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Suplemento literário Correio das Artes circula neste domingo

publicado: 29/12/2017 18h05, última modificação: 29/12/2017 18h16
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Milton Marques Jr. comenta a nova tradução de ‘As metamorfoses’, de Ovídio, para a língua portuguesa - Foto: Divulgação

tags: correio das artes , literatura , cinema , poesia , poemas , as metamorfoses , olídio


O poema narrativo 'As metamorfoses', de Ovídio, uma das mais belas páginas da literatura latina, acaba de ganhar nova tradução, no Brasil. O projeto da recente versão é de Zilma Gesser Nunes e Mauri Furlan, ambos professores-doutores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), responsável pela edição da obra. Os professores Milton Marques Júnior e Juvino Alves Maia Júnior, ambos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), participaram da equipe de 16 tradutores da magni operis de Ovídio. Milton no Livro VIII e Juvino, no Livro II. Um trabalho hercúleo, dada as dificuldades de verter o verso latino para o português.

De acordo com Milton, 'As metamorfoses' constituem-se de 15 livros, que correspondem ao que se chama de cantos, igual a como se definem os capítulos na 'Ilíada' e na 'Odisseia', de Homero, num total de 11.996 versos hexâmetros. O menor é o Livro XII, com 628 versos. O maior é o Livro XIII, com 968 versos. Na entrevista-reportagem assinada por Linaldo Guedes, Milton explica a importância do poema ovidiano e de que maneira os problemas de tradução foram contornados. Isto porque, segundo o professor, “a metrificação latina, que provém da grega, é diferente da metrificação em língua portuguesa”.

Milton dá uma verdadeira aula sobre a estrutura do verso latino, representado aqui pelo poema de Ovídio, e confessa que nem sempre o tradutor sagra-se completo vencedor, na peleja da tradução. Cita Umberto Eco, para quem “tradução é quase a mesma coisa”. Para Milton, o problema reside exatamente neste “quase”.

Colunistas

Já em sua coluna - 'Scholia' -, Milton Marques Júnior identifica alguns ensinamentos da 'Poética', do filósofo grego Aristóteles, no romance 'A bagaceira', de José Américo de Almeida. O escritor e político paraibano também é tema da coluna do professor Hildeberto Barbosa Filho - 'Convivência Crítica' -, que, desta feita, destaca a destreza ensaística do autor de 'A Paraíba e seus problemas'. Já o professor Expedito Ferraz Júnior - em 'Entre os Livros' - dá “alguns palpites sobre gosto e censura no caldeirão anacrônico do Brasil de hoje”.

Personalidade

O poeta, crítico, ensaísta, professor e acadêmico Antônio Carlos Secchin, em depoimento ao 'Correio das Artes', por intermédio do colega Sérgio de Castro Pinto, exercita uma instigante definição de poesia e do ofício do poeta. Este, segundo Secchin, é “um operário da linguagem, um experimentador de formas, cuja eficácia é posta à prova a cada verso ou estrofe que acaba de erguer”. Já a poesia “é o lugar onde tudo pode ser dito. Mas não vale o escrito, se ele não se submeter ao imperativo da forma”.

Livros

Sérgio de Castro Pinto comenta 'Para tocar tuas mãos – Chronesis', de William Costa. Gil Messias resenha a vida é um escândalo, de Affonso Romano Sant’Anna. Jerony Cavalcanti contextualiza, histórica e literariamente, 'Memórias da casa dos mortos', de Dostoievski. José Mário da Silva faz uma “apreciação diagonal” de 'A pequena voz interior & Outros comícios do vento', de Luís Augusto Cassas. Bruno Gaudêncio aponta “grandezas e misérias” de Belchior: 'Apenas um rapaz latino-americano', de Jotabê Medeiros. E Ronaldo Cagiano analisa 'Miss Tattoo – Uma quase novela', de Luiz Roberto Guedes.

Conto, Crônica & Poesia

O conto marca presença nesta edição com 'Amor de mãe é para sempre', de Luiz Roberto Guedes, ilustrado pelo artista Tônio. Acilino Madeira Neto assina a apresentação do escritor piauiense (como ele) Rogério Newton, autor, entre outras publicações, de 'Pescadores da tribo' (crônicas) e 'No coração da noite estrelada' (romance). Rogério, por sua vez, assina a crônica 'República da Solidão'. Na seção de Poesia, o poeta Bruno Falcão estreia no suplemento com sete poemas inéditos, ilustrados pelo artista Domingos Sávio.

Cinema

Ana Adelaide Peixoto comenta o filme 'O cidadão ilustre', novo longa-metragem dirigido pela dupla Mariano Cohn e Gastón Duprat ('O homem ao lado'). O filme foi exibido no Festival de Veneza 2016, onde saiu com o prêmio de Melhor Ator. Segundo Adelaide, 'O cidadão ilustre' “é, ao mesmo tempo, incômodo, instigante e universal”. Uma outra questão no filme, e, para ela, o enredo maior, mas que também se entrelaça com os tantos questionamentos literários que o filme faz, “é a questão do exílio voluntário e do pertencimento”.