Considerado “o palco de Campina”, o Teatro Municipal Severino Cabral, localizado na “Rainha da Borborema”, completa 60 anos de existência hoje. No intuito de celebrar a data, será apresentado, a partir das 19h, o espetáculo Superstar, dirigido por Flávio Guilherme, baseado no musical de ópera-rock dos anos 1970, Jesus Cristo Superstar, com adaptação coletiva dos atores integrantes de residência artística promovida pelo próprio equipamento cultural, que farão a encenação. O ingresso para o evento, que terá as participações do secretário de Cultura do Município, Ronaldo Cunha Lima Filho, e de seu adjunto, João Dantas, é gratuito e pode ser obtido pelo público por meio do site do Sympla (teatroseverinocabral.art.br).
“Optamos por Jesus Cristo como tema porque é uma história universal, mas que também envolve aspectos da natureza humana, representada por Cristo e Judas e para significar a evolução do homem. O espetáculo mostra, principalmente, o diálogo entre Cristo e Judas, que busca entender, através da racionalidade, o trabalho de Jesus, que transcende a percepção humana e que possibilita a evolução, enquanto a racionalidade pode levar à acomodação. O espetáculo leva a uma reflexão, por parte do público, sobre os problemas da humanidade, mas que há possibilidade de renascimento com Cristo, o que é bem interessante, diante da obtusidade intelectual que se vive hoje”, disse o diretor do Teatro Severino Cabral, Carlos Alan, que participará da abertura do evento, com os secretários de Cultura de Campina Grande.
O diretor do Severino Cabral comentou que o musical não será apresentado na íntegra, como se fosse a montagem original, que é uma peça de Andrew Lloyd Webber, com libreto e letras de Tim Rice. “O espetáculo terá oito cenas e as músicas são as mesmas, mas apenas com adaptações nos arranjos, que mantém a partitura original, e, em vez de orquestra, haverá banda e coro durante a apresentação, que terá 27 atores, seis músicos, além de uma equipe de oito integrantes na parte técnica, resultantes de uma residência artística, por meio de chamada pública, realizada pelo Teatro Severino Cabral e outras instituições, como a Furne, através da Inova Furne, nos meses de agosto até outubro e com ensaios neste mês de novembro. Foi um processo seletivo para aprimorar quem já possui experiência”, disse Carlos Alan, que pretende circular com o musical por cidades paraibanas, no próximo ano.
Templo cultural
Ao se referir as seis décadas de existência da tradicional casa de espetáculos, o diretor ressaltou a importância do Teatro Municipal Severino Cabral. “Há quem considere o teatro como o templo da cultura, a casa do artista, mas o teatro é o que é hoje porque cada um diretor que já passou por ele foi acrescentando o seu tijolinho. Essa construção, realizada ao longo do tempo, eu diria que é tão bela como a própria arquitetura do teatro, que é a mais bela da arquitetura modernista na cidade de Campina Grande”, afirmou Carlos Alan.
Inaugurado no dia 30 de novembro de 1963, o Teatro Municipal Severino Cabral localiza-se na Avenida Floriano Peixoto, no Centro de Campina Grande, e foi construído pelo então prefeito da cidade, Severino Bezerra Cabral, tendo sido o engenheiro do edifício o diretor de Planejamento e Urbanismo da Prefeitura, Austro de França Costa, e o projeto arquitetônico assinado por Geraldino Pereira Duda.
Contribuiu para tal iniciativa o fato de que, nos anos 1960, em meio à ditadura militar e à censura, um grupo de artistas amadores reivindicou a construção de um teatro. Na inauguração do equipamento, quem se apresentou foi o ator e humorista José Vasconcelos, artista então muito conhecido no rádio e na televisão brasileira.
Ao longo de seis décadas de existência, o Teatro Municipal Severino Cabral tem sido palco para atrações não apenas locais, mas também paraibanas, nacionais. Essa construção, por meio de sua estrutura, também simboliza, através do teatro, o ingresso de Campina Grande na área da cultura de alto nível.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 30 de novembro de 2023.