Lucas Silva - Especial para A União
Segundo o dicionário Aurélio, moda é o substantivo feminino que significa uma maneira ou costume mais predominante em um determinado grupo em um determinado momento. A partir dessa visão, o Tintin CineClube, em parceria com o 12º Colóquio de Moda que está acontecendo na capital desde o último dia 11, traz hoje à sua tela de cinema a mostra intitulada “Sou audiovisual mas tô na Moda”. Com a exibição de sete obras audiovisuais, o equipamento do Cine Bangüê será literalmente o pontilhar de uma agulha atrelada à linha que costura os tecidos soltos durante a exibição das produções. A sessão tem início às 19h30 e a entrada é franca ao público.
A proposta do evento parte da ideia de que é preciso pensar e discutir sobre moda e suas demais nuances para poder ter-se ideia do universo. Para uma das curadoras do Tintin CineClube, Liuba de Medeiros, a moda está em todo lugar, pronta para usar, cada vez mais rápida, cada vez mais desejada. Uma indústria, uma paixão, uma obsessão. Pensar moda é preciso. Moda é preciso.
“A precisão conceitual da moda nos move. Move nosso estilo. Move nossa visão. Visualizamos a moda em tudo. Vemos a moda no cinema. O cinema se alimenta da moda. A moda se alimenta de tudo. Enquanto a moda nos move, nos comove e nos significa que nós vivemos. A sociedade vive de moda em moda e de tempos em tempos. Consumimos a moda enquanto ela nos consome”, acrescentou.
Como dito anteriormente, serão sete filmes que abarcaram a mostra. Embora a sua grande maioria seja feita por diretores estrangeiros, entre a lista dos indicados temos a produção paraibana “Acho Bonito Quem Veste”, de Marcelo Coutinho. No filme, Marcelo trata a moda como um encontro de limites geográficos e a interferência da televisão para atingir seu público.
Segundo a aluna do curso de Cinema, Graziele Cardozo, ‘Acho Bonito Quem Veste’ traz uma visão central de Marcelo Coutinho, que foca em mostrar como a moda – com um alcance de mercado capitalista – chega a lugares periféricos e pobres. Através da televisão, a absorção da moda pela comunidade da Barra de Mamamguape, na Paraíba, parece quase que imediata e naturalizada.
“De início, planos totalmente desfocados em suas extremidades que variam entre os que procuram o que comprar e manequins bem arrumados. Logo, o filme expõe que mesmo a televisão – instrumento precursor do consumo – existe em poucas casas daquele lugar, tanta é a sua carência financeira. O curta-metragem consegue, em meio a uma linguagem quase experimental, criticar a moda consumista que preenche uma comunidade carente, da mesma forma que nos mostra o quanto a vaidade perdura entre aqueles que tanto necessitam”, explicou.
Logo após a exibição do paraibano, a produção americana “Orange Juice”, de Edward Housden toma conta da telona e dá continuidade com a mostra de filmes. Entre os atores preentes no longa estão Martha Rose Redding, Harry Breen e Hritvik Sachdeva.
Edward Housden é um cineasta de Melbourne, Austrália, que agora está fazendo seu nome em Londres, com seu estilo muito íntimo e cinematográfico, além de seu charme diabólico. O filme tratado foi feito em sua Pós-Graduação enquanto Edward estudava no Victorian College of the Arts. Logo após, o curta estreou na Seleção Oficial no prestigiado Festival de Cannes em 2010 e desde então, a produção vem sendo aclamada em toda uma série de importantes festivais de cinema ao redor do mundo.
Ao encerrar a exibição do filme “Orange Juice”, a mostra segue com sua programação. Confira abaixo os demais títulos que irão participar da mostra:
- Skirt, de Amanda Boyle
- Mourir Auprès de Toi (Morrer ao Seu Lado), de Spike Jonze
- A Therapy, de Roman Polanski
- Jumper, de Justin Anderson
- Muta, de Lucrecia Marte