Guilherme Cabral
A Paraíba está com o seu tradicional e histórico teatro - que é uma referência para os artistas - de volta à cena, após cerca de três anos e seis meses de reformas, num investimento na ordem de R$ 4,5 milhões. As cortinas se reabrem. Depois da inauguração daquelas obras pelo governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), em solenidade realizada no dia 22 de dezembro do ano passado, que deixaram o espaço renovado, tinindo de novo, o Santa Roza, situado no centro da cidade de João Pessoa, já vem atendendo os interessados em marcar pauta para até 30 de junho. Para isso, se faz necessário, ao menos por enquanto, comparecer presencialmente ao local, de segunda a sexta-feira, no período das 8h às 12h e das 14h às 18h. No entanto, já tem atividade no palco neste domingo (5): o espetáculo intitulado "Flash Back – Um passeio pela obra Papa-Rabo", que a Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) apresenta ao público a partir das 20h, e é encenado por atores concluintes do Curso de Teatro da Funesc. Os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
Dirigida por Humberto Lopes, a montagem de "Flash Back – Um passeio pela obra Papa-Rabo" procura não desenvolver um espetáculo seguindo a dramaturgia, mas parte de uma elaboração meio meta-teatro, na busca das possibilidades de representação de cada ator. A propósito, a obra intitulada Papa-Rabo, que serviu de inspiração inicial, é a adaptação de W. J. Solha para o romance Fogo Morto, de José Lins do Rego, apresentada pelo grupo Bigorna, na década de 1980, então sob a direção de Fernando Teixeira, para inaugurar o Teatro Paulo Pontes, instalado no Espaço Cultural, em João Pessoa, que se transformou em marco de grande significado para as Artes Cênicas da Paraíba.
Adriana Pio fala das perspectivas
“A reabertura do Santa Roza é um sonho realizado, que vai movimentar a cena cultural do Estado”, garantiu para o jornal A União a diretora do teatro, Adriana Pio. Ela lembrou que, antes mesmo desse retorno, a demanda de artistas e grupos locais interessados em utilizar o espaço já vinha sendo grande, pois todos estavam na expectativa. Já em âmbito nacional, ainda não se registrou a procura. “Acho que vai ter”, comentou a gestora, formada em Sociologia, que é produtora cultural, mineira da cidade de Jequitinhonha e está radicada na Paraíba - Estado pelo qual declarou ser uma “apaixonada” - há seis anos.
Adriana Pio lembrou que as atividades no Teatro Santa Roza foram retomadas, em caráter experimental, no dia 14 de janeiro, com o espetáculo intitulado Zé Lins – O pássaro Poeta, montagem infantojuvenil do grupo paraibano Engenho Imaginário que é inspirada no livro O Menino que Virou Escritor, da escritora Ana Maria Machado, com livre adaptação e direção de Valeska Picado. Depois, durante aquele mesmo mês, foram apresentadas as peças Os Saltimbancos atrapalhados (Saltimbancos), O último Édipo (Grupo de Teatro Lavoura) e Maria das Águas, solo do Curso de Teatro da Funesc.
Depois das atrizes Zezita Matos e Fabíola Morais, Adriana Pio é a terceira mulher a dirigir o Santa Roza. “Me sinto lisonjeada”, confessou ela, ainda, para A União. A propósito, durante a inauguração, no último mês de dezembro, a gestora declarou o seguinte: “Ver este teatro reformado é uma emoção que se renova, porque trabalho há muitos anos com cultura e sei que esse local é uma obra-prima do País, em termos de patrimônio material. É muito gratificante fazer parte da renovação do Santa Roza, que foi palco para muitos artistas locais e nacionais. Hoje este espaço está reiniciando o processo de atividades artísticas oferecendo a melhor estrutura ao público”.
Além de já estar abrindo suas portas para a apresentação de espetáculos, o Teatro Santa Roza também matriculou alunos para o primeiro semestre de aulas na sua Escola de Dança. As modalidades disponíveis para o período 2017.1, que começará nesta segunda-feira (6), são as seguintes: balé clássico (iniciante, intermediário e avançado), danças contemporânea (iniciantes) e do ventre.
O teatro agora oferece qualidade e comodidade ao público”, garantiu Adriana Pio, referindo-se ao Santa Roza, que possui 427 assentos, foi originalmente inaugurado em 3 de novembro de 1889 e é um local tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba. Na ocasião da entrega das reformas, no último mês de dezembro, o governador Ricardo Coutinho destacou: “Essa é a principal casa de cultura do Estado e estou muito feliz em reinaugurar essa obra que faz parte da história da Paraíba. Este teatro tem 127 anos, sendo o quinto mais antigo do País e palco de momentos importantes para o nosso Estado. O nosso Governo é o quinto que faz investimentos nesse teatro e essa inauguração traz um sentimento diferente porque lembro que, por este espaço, passaram muitos artistas e espetáculos e isso traz boas lembranças. Fizemos uma grande reforma no Santa Roza para que este belo teatro pudesse ser entregue novamente à cultura paraibana”.