Uma apoteose da música paraibana. Assim pode ser definido o 6º Festival de Música da Paraíba, cujas eliminatórias aconteceram no último final de semana (dias 26 e 27), em Cajazeiras, no Alto Sertão do estado. Este ano, o homenageado do evento foi o artista cajazeirense Zé do Norte (1908-1979), autor da célebre ‘Mulher Rendeira’. A etapa inicial do Festival reuniu um bom público na quadra do “Xamegão”, no Centro da cidade, onde foram apresentadas as 30 composições classificadas para as duas eliminatórias. Cada noite classificou sete músicas para a grande finalíssima (confira todas as selecionadas no box abaixo), que acontecerá no próximo sábado (dia 3), a partir das 20h, na Praça do Povo do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa. O show de encerramento será protagonizado por dois “Zés” – Zé Katimba e Zé Inácio.
Antes da grande final, o público poderá escolher a Melhor Canção através do voto popular, que já está aberto no site oficial da Rádio Tabajara (radiotabajara.pb.gov.br/festivaldemusica). Além do voto, o internauta também poderá ouvir todas as 14 músicas que foram classificadas. A canção escolhida pela votação online vai levar o montante de R$ 5 mil. Ao todo, os prêmios somam R$ 30 mil, que vão consagrar os novos intérpretes e compositores paraibanos. Além do Voto Popular, serão escolhidas as três primeiras colocações pelo Júri Oficial, bem como a Melhor Interpretação da edição.
A presidente da Funesc, Bia Cagliani, destacou a importância da realização do Festival de Música da Paraíba, não só na revelação de novos talentos, mas também na consolidação desse evento promovido pelo Governo do Estado. Ela também fez questão de valorizar a parceria com EPC e outros órgãos do governo, além do apoio da Secretaria de Cultura e Turismo de Cajazeiras nas eliminatórias. Já o secretário municipal de Cultura e Turismo, Ubiratan di Assis, reforçou a importância das duas eliminatórias em Cajazeiras, “berço” de Zé do Norte.
Nas duas noites do evento, o festival contou com a apresentação dos jornalistas Jãmarri Nogueira e Amanda Falcão, que informaram e divertiram o público, com referências ao município de Cajazeiras e detalhes sobre as músicas e os artistas que se apresentavam no palco.
Comandada pelo diretor musical e arranjador Sérgio Gallo, a banda-base do palco foi um espetáculo à parte, com homenagem a Glauco Andreza, contando com as participações de grandes músicos da Paraíba, como Teinha, Emanoel Barros, Azeitona e Gilson Machado, entre outros. O Júri Oficial dessa etapa – integrado por Jessica Caetano (PE), Tofou (SP) e Lucy Braga (RN) – procurou valorizar a diversidade musical da Paraíba, classificando canções em vários estilos. As duas noites contaram, ainda, com shows especiais de Nathalia Bellar e Os Fulano com Bella Raiane, respectivamente.
Segundo informações da EPC, o projeto, quase raro no cenário brasileiro atual, resgata os princípios dos grandes festivais, que movimentaram a cena musical brasileira em décadas de ouro da produção musical nacional, na qual foram lançados grandes nomes da Música Popular Brasileira.
Promovido pelo Governo do Estado, por meio da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) e Secretaria Institucional de Comunicação (Secom), o Festival tem apoio da Companhia de Processamento de Dados do Estado da Paraíba (Codata), PBGás e Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba (Secult-PB).
No Olimpo do cancioneiro
A cada ano de sua realização, o Festival homenageia um grande artista da Paraíba. Nos anos anteriores foram homenageados Zabé da Loca, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Genival Macedo, Marinês.
Este ano, o grande homenageado é Zé do Norte, artista natural de Cajazeiras. Nascido Alfredo Ricardo do Nascimento, Zé do Norte teve uma infância muito pobre. Trabalhou na enxada, apanhou algodão, conduziu tropas de burro, gostava de cantar desde a infância, mas sem imaginar que isso pudesse ser meio de vida. Em 1921, foi para Fortaleza e alistou-se no Exército, indo servir no Rio de Janeiro. Convidado, atuou em programa de rádio, obtendo grande sucesso com uma embolada de sua autoria. Acabou sendo levado para a Rádio Tupi, onde cantou adotando o pseudônimo de Zé do Norte, em 1940. Suas músicas foram interpretadas por uma gama variada de artistas, incluindo Raul Seixas, Caetano Veloso, Geraldo Azevedo, Socorro Lira e Joan Baez.
Pelas mãos da escritora cearense Rachel de Queiroz, Zé do Norte foi indicado para a equipe da produção de O Cangaceiro (1953), filme dirigido pelo paulista Lima Barreto, como consultor de prosódia sertaneja. Terminou sendo o “autor” da trilha sonora, que incluiu o clássico ‘Mulher Rendeira’. O sucesso da produção em Cannes, na França, elevou Zé do Norte ao Olimpo do cancioneiro popular nacional.
CONHEÇA AS MÚSICAS SELECIONADAS PARA A GRANDE FINAL DO FESTIVAL
- ‘Erê’ - Cida Ramos;
- ‘Terra de mlk doido’ - Iago d’Jampa;
- ‘Conto de fadas’ - MC Negrão, MC Salah e DJ Adriano;
- ‘Akaju do norte’ - Clara Potyguara;
- ‘Lampejo’ - Carol Benigno;
- ‘Guardar e aguardar’ - Lívio Brandão e Tárcio Teixeira;
- ‘Sabedoria’ - Yuri Gonzaga, Jiddu Bastos e Allmedinha;
- ‘No mei do meu Tiktok’ - Willames Diniz, Pedro Haul e Gitana Pimentel;
- ‘Coco pro caboco’ - Beto Tavares e Jefferson dos Santos;
- ‘Homem branco’ - João Carlos Jr.;
- ‘Dona Maria’ - Bianca Costa;
- ‘Mas você não Veio’ - Presto do Coco e Filosofino;
- ‘Roda-vida gigante’ - Lucas Gaião;
- ‘A mascarada’ - Severo Ramos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 30 de maio de 2023.