Leonardo Andrade
Especial para A União
O grupo de Teatro Evoé estreia nesta quinta-feira (23) o espetáculo ‘Folia no Matagal’, desenvolvendo uma produção realista com um viés contemporâneo, diversificando, entre o teatro étnico e o cômico. Com direção de Suzy Lopes e Nyka Barros e preparação vocal de Priscilla Cler, a peça será apresentada quinta e sexta-feira (24) a partir das 20h no Teatro Santa Roza, que fica localizado à Praça Pedro Américo, no Centro de João Pessoa. A entrada custa R$ 10,00 inteira e R$ 5,00 meia.
Em entrevista ao jornal A União, a atriz e diretora do espetáculo Suzy Lopes adiantou que o trabalho que será devolvido nestes dias é o resultado de tudo o que foi vivido durante o Curso de Teatro da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc). “Estaremos mesclando entre a produção realista e o teatro étnico, com um viés contemporâneo e cômico, onde o público poderá dar boas gargalhadas, pois na encenação foram inseridos trechos da obra de Nelson Rodrigues que faz uso de um senso crítico e sarcástico em seus textos”, destacou a artista.
“A gente quis homenagear a importância que o teatro tem na vida das pessoas, uma das artes mais antigas do mundo, apesar do poder da televisão e da internet, ele nunca morreu e não perdeu sua força e em períodos atuais se faz necessário. Ele nos dá o poder de expressão e comunicação”, destacou em entrevista a também diretora do espetáculo Nyka Barros, que ressaltou que no teatro será abordado um tema urgente para a população. “Arte é entretenimento, mas não só isso, também é conhecimento e reflexão”, finalizou.
Suzy e Nyka buscaram ouvir os alunos e atores que integram o grupo para entender o que eles queriam expor ao público para construir a trama. “Percebi que existiam diversas falas em prol dos pobres, dos negros e gays, isso fez com que eu pudesse entender o que os meninos queriam demonstrar em cena”, ressaltou a diretora, demonstrando felicidade, revelando estar empolgada para as duas apresentações.
O grupo desenvolve durante a exibição um tema de bastante evidência atualmente no país. “Em um momento de censura e de intolerância, a gente busca firmar uma espécie de liberdade na peça, onde as pessoas precisam se desprender e se aceitar, independente de suas escolhas, o que não é fácil, até porque o que mais se tem visto são diversos assassinatos de transgêneros, é um mundo cruel. E essa é a função da arte, não se calar”, revelou Lopes, que por meio do grupo procura ser a voz daqueles que não têm a oportunidade de desbravar.
Uma das integrantes da equipe é a advogada Brenna Monteiro, que sempre despertou interesse pelas artes, mas devido à falta de tempo, na correria de seu trabalho, ela veio tomar a decisão em abril deste ano, quando entrou no grupo Evoé, dando o pontapé inicial em sua carreira de artista. Brenna nos fala sobre a importância deste espetáculo para a população: “Será uma abertura para o senso crítico que muitas vezes passam despercebidos, quando a gente naturaliza coisas, principalmente o comportamento social, por isso estamos com uma grande expectativa”, finalizou.
“Que a experiência vivida pelas turmas deste ano possa enriquecer a vivência pessoal de cada um e que a cena teatral paraibana receba esses novos talentos que foram despertados. Vida longa ao curso e gratidão aos que passaram e aos que fazem hoje o teatro da Funesc. Evoé!”, disse Suzy.
Sinopse
Uma família suburbana comandada por Seu Noronha (Rodrigo Batista) e por sua mulher, Dona Aracy (Talitta Leonilia). Noronha se empenha em “proteger a castidade e a pureza” da caçula, Silene (Eslia Maria). Ao mesmo tempo, prostitui suas quatro outras filhas, Aurora (Raissa Gama), Hilda (Israela Ramos), Arlete (Brenna Monteiro) e Débora (Isabele França), como forma de pagar a educação da mais nova num internato, onde trabalha o Dr. Portela (Leandro Nobre) — como se espera de Nelson Rodrigues, um jogo perverso eclode e desnudas falsas aparências abordando violentamente as degradações familiares, como o incesto, a violência doméstica e contra a mulher, fazendo da obra algo atual e atemporal.
A Fundação Espaço Cultural da Paraíba tem formado atores e atrizes durante quase trinta anos, por meio do Curso de Teatro da Funesc. O curso foi idealizado por Roberto Cartaxo e hoje as atrizes Suzy Lopes e Nyka Barros coordenam, além do ator Humberto Lopes. Ao longo do tempo, foram realizadas algumas mudanças para aperfeiçoar o curso. Este ano, houve a participação de vários profissionais trocando experiências com a turma, a exemplo de Carlos Simioni, Lume-SP, Priscilla Cler, Paulo Vieira, Mariana Uchoa, Mirtthya Guimarães, Flávio Lira, Eloy Pessoa e Cleiton Teixeira. Outra ação importante foi à inserção da equipe e atuação nos palcos de vários projetos da Funesc, além da inserção no 'Projeto Café em Verso e Prosa'.