Lucas Silva - Especial para A União
Uma seleção de filmes que apresentam situações de conflito interno, externo e intrapessoal. Essa é a linha de pensamento que o Tintin Cineclube traz a sala do equipamento audiovisual paraibano hoje com os curtas-metragens titulados Aroeira, Atrito e Tanley. Como de costume, a sessão tem início às 19h30 e entrada gratuita, entretanto, com o fim da sessão será aberto, em especial, um debate com o público e logo após, a continuação da noite chega ao after exorcizante no Granada Bar, às 22h, com apresentações culturais de Terro Bixa interpretado por Phil Meneses e a discotecagem com Nocera e Carlos Dowling.
“A sessão marca o lançamento dos três curtas-metragens paraibanos, além disso, é temperada e baseada na desconstrução, prontos para serem saboreados pelo público”, disse a curadora do Tintin CineClube, Liuba de Medeiros.
É importante lembrar, que os interessados em conferir o lançamento dos filmes precisam se atentar a classificação indicativa das produções e chegar um pouco mais cedo para garantir o seu lugar na sala de cinema.
Logo após checar tudo, podemos dar inicio a sessão com o filme “Aroeira”, de Ramon Batista produzido este ano. No curta, Batista irá trabalhar a compaixão, que por vezes é traiçoeira e carrega consigo um breviário de danações.
Indo mais a fundo na história do filme, é possível ver no teaser da produção que Aroeira é baseado em uma história real vivida na década de 30, no baixo sertão da Paraíba, e aposta na força da tradição, ressaltando um costume religioso e milenar. O filme também revela um sertão solitário e abandonado, mas resistente e forte com seus últimos sobreviventes. De forma expressivamente artística, o curta lança um olhar sobre o sertão revelando um lugar místico, duro e seco, violento e desapiedado, enfatizando a cultura e a história de um povo a partir da adaptação do diretor sertanejo.
Segundo o site especializado em cinematografia brasileira, Assiste Brasil, assim como nos filmes anteriores, neste filme o diretor Batista se preocupou com a estética da imagem, a colocação da câmera, os movimentos, os enquadramentos. Já a fotografia conceitual e poética, assinada pelo paraibano Marcelo Quixaba e pelo pernambucano Breno César, complementa os aspectos que dão ao filme uma beleza visual encantadora.
A qualidade do elenco está acima de qualquer discussão. O consagrado ator Fernando Teixeira (Velho Chico) divide a atuação ao lado do jovem e experiente Daniel Porpino (Aquarius). A equipe que agrega valor ao projeto complementa-se com o talento do Ismael Moura na maquiagem e efeitos, Paulo Roberto na assistência de direção, Torquato Joel na consultoria de roteiro e Carine Fiúza na produção executiva.
Na mesma noite, “Atrito” de Diego Lima fala de uma força que atua sempre que dois corpos entram em choque e há tendência ao movimento. Para a atriz paraibana, Suzy Lopes, o título do filme o resume bem, sendo de fato um atrito. “Foi absolutamente intenso esse atrito, rápido e intenso. Tudo começou e acabou como um relâmpago atritoso”, contou.
Ainda em entrevista, Lopes completou dizendo que o curta foi produzido dentro do apartamento do diretor, com uma equipe que estava afinada. “Foi um desafio pelo atrito de universo meu e de minha personagem. E isso é justamente o que mais me pegou e possibilitou viver essa outra pessoa, além de compreender o universo dessa mulher. Diria até que eu e ela estamos em mundos absolutamente diferentes, com perspectivas diferentes”, finalizou.
E “Tanley” de Paulo Roberto encerra a noite na sala de cinema contando a história de um jovem que quando tinha sete pra oito anos viu seu pai conversando com um amigo.
Quem tiver a oportunidade de ler a sinopse do curta vê que Lima diz o seguinte, “Não entendia muito bem o que eles estavam falando o que eu mais lembro era dos lábios mexendo. Fiquei com vontade de beijar a boca do amigo do meu pai”, ou seja, é traçado uma provocação em relação aos conflitos internos desse jovem fazendo jus a intenção do Tintin CineClube.