Lucas Silva - Especial para A União
Fibras naturais do sisal traçados a sustentabilidade fazem ponte entre o artesanato paraibano e o público da capital com a exposição “Fibras Naturais: etnobiologia e sustentabilidade”. Aberta oficialmente hoje, às 10h, na Galeria de Pesquisa e Documentação da Cultura Popular (NUPPO), na UFPB, a exposição trás peças da artesã Isis Galvão, que trabalha com a técnica do macramê e tecelagem na composição de suas peças. A exposição fica em cartaz até o fim do mês, podendo ser vista das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira. A entrada é franca.
“Divulgar esse trabalho é muito importante, porque eu necessito unicamente dos dedos para traduzir meus sentimentos. Por ser um vegetal que não precisa de água, ele se adapta bem na Paraíba e vem dando oportunidade as pessoas para se expressarem, independente de conhecimento, apresentando seus produtos ao público”, contou em entrevista ao jornal A União a artesã, Isis Galvão.
Quem comparecer a galeria do NUPPO verá que as peças expostas são feitas a mão, cujos fios vão se cruzando e ficam presos por nós, formando muitas vezes cruzamentos geométricos, franjas e uma infinidade de formas decorativas. Além de trabalhos de Isis Galvão, a exposição têm trabalhos desenvolvidos por mulheres da Associação Santo Dias, da comunidade do S, no bairro do Roger, formando o grupo Sisal Artístico do Mangue (SISARMA).
“Embora seja professor de bioquímica, venho trabalhando com artes visuais de um tempo pra cá, em especial com fibras naturais e sisal, ligado a cultural popular. Logo após essa exposição pretendo dar continuidade ao projeto, mas para isso será preciso lançar um novo edital de seleção e ver quais artistas se interessam pela proposta”, disse o coordenador do projeto, Pedro Roberto Pontes Santos.
Para se ter uma ideia, as peças que compõe o NUPPO têm tamanhos variados, por exemplo, existem pequenos objetos, que são decorativos, mas também existem móveis suspensos que fazem com que o espaço expositivo tenha uma dinâmica proposital arquitetada pela própria artesã.
A artesã contou que trabalha com algumas linhas de pensamento, mas todas voltadas para a natureza. “Quero na verdade expressar meus valores e o que acredito através da técnica do macramê”, completou.
Ainda durante a entrevista, Galvão revelou que atualmente está trabalhando em cima de temas para fazer peças que conversem entre si. “Todas as peças são desenvolvidas pelos sentimentos, situações e o que vivencio por meio de fios e fibras”, finalizou.
Indo mais além, a sisalana é cultivado em regiões semiáridas. No Brasil, os principais produtores são os estados da Paraíba e da Bahia, neste último, especialmente na região sisaleira, onde está localizado o maior polo produtor e industrial de sisal do mundo, as cidades de Valente, Queimadas, Santaluz, Retirolândia, São Domingos e Conceição do Coité.
Natural de João Pessoa, A artesã Isis Galvão atua na área da arte/ambientação e iniciou sua experiência artística na infância e, desde então, vem desenvolvendo projetos e disseminando expressões diversas, com a construção de ambientes favoráveis para o desenvolvimento de novos artistas.
Em duas décadas, Isis Galvão projetou, executou e participou de exposições e eventos na Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Branco, Cobija, na Bolívia e Madre de Dios, no Peru. Nesse período, fixou residência no Rio de Janeiro e Rio Branco, onde montou ateliê e loja, formou associações e assumiu a presidência de duas delas.