Guilherme Cabral
Um encontro de artistas paraibanos unidos pelos laços de amizade e afeto. É o que o público pode conferir durante o show intitulado Liras, Belezas e Moradas que as cantoras Socorro Lira, Sandra Belê e o também cantor, compositor, ator e cineasta André Morais realizam - em apresentação única e inédita - neste sábado (22), a partir das 21h, na Sala Vladimir Carvalho instalada na Usina Cultural Energisa, localizada em João Pessoa, dentro da programação do projeto Usina da Música. O trio vai estar acompanhado pelo acordeonista Lucas Carvalho e o violonista Pedro Medeiros. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) e a venda, na bilheteria, começa às 19h.
“O título do show reúne os sobrenomes dos três, sendo uma espécie de brincadeira”, revelou para o jornal A União a cantora e instrumentista Sandra Belê, natural da cidade de Zabelê, localizada no Cariri Ocidental. “O show vai ser um misto de música, teatro e poesia”, acrescentou ela, lembrando que a ideia de realizar esse projeto surgiu ainda em 2017. “Eu, Socorro Lira e André Morais nos encontramos há cerca de três meses, em João Pessoa, e Socorro Lira, que mora em São Paulo, sugeriu nos apresentarmos neste momento em que ela veio ao Nordeste para se apresentar, também, em Natal (RN)”, prosseguiu a artista, antecipando que cada um deve cantar cerca de cinco músicas e, em outras ocasiões, se juntarem para performance coletiva.
Ao longo de 19 anos de carreira, Sandra Belê - que também é atriz, apresentadora de rádio e ativista cultural, fundadora e primeira presidente da Associação Cultural de Zabelê (Ascuza) - já lançou três CDs, um EP e participou de diversos projetos musicais de outros artistas. Dentre outras premiações, ela recebeu o Troféu Gonzagão, considerado o “Oscar” da música nordestina, em reconhecimento ao seu talento como cantora. A artista, paralelamente aos projetos que desenvolve na área da música, apresenta o programa de rádio “No Terreiro de Casa com Sandra Belê”, na Rádio Tabajara, e, há oito anos, o programa junino “Arraial Itararé”, na TV Itararé, emissora afiliada da TV Cultura na Paraíba.
“O show é importante porque reúne três artistas que têm laços de amizade e afeto. Já compus com Socorro Lira. Um exemplo é a inédita canção intitulada “Brasa”, que vamos cantar juntos. E também já realizei trabalhos com Sandra Belê. Estou muito feliz por participar desse show, no qual apresentarei músicas dos meus dois CDs, cujos títulos são Bruta Flor, lançado em 2011, e Dilacerado, de 2015, que tem a participação de Elza Soares. Além de cinco canções autorais amorosas, vou declamar poesias do mineiro Carlos Drummond de Andrade, do moçambicano Mia Couto e da portuguesa Florbela Espanca”, confessou para A União André Morais, que nasceu na cidade de João Pessoa, localizada na região Litoral do Estado, e compôs, em parceria com o também paraibano Chico César, a canção denominada “Seio”, que deverá apresentar, nesta noite, dividindo o palco com Sandra Belê. “Espero que venham outros encontros desse”, concluiu o artista.
A cantora, compositora e poetisa Socorro Lira - que está radicada em São Paulo há 13 anos e é natural da cidade de Brejo do Cruz, no Sertão da Paraíba - também está feliz por poder realizar o projeto que ela própria sugeriu aos dois outros amigos. “É ótimo, pois faz tempo que eu não cantava no Estado”, comentou ela para A União. “São artistas de muita grandeza na cena musical paraibana atual. São de uma geração independente, que como eu, também lutam pelo que querem, sem ficar esperando por apoio. Gosto muito dessa pegada e, por isso, os admiro muito e o show será bom pelo reencontro”, disse Socorro, referindo-se a Sandra Belê e André Morais.
A cantora e compositora Socorro Lira antecipou que deve apresentar, no show deste sábado, algumas obras autorais selecionadas dos 10 álbuns que já lançou, a exemplo dos mais recentes, cujos títulos são Amazônia - Entre Águas e Desertos, lançado em 2014, e Singelo Tratado Sobre a Delicadeza, de 2012. A artista se apresentou nessa sexta (21), na cidade de Natal (RN), onde também fez o lançamento do seu segundo livro, denominado A pena secreta da asa (Uka Editorial, 2015), contendo cerca de 104 poesias. A primeira obra nesse mesmo gênero literário é Aquarelar (independente, de 2007). Em 2012, ela ganhou, no Rio de Janeiro, o Prêmio da Música Brasileira de Melhor Cantora (categoria regional). Neste ano de 2017 também foi indicada, o que ocorreu, ainda, em 2016, quando, na ocasião, quem levou foi a paraibana Elba Ramalho. “Perder para a Elba foi uma honra. Um prêmio”, comentou - de maneira bem humorada - para A União a artista, que, antes de retornar para São Paulo, no início do mês de agosto, participará, em sua cidade natal, Brejo do Cruz, de 28 a 30 de julho, do Encontro de Cantadoras e Cantadores de Histórias do Espaço Mata Branca.