Primeira série infantil paraibana a integrar os catálogos de streaming, Davissauro mistura animação e live action para abordar situações do cotidiano infantil, com narrativas pensadas para o público de zero a seis anos. Produzida pela Cabradabra Filmes, e em coprodução com a Electra Filmes, a série estreia hoje nas plataformas Claro TV+, Vivo Play, Looke e em canais do Looke integrados a Claro TV+, Vivo Play e Amazon Prime Video.
Sobrevivente do desmonte político infligido à cultura durante o Governo Bolsonaro, o projeto nasceu em 2018, a partir de um edital federal voltado a narrativas para a infância, em demanda inicial para crianças de zero a dois anos. Segundo a produtora-executiva Thalita Sales, a proposta (que conta com 13 episódios de sete minutos cada um) depois buscou ampliar a faixa etária do público-alvo. “O que a gente estava querendo construir poderia se expandir para crianças de até seis anos de idade”, explica.
Davissauro alude ao Iguanodonte, associado aos sítios paleontológicos do Sertão da Paraíba, mas também vem de Davi, que é irmão da diretora e roteirista Tais Pascoal e que, à época do surgimento do projeto, era ainda uma criança, motivando a criação do animado dino de pelúcia. A protagonista Maya (interpretada por Maitê Falcão) enfrenta as mesmas questões que Tais viveu com o irmão caçula, como a divisão dos brinquedos ou a resistência em ir à escola ou pegar no sono.
Entregando lições ao fim de cada capítulo, canções originais reforçam a chamada moral da história, recurso pensado para associar aprendizado e ludicidade. “Todas as músicas foram produzidas por artistas e compositores locais”, destaca Thalita a respeito da produção musical, assinada por Daniel Jesse e Rieg.
Aliás, absolutamente tudo da série foi feito na Paraíba. O estúdio responsável pela animação (Mold Studios) é também paraibano, assim como a equipe de design e, embora dotada de enredo universal, a produção preserva sotaque, expressões, formas de vestir e referências culturais regionais.
Davissauro contou com recursos públicos e teve como diferencial a bonificação por ser uma produção paraibana e conduzida majoritariamente por mulheres. “A direção, a roteirista e a produção eram todas mulheres. Esse enfoque também foi importante para o projeto”, ressalta a produtora.
O grupo responsável pela série se formou no curso de Cinema da UFPB e já havia participado de produções locais, mas essa foi a primeira iniciativa seriada desenvolvida pela produtora. As filmagens da série ocorreram em 2022, após adiamento causado pela pandemia.
“A pós-produção, que envolveu criação de animações e trilhas sonoras, prolongou o cronograma. Foi um processo longo, porque demanda muito tempo para fazer as animações e as músicas. Por isso, o lançamento acontece somente agora”, justifica Thalita.
Atualmente, a equipe trabalha no primeiro longa-metragem, contemplado em edital da Lei Paulo Gustavo de 2023, com investimentos da Funjope e do Governo Federal.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de agosto de 2025.