em uma das entradas do Espaço Cultural da Feira, localizada no bairro de São Cristóvão e que é reduto tradicional de nordestinos na Cidade Maravilhosa. Katimba acrescentou um detalhe para A União: no outro acesso - só existem dois - já existe a estátua em homenagem ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga.

Zé Katimba também se destaca por outras duas razões. Uma delas é o fato de ser, há cinco décadas, o parceiro mais constante do cantor e compositor Martinho da Vila. “É uma honra para mim. Martinho é genial, maravilhoso”, disse o cantor e compositor paraibano. A outra é ser o único fundador vivo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense. “Eu tenho uma história ímpar no mundo do samba. Antigamente, o preconceito e a discriminação eram grandes, pois tudo que acontecia de errado era atribuído aos nordestinos. Eu fui lutando, lutando e lutando contra isso e não me acomodei por causa desse preconceito e dessa discriminação”, confessou ele.