Por ser uma época de muita irreverência e brincadeiras, o carnaval já é considerado entre muitos uma típica festa brasileira que não pode faltar durante o ano. Devido a isso, ele é o responsável por levar milhares de apreciadores das marchinhas, ritmos momescos e fantasias as ruas. Portanto, para dar continuidade a essa tradição, a cantora paraibana Sandra Belê sobe ao palco do Ateliê Multicultural Elioenai Gomes hoje e faz o lançamento de seu show intitulado “Paetês”, no X Baile de Máscaras. Sendo uma apresentação que marca um novo momento da cantora e enaltece as suas raízes artísticas, Belê ainda recebe durante a apresentação a Dj Kylt, o grupo Raízes Parahyba e Os mulatos com a Orquestra de Frevo para completar a noite de festividades. Tudo isso marcado para ter início às 22h e ingressos por R$ 20.
A festa é uma reunião que celebra o autêntico carnaval de valorização da cultura paraibana, ‘Paetês’ é o primeiro show carnavalsco de Sandra Belê. A partir disso, ela traz, além do tradicional frevo, outros ritmos musicais a exemplo do carimbó, coco, samba e ginga. Suspeita para falar sobre suas raízes nordestinas, a cantora contou que o projeto é uma mistura do que há de mais belo nas raízes musicais e culturais do carnaval do Nordeste.
Apenas para atiçar a curiosidade, um dos destaques da apresentação carnavalesca será o carimbó. Considerado um ritmo paraense muito envolvente e que fez sucesso no show junino “Estampada”, o estilo musical é uma forma de expressão marcada pelo ritmo e pela dança, sendo, também, uma das principais fontes rítmicas da lambada. Outro momento importante do show é o bloco especial de sambas de Jackson do Pandeiro, homenageando os 100 anos do ritmo.
Belê completou dizendo ainda que elaborar um show especialmente para esse período sempre esteve em seus planos. “O repertório foi escolhido minuciosamente, pois ela já traz em si uma identidade nordestina forte que segue firme em “Paetês”. Frevo, carimbó, samba, coco e marchinhas são os ritmos que movimentam o carnaval do Norte e Nordeste brasileiro e que comandam a playlist dos shows”, ressaltou a cantora.
Assim como o repertório, a banda também foi formada especialmente para este show. Comandada pelo maestro e acordeonista Lucas Carvalho, Belê canta acompanhada de trompete, sax, trombone, guitarra, baixo e bateria, todos os instrumentos tocados por músicos experientes e preparados para o pique do carnaval.
Outros destaques da noite
“Quando estou tocando, busco despertar o interesse das pessoas para conhecer e afirmar as suas próprias raízes através da música, oferecendo uma roupagem sonora mais contemporânea e híbrida dentro da nossa identidade cultural que é tão diversificada”, destaca a Dj Kylt, que durante a noite também sobe ao palco e demonstra toda sua pesquisa musical e discotecagem das expressões culturais paraibanas.
Natural da capital, a artista representa com orgulho o Nordeste brasileiro em suas apresentações. Militando no circuito musical desde 2005, Kylt já percorreu diversos horizontes com a música, o que a torna dona de uma engenhosa técnica e primorosa pesquisa musical.
Para quem não conhece seu trabalho, ela costuma talhar um conceito estético, explorando-o e disseminando-o de forma visceral a diversificada. Ou seja, os ritmos brasileiros, latinos e africanos são a base de suas discotecagens, mas que por ventura fazem uma fusão híbrida com as sonoridades eletrônicas.
Também de João Pessoa, o grupo de samba raiz chamado ‘Os Mulatos’ dá continuidade ao baile com suas músicas autorais e algumas interpretações de outros artistas. Nascida da vontade de levar alegria em forma de samba, o grupo teve sua semente germinada quando o produtor musical e vocalista, Juan Ébano, da antiga banda Tikerê e seu irmão, Lindonjonson Alencar, juntamente com os irmãos, Marivan Rodrigues e Marilon Rodrigues, que na época eram integrantes do grupo de samba R4, se encontravam raramente para tocar um bom e velho samba.
Atualmente o grupo é composto por oito integrantes: Juan Ébano (vocalista principal, banjo e percussionista), Lindonjonson Alencar (vocal e surdo), André Lima (vocal e pandeiro), Paulinho Batera (baterista), Carlinhos do Cavaco (cavaquinho), Alex Lima (vocal e violão sete cordas), Mário Rodrigues (bandolim) e João Maria (violão sete cordas)
E por fim, o ‘Grupo Raízes Parahyba’, que atrela ao show de Sandra e demais artistas uma pegada de dança, percussão afro-brasileira e indígena, encerra a noite de performances. Responsáveis por realizar um trabalho de fortalecimento da cultura popular paraibana, o grupo tem em sua essência os ritmos de coco de roda, ciranda, maracatu, samba de roda, ijexá, perré, maculelê, entre outros, que compõem o arcabouço de expressões culturais.
“Temos como expectativa e propósito interagir com o público, levando com muita alegria e satisfação, através da percussão, canto e dança, a conscientização sobre o fortalecimento da cultura negra e indígena nordestina, como medida de intervenção social, colaborando com a diminuição e exclusão do preconceito racial e cultural, todos atuando como agentes multiplicadores da questão cultural nacional, regional e local”, descreveu a dançarina que fará parte da noite de performances, Patrícia Brasileiro.
Surgido no Ateliê Multicultural Elioenai Gomes em setembro de 2009, o grupo foi idealizado pelo artista plástico paraibano, Nai Gomes. Sua formação inicial se deu em torno da produção de um espetáculo para ser apresentado no I Festival de Dança do Theatro Santa Roza. Desde então, o grupo vem construindo sua caminhada com a integração de vários atores culturais. Estes contribuem através de suas manifestações artísticas que se expressam de diferentes formas, tais como a dança, o canto, a religiosidade, o teatro, as artes plásticas, a fotografia, a musicalidade e a poesia.
“O grupo tem uma proposta educativa e de valorização da Cultura Afro-Indígena. Além disso, visa através de eventos, oficinas e exercícios da percussão, canto e dança, estimular o reencontro e entendimento da sociedade com essa modalidade cultural, pontuando com mais enfoque a cultura paraibana e assim permitindo um melhor conhecimento das origens e da valorização das características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem e vivenciam todo o universo da Cultura Afro-indígena, bem como dos elementos da cultura popular”, finalizou Patrícia.