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Secult lança 2º edição da Revista Piriah e discute o grafite como arte

publicado: 10/02/2017 00h05, última modificação: 10/02/2017 07h14
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O artista campinense, radicado na Argentina, Thayroni Arruda, é um dos convidados que participam do evento, que acontece em Campina Grande - Foto: Divulgação

tags: revista piriah , grafite , governo da paraíba , campina grande , secretaria da cultura


Guilherme Cabral

‘Entre o Muro e a Galeria - A perspectiva da Arte no século XXI’ é o tema de mais um Seminário da Revista Piriah que a Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba (Secult) realiza, a partir das 19h de hoje, no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), também popularmente conhecido como Museu dos Três Pandeiros, que se localiza na cidade de Campina Grande. Durante o evento, será apresentado ao público o segundo número da publicação, já oficialmente lançado no formato on-line, cuja versão impressa está prevista para o próximo mês de março. E, ainda na oportunidade, na roda de diálogo, os participantes poderão debater, com os próprios autores, matérias contidas na edição. 

“Quando lançamos a Piriah Revista de Arte e Cultura - evento que ocorreu no mês de maio de 2016, no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa -, vimos que era importante haver outras ações e este Seminário é um desdobramento dessa publicação, que é uma ação do Governo da Paraíba. A Piriah também é importante porque, além da edição estar disponibilizada on line e impressa, provoca reflexão sobre o seu conteúdo e de outros temas da área cultural”, ressaltou, para o jornal A União, o gerente executivo de Promoção Cultural da Secult, Milton Dornellas.

A propósito, o Seminário que acontece hoje, em Campina Grande, é o segundo da série em torno da Piriah, palavra que, no dialeto cigano, significa “caminhar”. O primeiro ocorreu em janeiro, em João Pessoa, com a participação da premiada escritora paulista - radicada na capital paraibana - Maria Valéria Rezende. O gestor Milton Dornellas antecipou que outros 10 eventos do gênero - o próximo, por exemplo, será na cidade de Sapé, onde se enfocará o Memorial Augusto dos Anjos e a importância da figura e da obra do poeta do Eu, título de seu único livro - serão promovidos a cada mês, nas regiões culturais do Estado. Ele ainda fez questão de destacar a parceria que a Secult mantém com a Superintendência de A União, que imprime os volumes da revista, cujo idealizador é o secretário de Estado da Cultura da Paraíba, poeta Lau Siqueira.

Durante a roda de diálogo que se realiza hoje, no MAPP, em Campina Grande, o tema a ser tratado é o da relação do grafite frente à vida urbana e o cotidiano social. Para tanto, um dos participantes é o artista urbano campinense - mas que reside em Buenos Aires, na Argentina - Thayroni Arruda, doutorando em Antropologia Social e que, neste cenário de fortalecimento dos direitos culturais, debaterá sobre como o grafite passa a fazer parte da paisagem das cidades. Os outros convidados são Alex Araújo e o artista visual e grafiteiro Shiko.

A propósito, Thayroni Arruda destaca-se na produção e sobreposição de materiais reaproveitados e o graffiti, com os quais cria um equilíbrio entre a matéria bruta e traços detalhadamente pintados, ingênuos, de seus personagens. O primeiro contato desse artista com a cultura “urbana” ocorreu ainda na infância, quando morava na cidade do Recife. E, ao regressar a terra natal, pôde cursar Ciências Sociais na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e tornar-se um dos pioneiros da street-art na cidade.

O que é considerado como mais importante, nessa roda de diálogo a se realizar no MAPP, é discutir uma identidade acerca do grafite. E, ainda dentro desse tema, outros aspectos vão estar sendo discorridos, a exemplo do problema da repressão e suas consequências na atual sociedade. Existe, inclusive, o senso comum de que já não mais se discute que grafite não é arte, pois essa manifestação ocupa, atualmente, uma legitimidade institucional, cultural e artística, ao ponto de ter alcançado o patamar de arte contemporânea, embora, de forma paradoxal, também pode ser concebido de maneira anônima, espontânea e marginal. Por isso, diante do complexo sistema de comunicação, que mescla escrita e pintura, o grafite passa pela tutela da manifestação artística enquanto valor cotidiano da cidade e é possível ser considerado patrimônio cultural, além de possuir um caráter pedagógico, pois propicia a integração de pessoas em risco social e estimula a formação de novos artistas.