Linaldo Guedes
Considerada a cidade que ensinou a Paraíba a ler, por conta da revolução educacional comandada pelo padre Inácio de Sousa Rolim, Cajazeiras pode, também, ser considerada vanguarda no teatro, nas artes cênicas de uma forma geral. Não é à toa que o principal teatro da cidade leva o nome de Íracles Pires, artista com grande atuação nos movimentos culturais do Sertão até meados dos anos 1970. O teatro que leva seu nome ganhou uma reforma nunca antes vista em sua história e o governador Ricardo Coutinho (PSB) fará a entrega dessa nova estrutura, que teve investimento superior a R$ 5 milhões. Familiares da teatróloga Íracles Pires participarão da solenidade, que acontecerá nesta quinta-feira (8).
A reforma no ICA tornou o espaço mais confortável e moderno. Antes, o teatro contava com 174 lugares. Agora, oferece 240 lugares na plateia e duas salas vips com 19 lugares cada uma. O total é de 278 lugares. O palco tem 15 metros de largura e 8,5 metros de comprimento. Já a boca de cena, 1 metro de comprimento e 9,8 metros de largura. Equipamentos de som e iluminação foram adquiridos para o novo teatro. O valor do contrato de conclusão da reforma e serviço de cenotecnia e sonorização do Íracles Pires foi de R$ 2.299.265,34. Na etapa anterior, o valor do primeiro contrato foi de R$ 2.705.744,64.
Diversas atrações da própria região estão incluídas na programação de abertura do teatro, que começa às 19h. Entre elas, apresentação de palhaços do grupo La Confusion e a peça teatral ‘Trinca, mas não quebra’, de Eliézer Rolim, com direção de Francisco Hernandez. A peça conta no elenco com Beethoven Dantas, Aguinaldo Cardoso, Rivelino Martins, Karla Cristiane, Orlando Maia, Edna Caboclinha, Rosângela Alves e Fernando Inácio, Fabrícia Rolim, Flávia Rafaela e Wanderley Figueiredo. Haverá, ainda, apresentação de jovens estudantes do Programa de Inclusão Através da Música e das Artes (Prima) do polo de Cajazeiras. A programação ainda inclui show do Quarteto Prima.
Nézia Gomes, presidente da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (responsável pelo teatro), afirma que a reforma representa uma grande conquista para a cena cultural sertaneja e também para a população da região. Para Osvaldo Moésia, diretor do ICA, o teatro é um dos maiores do interior do Nordeste. “Não deixa a desejar a nenhum teatro do interior nem da capital. É um teatro de ponta mesmo”, observou ele.
Casa de espetáculos é referência no estado
A programação de abertura do ICA também terá a oficina ‘Iniciação à Iluminação’, com Eloy Pessoa, no dia 8. As aulas serão das 9h às 12h e das 14h às 17h. Já na sexta-feira, às 19h, haverá o espetáculo de dança ‘Oriara – Segredo das Flores’ (Companhia Marcelo Fiúza). Encerrando a programação de abertura, no dia 10 de março, será a vez do espetáculo ‘Oh terrinha boa’, do grupo Arco-Íris, que será encenado a partir das 19h. A comédia é sobre uma família de retirantes nordestinos em uma aventura rumo a São Paulo.
A reforma do teatro não estará fora da comemoração do 'Dia do Circo' e do 'Dia do Teatro', dias 24 e 25 de março. A programação será realizada pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba, em diversos municípios. Cajazeiras receberá o espetáculo teatral ‘Razão para ficar’, no dia 24. No dia seguinte, também no ICA, está prevista a apresentação de um espetáculo circense.
'As Rosarianas' (de Campina Grande) serão a atração do dia 25 de março. No palco, Joana Marques (Lamparina), Claudete Reis (Salomé a Cacheada) e Emilia France (Therabyte) são três mulheres palhaças em busca de casamento, num espetáculo bastante interativo. A partir do dia 12 de março, haverá a abertura de pautas para ocupação do teatro. Conforme Nézia Gomes, os valores variam de R$ 184,40 a R$ 480,00.
Sobre o Teatro e sobre ICA
O ICA, como é conhecido o Teatro Íracles Pires, é gerido pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc). O espaço comemorou 33 anos de fundação no mês passado. Antes dele, a cidade não dispunha de um local adequado à prática de artes cênicas. A unidade cultural leva o nome da teatróloga Íracles Pires Ferreira. Dona Ica faleceu no dia 9 de março de 1979 em um acidente automobilístico na cidade de Jequié (BA). Por muitos anos, Íracles Pires manteve programa de rádio de grande audiência na cidade. Viveu a maior parte de sua adolescência no Rio de Janeiro, onde se entrosou com figuras do meio artístico e cultural.
Depois de se casar com o médico Waldemar Pires Ferreira, Íracles foi residir na cidade de Cajazeiras. Da união nasceram a arquiteta Jeanne Brocos Pires e o engenheiro Saulo Péricles (Pepé). Ica, depois de casada, voltou ao Rio para fazer o curso de teatro na Faculdade de Belas Artes. Entre as peças que montou figuram 'Auto da Compadecida', 'Afilhada de Nossa Senhora da Conceição' e 'Fui eu… Mas não espalhe'.