Lucas Silva - Especial para A União
Dos quadrinhos à tela. É assim que podemos definir a próxima mostra de filmes que o Tintin CineClube apresenta ao público da capital paraibana. Como de costume, a exibição acontece hoje no Cine Bangüê do Espaço Cultural, às 19h30, e dessa vez os curadores da mostra trazem em seu arcabouço audiovisual cinco curtas que exploram aventuras, medos e paixões inspiradas nas histórias em HQ. Com entrada gratuita, a sessão além de explorar uma nova temática, faz alusão ao Festival de Leitura Agosto das Letras, que também acontece ainda esse mês.
“Ao migrar para o cinema, o estilo narrativo imagético da HQ ganha um nova dinâmica, em que as formas, cores e onomatopéias ganham movimento e articulações sonoras próprias da linguagem cinematográfica. É nesse território de intersecção entre as duas artes que iremos contemplar, refletir e compartilhar impressões e análises sobre os filmes e as histórias que eles nos contam”, contou em entrevista ao jornal a União a curadora do Tintin CineClube, Liuba de Medeiros.
Um dos grandes destaques da noite é a produção do curta-metragem intitulado “Lavagem” do paraibano Shiko. Outros grandes nomes que também mantém seu espaço entre a mostra são os cartunistas Laerte e Angeli.
Dando início à exibição dos filmes, “Lavagem”, produzido em 2011, conta uma história de pecado, fé, redenção e paranóia na imundice dos mangues. Um fato interessando sobre o curta é que a produção audiovisual leva o mesmo nome do HQ produzido pelo diretor do filme. No elenco estão Mariah Teixeira, Omar Brito e João Faissal.
“Eu gosto do filme, embora ele tenha sérias limitações, mas eu gosto dele. Quando vi o filme pronto, percebi que ele não tinha dado o que o roteiro oferecia. E aí, uns dois anos depois, comecei a trabalhar de novo esse roteiro, transportando ele pros quadrinhos, porque achava que um quadrinho dele ia render mais do que o filme foi capaz”, contou o diretor e autor do quadrinho Shiko.
Shiko completou dizendo que foi um quadrinho difícil de fazer. “Diferente do Azul, que eu sentei pra fazer e já sabia como ele era, do começo ao fim, o Lavagem era diferente. De vez em quando eu tinha que parar e deixar passar uns dois dias, sem fazer nada, pensando como eu poderia fazer. Enfim, é gratificante ver o material impresso agora e, no retorno de quem leu, perceber as sensações que queria causar, mais do que o entendimento da leitura. Perceber que as sensações que eu queria causar funcionaram”, concluiu.
Logo após, o próximo curta que da continuidade a mostra é “História em quadrinhos”, dos paulistas Rogério Sganzerla e Álvaro de Moya. No documentário, o público poderá ver que a história parte de um universo inventivo que retrata a evolução das histórias em quadrinhos, utilizando técnica do quadro a quadro para contar a evolução das HQs no mundo.
Sendo o primeiro documentário em curta-metragem de Sganzerla, o filme é guiado pelo texto de caráter histórico do especialista Álvaro de Moya, e a câmera passeia pelos traços de artistas como Will Eisner, Milton Cannif, Alex Raymond e Al Capp, entre outros.
Ainda na mostra será exibido “A cauda do dinossauro”, de Francisco Garcia. A produção é contada no submundo decadente de uma cidade em ruínas, onde tudo era proibido, uma mulher busca o último dos prazeres.
Um fato interessante sobre o curta é que ele foi contemplado pelo Programa Petrobrás Cultural em 2007 e seu roteiro do filme escrito pelo cartunista Angeli, onde foi publicada originalmente na Revista Chiclete com Banana na década de 80.
Além disso, o filme foi ganhador do Prêmio ABC de Melhor fotografia brasileira de curta-metragem em 2008, o mais importante da categoria no país. Baseado em obra original de Angeli publicada na revista Chiclete com Banana na década de 80.
Já entrando em reta final da sessão, o curta “Penas”, de Paulinho Caruso, dá o ar de sua graça e tenta durante sua exibição, dar uma explicação para um homem que se depara com uma história de medo, traição e ornitologia explícita. “Penas” é também uma história em quadrinhos do cartunista Laerte Coutinho publicada em 1988 na Chiclete com Banana.
E por fim, “Malária”, de Edson Oda e Alexandre Tommasi encerram a mostra de filmes de hoje. Nele é retratado a história de Fabiano, um jovem mercenário que é contratado para matar Morte. Este curta combina Origami, Kirigami, Time lapse, ilustração nanquim, quadrinhos e filmes de faroeste.