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Tintin CineClube realiza mostra que reúne obras infantis

publicado: 12/10/2016 00h05, última modificação: 12/10/2016 07h44
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O curta "A Maior Flor do Mundo" é baseado em obra de José Saramago - Foto: Reprodução

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Lucas Silva - Especial para A União

Como descreveria o escritor e poeta Coelho Neto, a criança é alegria como o raio de sol e estímulo como a esperança. E é devido a isso que o Tintin CineClube traz a sua tela de cinema hoje, às 19h30, mais uma mostra, só que dessa vez voltada às crianças da capital. Intitulada de “A emergência das infâncias” e com sete filmes em cartaz, os filmes escolhidos trazem em sua essência a sensibilidade, borboletam invenções, deliram poesias, desaprendem preconceitos e iluminam a importância de ser criança para ser humano. Os filmes são exibidos no Cine Bangüê e possuem entrada franca. 

Comemorado hoje o dia das crianças, os filmes exibidos abrem as portas, as mentes e os corações para o universo infantil, povoado de sonhos, medos, alegrias e decepções, redescobrindo a criança que nos habita.

Desse modo, a primeira produção audiovisual a ser exibida é “A Maior Flor do Mundo”, de Juan Pablo Etcheverry. A história da obra é sobre um menino que fez nascer a maior flor do mundo. Reflexões sobre infância, individualismo e existencialismo em forma de poesia visual são temas recorrentes no curta.

Baseado no livro homônimo de José Saramago, o filme foi produzido em 2007 e narrado pelo próprio José Saramago. Além disso, o curta ganhou o prêmio de melhor animação do Anchorage Internacional Film Festival.

Outro filme de grande renome na mostra é “Histórias da unha do dedão do pé do fim do mundo”, de Evandro Salles e Marcia Roth. Sendo uma produção paulista, o vídeo reúne textos de diversos livros do poeta Manoel de Barros, apresentando um lugar mítico onde a infância do poeta transcorreu e onde sua poesia tem origem. Um transbordar de sabedoria sobre a natureza da arte, da memória e da constituição psíquica humana.

A terceira obra audiovisual que toma conta da sala de cinema é “O Bruxo do Cosme Velho”, do Instituto Marlin Azul. O curta trata de uma viagem mágica até o coração e a mente de um dos mais importantes escritores brasileiros, Machado de Assis. Algo importante a se destacar é que o filme foi realizado por 150 estudantes da Rede Municipal de Ensino Fundamental de Vitória (ES).

Indo mais além, pode-se dizer que o curta-metragem é um epíteto consagrado a Machado de Assis. O termo ganhou força no meio literário quando Carlos Drummond de Andrade publicou o poema: “A um bruxo, com amor”, no qual o poeta fez referência à casa (número 18) da Rua Cosme Velho, situada no bairro de mesmo nome, no Rio de Janeiro, onde morou Machado de Assis.

O poema toma a casa como ponto de partida, como um passaporte para a proximidade com Machado, e, a partir daí, faz um “passeio” pela obra do autor, do geral ao particular, sem, para tanto, manifestar uma loa ao homenageado, mas uma admiração profunda e respeitosa ao “bruxo”.

Saindo de Machado de Assis, as crianças são convidadas a mergulhar no universo dos diretores Bel Bechara e Sandro Serpa com o filme “As coisas que moram nas coisas”. A história se baseia em uma família com três filhos. Enquanto as crianças acompanham sua família formada por catadores de lixo, elas vão atribuindo novos significados aos objetos descartados pela cidade, inventando brincadeiras e pontos de vista.

Outra produção é “Cores e Botas”, de Juliana Vicente. Nele, a diretora paulistana conta a história de Joana, uma menina dos anos 80 que sonha em ser paquita. Sua família é bem sucedida e a apoia em seu sonho. Porém, Joana é negra, e nunca se viu uma paquita negra no programa da Xuxa.

Já caminhando para o fim da mostra, o penúltimo filme da noite é “Zaga de Bonecas”, de Anderson Lima. No curta, o diretor retrata um grupo de garotas que se apresentam pra pelada com o nome de “Meninas e bonecas”. Depois de serem expulsas da rua, ela retornam pro campinho improvisado e ocupam a pequena área.

E sendo literalmente o fim da mostra, o filme o “Fim do Recreio”, de Vinícius Mazzon e Nélio Spréa, fecha a noite contando uma história que se passa no Congresso Nacional. Um projeto de lei pretende acabar com o recreio escolar. Ao mesmo tempo, em uma escola municipal de Curitiba, um grupo de crianças pode mudar toda essa história. Recheado de vibrantes brincadeiras infantis, O Fim do Recreio é um curta-metragem para todos os públicos, que bota a boca no trombone e avisa: cobra parada não come sapo.