Gilson Renato - Especial para A União
Titá Moura vai cantar novamente. Será hoje, na Usina Energisa, a partir das 21 horas, ali onde a Epitácio Pessoa entorta para 100 metros depois ser Praça da Independência. O cantor e compositor aglomera muitas boas energias em torno do seu trabalho e se expressa com a sensibilidade e simplicidade de quem tem talento, cuida e respeita o seu público, mas, principalmente, respeita e cuida do seu real e potencial poder.
Diante do tanto que estorva e minimiza a atitude artística, isto significa não dar bola para as dores e buscar no prazer do trabalho, com a disciplina de um faquir e a liberdade de uma criança, a intangível perfeição. O artista se esmera em suas apresentações e neste sentido compõe sempre uma força tarefa com músicos, arranjos e performance que refletem o que foi pensado e usinado até o instante em que as cortinas são abertas e o espetáculo tem vez.
Titá Moura constrói uma obra que já é importante em número e densidade e a expectativa é que ele continue este movimento para se transformar em um dos grandes nomes da música paraibana. Hoje ele apresentará a sua Nêga. Mas precisamente ele fará o caminho inverso ao transportar, das nuvens da virtualidade para a tangibilidade do palco, uma Nêga linda, com mais de mil visualizações no Youtube, pois feita música e clipe deliciosos de ver e ouvir. Isto porque sem a pretensão de um blockbuster, o clipe Nêga, cujo lançamento é a razão inicial do encontro de hoje, vem no viés de simplicidade e assertividade que caracteriza Titá Moura. A preocupação principal é permitir que a canção flua, é catar os ruídos do caminho para buscar, de forma plena e sem falsos artifícios, a sensibilidade e o prazer estético de quem lhe oferece ouvidos e olhos.
A música, ela apenas, já é um somatório de vetores: ritmo, melodia, harmonia, letra, arranjos, instrumentos, interpretação. O clipe traz para a música, literalmente, a luz. A luz de Nêga é sutil e precisa, pois valoriza o que interessa: a música e os protagonistas em seu prazer de interpretar. É o gozo dos que fazem a canção que temperam a peça artística e lhe conferem o valor que na realidade tem. Esta será uma grande noite, não há razão para pensar diferente.