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Exposição

Tipografias pelo prisma artístico

publicado: 28/04/2023 10h21, última modificação: 28/04/2023 10h21
Hoje, na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, entra em cartaz a mostra ‘Água que brota molha este solo’
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Além de desenhos, individual apresenta em um de seus eixos a fotografia, resultado da pesquisa que se relaciona com a paisagem, mesclando a cultura paraibana com a pernambucana -Fotos: Lucas Alves/Divulgação
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Foto: Lucas Alves/Divulgação
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Lucas Alves está com outra mostra, no Cabo Branco - Foto: Lucas Alves/Divulgação
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por Guilherme Cabral*

O artista visual pernambucano Lucas Alves abre hoje, a partir das 19h, a exposição intitulada Água que brota molha este solo, na Usina Cultural Energisa, localizada na cidade de João Pessoa. A mostra, que reúne cerca de 90 obras, entre desenhos e fotografias, produzidas em 2021 e 2022, permanecerá à visitação gratuita do público até o dia 27 de maio, sempre no período de terça a sábado, das 13h às 18h. O evento é uma realização do Ministério da Cultura (Lei Rouanet), com o patrocínio da Energisa Paraíba e apoio da Fundação Ormeo Junqueira Botelho.

Para ele, a mostra na Usina Cultural Energisa marca outra etapa na sua carreira. “Por ser a segunda individual que realizo, já que estou com outra exposição aberta, simultaneamente, na unidade do Sesc, no bairro do Cabo Branco, em João Pessoa”, complementou ele. “Até então só havia participado de coletivas na Paraíba e em Pernambuco e, por isso, a minha expectativa com essa individual é muito grande, por poder compartilhar minhas obras com o público e por representar a consolidação do meu trabalho”, confessou Lucas Alves, que foi selecionado no Edital Ocupação Usina de Artes Visuais 2021-2022 da Usina Energisa, localizada na rua João Bernardo de Albuquerque, 243, no bairro de Tambiá, na capital.

Radicado em João Pessoa há seis anos, onde trabalha e é aluno do bacharelado em Artes Visuais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Lucas Alves explicou o conceito de Água que brota molha este solo. “A exposição é resultado de pesquisa que se relaciona com a paisagem, mesclando a cultura paraibana com a pernambucana, na qual construo um território que marca a trajetória da minha vida desde a comunidade do Ibura, onde fui criado e se localiza na periferia da capital pernambucana, até os dias de hoje. O título da exposição retrata a água que molha, como se fosse o início da minha trajetória no Ibura, percorrendo o litoral de Pernambuco e Paraíba, até chegar a João Pessoa com a minha carreira no cenário da arte contemporânea”, disse ele.

O artista visual detalhou o conteúdo da individual. “Eu também trabalho com outras linguagens, mas para esta exposição optei por fazer um recorte utilizando o desenho e a fotografia. São, no total, 72 desenhos em grafite sobre papel e o restante fotografias. A individual é dividida em seis eixos, sendo o primeiro, que inicia a exposição, de fotografias, com obras que foram plastificadas. Na sequência, vem o território desenho de pequenos objetos. Outro eixo é mais ligado à paisagem pela palavra, pois tem alguns objetos que remetem a certos locais, como Tabatinga, na Paraíba. As palavras são datilografadas e sobrepostas às obras. Outro conjunto é formado por desenhos plastificados de falésias, que vão de Tambaba até o Cabo Branco, contendo alguns cenários observados e outros que criei”, disse Lucas Alves.

“Há outro eixo que chamo de ‘Performance-monumento’, que remete a uma experiência, contendo fotos, desenhos e um objeto, que é uma lança completamente branca, cujo nome é La Ursa e foi escolhida para ilustrar o material de divulgação da exposição e que foi produzido durante residência artística na Arapuca Arte Residência, na região de Conde, no ano passado, sob a curadoria do paulista Allan Yzumizawa. E outro eixo da mostra é um pequeno território, que faz a conjunção entre o desenho com a palavra. É o que chamo de ‘Terreiro e quintal’, reunindo formas criadas de rochas e gravetos”, explicou o artista visual.

‘Nebulosa Grafia’

No texto de apresentação que assina para a individual de Lucas Alves, o crítico de arte e curador Walter Arcela escreve, por exemplo, que “os trabalhos presentes na exposição Água que brota molha este solo não buscam, enquanto finalidade, desvelar tais aspectos sócio-históricos da paisagem. O que ocorre, na verdade, é a adição de outras instaurações simbólicas. A primeira delas são as aproximações entre o Ibura (palavra tupi, cujo significado remete à fonte de água ou água que brota), bairro periférico do Recife, onde Lucas Alves cresceu, e as falésias do Litoral Sul da Paraíba, mote dessa série de trabalhos expostos”.

Em outro trecho, o especialista observa que, “através de variadas técnicas, Lucas representou a paisagem das falésias de maneira antimonumental: tornou-as micropaisagens ou paisagens tipográficas, fraturadas, redimensionadas à escala de um desenho ou de uma fotografia de pequeno formato, expressas frequentemente por fragmentos efêmeros de galhos, troncos, gravetos e rochas que são parte de um todo inapreensível”.

Já referindo-se à individual que mantém aberta na unidade do Sesc, no bairro do Cabo Branco, Lucas Alves informou que a exposição é Nebulosa Grafia e permanecerá aberta à visitação do público até 11 de maio. “Nessa exposição, eu me apropriei a classificação científica das nuvens, transformando numa escrita poética. São desenhos em técnicas variadas, como grafite e pastel, que remete à paisagem, a partir das nuvens”.

Tanto nessa exposição, como a da Usina Energisa, haverá oficinas com Lucas Alves e com arte-educadores, cujas datas ainda serão marcadas. “Nas duas exposições haverá, por exemplo, a oficina ‘Além-Mar’, a ser ministrada pela professora Mariana Lira; e, na mostra Nebulosa Grafia, a oficina ‘Observando nuvens – Uma perspectiva geográfica’, com a pesquisadora Edithe Neta. Ambas serão gratuitas e os interessados podem se inscrever pelo meu Instagram (@lucasalves_______)”, finalizou o artista visual.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 28 de abril de 2023.