Seis filmes - todos no gênero documentário, que totalizam 83 minutos de duração - integram a programação de hoje que o Tintin Cineclube exibe, a partir das 19h30, em sessão gratuita para o público e cuja Classificação Indicativa é 16 anos, no Cine Bangüê, instalado na Fundação Espaço Cultural (Funesc), localizada em João Pessoa. A propósito, o evento ainda dá continuidade à temática “cinema e política”, abordando aspectos como a questão do direito e o uso da terra, os interesses e os conflitos envolvidos no processo de expansão e desenvolvimento do capitalismo brasileiro. Nesse sentido, a tensão entre os interesses políticos e econômicos e os direitos humanos é o fio condutor das produções cinematográficas que serão apresentadas nesta noite, as quais problematizam desde os impactos da atividade da mineração no interior do País até a especulação imobiliária nos grandes centros urbanos.
“Será uma boa oportunidade para a reflexão e o debate das funções e os limites do sistema político brasileiro no que se refere à regulação da atividade econômica, a garantia do direito das comunidades tradicionais ao uso da terra e a influência da classe empresarial na elaboração do modelo de urbanização das cidades brasileiras”, comentou a Curadoria do Tintin Cineclube.
Um dos seis filmes que o público assistirá, hoje, intitula-se de Enquanto o Trem Não Passa, documentário de 2013 com 17 minutos de duração, produzido pelo Coletivo Mídia Ninja, em parceria com o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Atingidos pela Mineração, e gravado em três Estados que são diretamente afetados pela atividade mineradora: Maranhão, Pará e Minas Gerais. A obra mostra um pouco da realidade de comunidades que têm seus direitos usurpados por grandes mineradoras e governo. Municípios cortados pela Ferrovia Carajás e minerodutos onde populações são afetadas não apenas pela tormenta de explosões constantes na extração do minério, mas também por toda a logística que muda o modo de viver e conviver nos territórios.
O curta-metragem A Ditadura da Especulação, de Zé Furtado, com 13 minutos de duração, produzido no Distrito Federal em 2012, denuncia as tentativas de impedir que as máquinas derrubassem a vegetação e um santuário indígena para construção, no local, de edifícios do Setor Noroeste, o que resulta em diversos confrontos entre indígenas, manifestantes, policiais militares e seguranças da administradora Terracap. Outra atração da programação é outro documentário, cujo título é Recife MD, de Gabriela Alcântara e Marcelo Pedroso, com 4 minutos de duração e produzido em 2011, em Pernambuco.O filme é uma breve entrevista com representante da construtora pernambucana Moura Dubeux. Há ainda, também, o filme E, de Alexandre Wahrhaftig, Helena Ungaretti e Miguel Antunes Ramos, com 17 minutos e produzido no ano de 2014, em São Paulo, que esclarece ser a palavra Estacionamento originada do latim, statio, ou seja, ficar de pé, permanecer parado.
Outro documentário - produzido em 2011, em Pernambuco, e com 19 minutos de duração - que o público assistirá, hoje, é denominado Projeto Torres Gêmeas, cuja direção é coletiva. O enredo mostra que, em uma cidade invadida por tubarões, a elite tenta chegar ao nível mais alto do mar, já antevendo uma iminente catástrofe. O Projeto Torres Gêmeas é fruto de várias discussões que vêm sendo realizadas sistematicamente desde 2009. Ele nasce da vontade de algumas pessoas ligadas ao meio audiovisual pernambucano de falar do Recife e de suas relações de poder a partir do projeto urbano que vem sendo desenvolvido na cidade.
A ideia consistiu da realização de um filme coletivo, feito a partir de vários olhares sobre a cidade, aberto a qualquer pessoa que desejasse participar, independentemente de experiências prévias com o audiovisual ou outros meios. O sexto filme destra noite é Cumieira, documentário paraibano de 2015 com 13 minutos e dirigido por Diego Benevides, o qual mostra o operário, a obra e a busca por recompensa.