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Som à deriva com influência dos ritmos folk, rock e MPB

publicado: 02/03/2018 20h05, última modificação: 02/03/2018 20h39
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Flotilha em Alta-Terra é atração do Música do Mundo, com participação das violoncelistas Mayra e Mayara - Foto: Divulgação

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Jamarrí Nogueira

O poeta Lúcio Lins, se vivo fosse, seria fã da Flotilha em Alta-Terra. O "poeta do mar" se identificaria com as temáticas e sonoridades da banda, que se apresenta neste sábado (3), na Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc), em João Pessoa, dentro da programação do Projeto Música do Mundo (que homenageia o mês das mulheres). Sonoridade à deriva, com forte influência do folk, rock, MPB e literatura. Som à deriva, em saudações aos mares e às mulheres...

O show da Flotilha será na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, na Funesc, a partir das 21h. O ingresso custa R$ 10,00 (inteiro) e R$ 5,00 (meia-entrada). A bilheteria abre com uma hora de antecedência. Dam Barbo, uma das vozes da banda, destaca que o show contará com especiais arranjos de cordas para quatro músicas e outros "arranjos de encaixe" para as demais canções do repertório que será apresentado.

‘Kaé’, ‘Solos de garça’ e ‘Flotilhas’ são canções que terão acompanhamento especial das gêmeas Mayra e Mayara (duas violoncelistas que nada têm com a dupla "sertaneja" Maiara e Maraísa). “Uma honra muito grande para a banda tocar numa sala onde já passaram músicos nacionais e internacionais”, disse Barbo. Ele disse que era pretensão da Flotilha colocar instrumentos de sopro, mas não houve tempo. “Seriam duas instrumentistas do Tanto Canto [grupo que faz parte de um coletivo feminista]”, explicou Barbo. E contou uma das surpresas da noite: “Arlinda Aquino [baterista e percussionista da banda] vai cantar uma música que teve um rearranjo: 'Ilhota'”.

Barbo conta que Arlinda “não gosta de colocar muito a cara”. Tímida, ela opta sempre por não falar nas entrevistas e se “esconde” atrás da bateria. A interpretação de ‘Ilhota’ por Arlinda, ainda conforme Barbo, será uma das homenagens às mulheres (uma vez que esta edição do Música do Mundo homenageia o mês das mulheres). Arlinda assume a timidez e confirma que prefere atuar com a performance típica dos gatos pardos. Sobre ser a "voz da consciência" da banda, ela brinca: “Eles me escutam sim. Alguém tem que botar ordem”. Arlinda – em parceria com a fotógrafa Fabi Veloso – é responsável pela produção audiovisual da banda. E por falar em audiovisual, ela informou que ‘Ancorador’ ganhará clipe, a ser lançado ainda neste semestre.

Relações amorosas, desilusões, encontros, desencontros e cotidiano são temáticas constantes no repertório marítimo da Flotilha. A banda é composta por Dam Barbosa, o Barbo (voz, guitarra, violão e ukulelê), Everton Silva, o Tino (voz, guitarra, violão e gaita), Arlinda Aquino (backing vocal, bateria, cajon e efeitos), Jair Benites (backing vocal, teclado e escaleta) e Rhafael Cainã (backing vocal, baixo e violão). A banda também terá acompanhamento dos músicos Filipe Johnne e Uaná Barreto.

Gravação à beira-mar

No último fim de semana deste mês, os integrantes da banda Flotilha em Alta-Terra farão um "retiro" para acelerar o processo de produção do próximo registro fonográfico. Conforme Barbo, todos irão para uma casa à beira-mar, na cidade de Lucena, no Litoral Norte da Paraíba. “Lá, por três dias, vamos compor, arranjar e gravar as músicas”, disse ele. Também este mês, a banda vai disponibilizar o single da canção ‘Ancorador’ em todas as plataformas digitais. Será um "aperitivo", de acordo com Barbo, para que os fãs da banda possam fazer ideia do que vem por aí... Ainda sobre o CD, Barbo explicou que a gravação à beira-mar será apenas de parte do disco. “Vozes e percussão serão gravadas em estúdio”, falou ele. A gravação também marca o aniversário de dois anos da banda.

Em 2016, a Flotilha em Alta-Terra lançou o EP ‘Live Session’ com seis faixas, sendo uma delas, 'Saldo', produção do músico catarinense François Muleka. O disco também teve ‘Entre laços’, ‘Kaé’, ‘Me acreditar’, ‘Sem valer a pena’ e ‘Aqueles que caminham pelo vento’. Faixas conta com Barbo (voz, guitarra, violão eukulelê), Tino (voz, guitarra, violão e gaita), Arlinda Aquino (backing, cajon e efeitos) e Jair Benites (backing, teclado e escaleta). Entre as influências musicais do grupo estão bandas e artistas como Cícero, Phil Veras, Vieira e Los Hermanos. Letras são poemas. Interpretações são intimistas e cheias de sentimento. A banda Flotilha em Alta-Terra tem delicadeza adolescente e talento de gente grande. É música para se ouvir agarradinho (nem que seja com o próprio pensamento).

Gêmeas do violoncelo

Quem acompanha a cena cultural paraibana já deve ter ouvido falar das "gêmeas do violoncelo". Elas são Mayra e Mayara Ferreira, dedicadas à prática do instrumento e ao ensino da música. A dupla acompanhará – em participação especial – o show da banda Flotilha em Alta-Terra. Mayra é mestranda em Etnomusicologia, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Na mesma instituição, Mayara é mestranda em Educação Musical. Caminham juntas. Tocam juntas. Tanto que estão montando um show da dupla voltado para o protagonismo dos violoncelos. Série de apresentações deverá ser iniciada ainda este ano.

“Será um show performático”, disse Mayra, explicando que ela e a irmã não são dedicadas apenas à música. “Faço teatro. Ela faz dança. E queremos colocar isso no palco”, complementou. Mayra integrou o elenco da peça ‘Memórias de um cão’ – montagem do grupo Alfenim (que teve também em cena nada menos que a diva Zezita Matos). Mayara dá aulas na Escola Especial de Música Juarez Johnson (que integra a Escola de Música Anthenor Navarro, em João Pessoa). Ela comentou que os ensaios com a banda Flotilha em Alta-Terra têm sido legais e que há o convite para que elas participem da gravação do próximo CD do grupo. “Eles são comprometidos”, avaliou ela.

Levando em conta a proximidade do 'Dia Internacional da Mulher' (8 de março), Mayara também comentou sobre o machismo que impera na cena musical, inclusive na música clássica. “Os homens predominam como compositores e também em determinados instrumentos. Também em regência! Falta mulher encabeçando grandes projeto e orquestras”, finalizou ela. Semana que vem, as gêmeas estarão em Recife (PE), onde participarão do evento ‘Arte Mulher’. Elas tocarão o frevo ‘Ninho de vespas’, de Dori Caymmi. Música será apresentação de dança da performática Maria Flor.

Música do Mundo

O projeto é uma ação promovida pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) que tem como objetivo a valorização dos artistas e da música contemporânea. A cada edição, artistas brasileiros e de outros países ocupam o palco da Sala de Concertos. O lançamento aconteceu em agosto de 2015. Uma das características do projeto é o preço popular do ingresso, de forma a permitir ao público acesso às atrações de qualidade internacional.