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Tempos Modernos é exibido no CineClube "O Homem de Areia", da FCJA

publicado: 02/11/2016 00h05, última modificação: 02/11/2016 09h37
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Na produção lançada em 1936, o famoso personagem “O vagabundo” tenta sobreviver em um mundo moderno e industrializado - Foto: Reprodução

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Guilherme Cabral

A comédia dramática intitulada Tempos Modernos, um clássico produzido nos EUA em 1936, dirigido e protagonizado por Charles Chaplin, que também assinou o roteiro e compôs a música, é a atração de hoje do Cineclube “O Homem de Areia”, da Fundação Casa de José Américo (FCJA), localizada em João Pessoa. Em sessão única, a exibição começa às 19h30 e a entrada é gratuita para o público. “Embora os filmes anteriores desse cineasta inglês também tivessem, este é o primeiro filme com teor político mais engajado, tanto que, depois do lançamento, Chaplin passou a ser acusado de comunista nos Estados Unidos”, disse para o jornal A União o professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Matheus Andrade, que, na ocasião, comentará o longa-metragem para os espectadores. “Esse filme ainda continua atual, pois fala de alguns temas, como a greve e a reivindicação dos trabalhadores”, observou ele.

“De certa maneira, é um dos mais vistos dos longas de Chaplin”, disse, ainda, o professor Matheus Andrade, referindo-se a Tempos Modernos. “Charles Chaplin foi um dos cineastas mais vistos do mundo porque ele já vinha do cinema mudo, famoso por causa de suas comédias, e, por isso, não tinha o empecilho da língua”, acrescentou ele, que também o considera um dos maiores nomes universais da Sétima Arte, por não apenas dirigir, mas também escrever os roteiros, atuar e compor as músicas, das quais mencionou ‘Smile’. “Ele era tão caprichoso que, durante as gravações, repetia cenas até chegar ao que considerava estado de perfeição”, prosseguiu o comentarista, lembrando que o cineasta inglês foi tentar - e terminou conseguindo - fazer a vida nos Estados Unidos.

Considerado o último filme mudo de Charles Chaplin, onde também é o protagonista, chamado Carlitos, Tempos Modernos ainda tem elenco integrado por Paulette Goddard, Henry Bergman, Ellen Peterson e Chester Conklin e é ambientado na vida urbana dos Estados Unidos nos anos 1930, ou seja, após a crise de 1929, época em que a depressão atingiu toda a sociedade norte-americana, cujas consequências foram o desemprego e a fome para grande parte da população do País. O enredo mostra a vida de operários com a revolução industrial, marcada pela passagem da produção artesanal para a do tipo em série. Em outras palavras, é uma crítica à modernidade e ao capitalismo representado pelo modelo de industrialização, onde os operários são engolidos pelo poder do dinheiro e, como se não bastasse, eram alvo de perseguição por causa de suas ideias subversivas.

Na trama de Tempos Modernos, Carlitos e seus companheiros do chão de fábrica em uma indústria são explorados pelo patrão, que buscava o lucro. E, durante a jornada de trabalho, de tanto repetir os mesmos gestos de apertar parafusos com as ferramentas, teve colapso nervoso e saiu pelos corredores, querendo apertar tudo que via pela frente, o que o levou a ser internado. Depois de receber alta do hospital, retorna e encontra a fábrica fechada. Ele, então, passa a procurar outro emprego e é confundido com um líder comunista e é preso. Encarcerado, frustra a fuga de outros apenados e, por isso, é libertado e recebe carta de recomendação de uma autoridade. E, na segunda parte, o longa-metragem aborda as desigualdades entre a vida dos pobres e das camadas mais abastadas, mas sem representar diferenças nas perspectivas de vida de cada um desses grupos.

Já na opinião do professor Damião Ramos Cavalcanti, membro da Academia de Cinema da Paraíba e presidente da Fundação Casa de José Américo, a história do cinema situa Charles Chaplin em um determinado tempo da sua atuação enquanto produtor, diretor e ator. “No entanto, esse enorme homem não cabe no pequeno espaço da sua época, estende-se e estender-se-á ao longo de toda a história cinematográfica. Tempos Modernos é um filme de intensa atualidade para as plateias de hoje; de críticas inteligentes à realidade social do trabalho ou do esmagamento do trabalhador, da visão de lucro a partir da Revolução Industrial. Reflita-se sobre o que esse enredo fala sem falar sobre a cultura dos preconceitos ideológico-políticos. E admire-se o lirismo da arte, que não é uma peça de resistência ao tempo, mas à mecanização da sociedade e ao domínio do humano pela máquina”, disse ele.