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Tom Zé e Jaguaribe Carne trazem show vanguardista aoTeatro de Arena

publicado: 13/08/2016 00h05, última modificação: 13/08/2016 11h03
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Os irmãos Paulo Ró e Pedro Osmar são os idealizadores do projeto cultural "Jaguaribe Carne", que revolucionou a cena musical nos anos 80 - Foto: Divulgação

tags: Tom Zé , Jaguaribe Carne , Teatro de Arena


Lucas Silva

Uma noite que promete um encontro de vanguardistas musicais. Um trazendo a sua forte e intensa vida cultural e outro a fusão de linguagens visuais, artes-gráficas e teatrais. Se você ainda não pegou o fio da meada se prepare, pois apresentam-se hoje no Teatro de Arena do Espaço Cultural os artistas Tom Zé e a dupla Pedro Osmar e Paulo Ró, que compõem o coletivo Jaguaribe Carne. Com apresentação marcada para as 20h, o show passeia por grandes composições que os artistas trazem consigo em seu arcabouço musical e cultural. Os ingressos variam de R$ 35 (meia-entrada) e R$ 80 inteira, podendo ser adquiridos online ou nos pontos de vendas autorizados. Iniciando a apresentação, Tom Zé traz em seu repertório canções mais recentes, mas também fará uma ponte entre a plateia tornando o show uma verdadeira experiência inédita. Além disso, a performance do artista está com um olhar mais preocupante, querendo voltar a alguns aspectos que ele acha importante de se destacar em sua apresentação.

“Meu pensamento hoje, é voltar o que faço, pelo menos em alguns de seus aspectos, para a Educação. Faz falta para o País, para cada um de nós, que nos sintonizemos com ela. E ela é muito mais ampla do que a escolaridade. A música faz parte dela, com sua diversidade. Espero que, ao lado da alegria e do entretenimento, essa questão esteja no show”, contou Tom Zé.

Em entrevista ao jornal A União, o cantor disse que ele e sua banda, que o acompanha há anos, esperam surpreender o público com canções incluídas no dia. “Eu e a banda pensamos em trazer Mamon (divindade arcaica do dinheiro, e adorada hoje em dia), Geração Y, que se reporta à geração que está surgindo, com desejo de honestidade e integridade, 2001, parceria minha com Rita Lee há anos. Espero surpreender, com canções incluídas no dia, a mim mesmo, pois se tem coisa que não sei fazer é show engessado”, contou Zé.

Ainda na entrevista o artista fez questão em ressaltar que a sua apresentação será um grande show de encontro. “Será um encontro entre todos nós, palco e plateia”, afirmou com convicção.

Portanto, fazendo jus ao nome do show intitulado de “Eu Cantando Para os Meus”, Tom Zé concluiu dizendo que a afinidade dele é estabelecer empatia, e que a ponte que a música estabelece entre os seres seja um caminho percorrido.

Nascido em 11 de outubro de 1936 em Irará/Bahia numa família de classe média, economicamente favorecida quando seu pai, comerciante de Irará, tirou a “sorte grande” da Loteria Federal, Tom Zé passou a infância em sua cidade, no Recôncavo baiano.

O músico costuma dizer que sua infância foi vivida na Idade Média nua e crua, representada, naquele mundão perdido de tudo, por relações familiares e religiosas medievais, complementadas pela situação pré-gutenberguiana na qual o alfabeto fonético inventado pelos fenícios não era conhecido nem praticado – exceto por raras famílias.

Por sua vez, na mesma noite, sobe ao mesmo palco, o coletivo Jaguaribe Carne dando um show cultural e musical. O grupo, que sempre atuou com a fusão de linguagens de artes visuais, artes-gráficas, teatro, literatura, jornalismo e com a pesquisa e laboratório de sons da “World Music”, fundiu-se a vasta expressão e riqueza do folclore brasileiro e nordestino.

Ritmos brasileiros como ciranda, coco, maracatu, caboclinho, catira e boi, se misturam a influências da música do oriente, da África, das vanguardas europeias do século passado, do jazz, da música instrumental brasileira fazendo com que suas músicas tenham tons únicos. O texto de suas canções tem contundência e rigor estético, além de compromisso humano e ético.

Para os músicos Xisto Medeiros, Helinho Medeiros, Guegué Medeiros, Uirá Garcia e Marcelinho Macedo, a volta do Jaguaribe Carne é fazer um resgate de um som vanguardista, que passeia por grandes sucessos e tem como referência um vasto leque da cultura popular.

“É um som como se fosse a vanguarda da vanguarda, porque eles trazem muita referência, a exemplo da sonoridade Indiana. E a expectativa é de um show cheio de sucessos da dupla”, afirmaram os músicos em publicação feita no facebook oficial do coletivo Jaguaribe Carne.

Portanto, as pioneiras experiências do Jaguaribe Carne apontaram outras direções para o fazer musical, propondo inclusive diferentes formas para suas apresentações, transformando os “shows” em verdadeiros manifestos, ultrapassando as fronteiras de um repertório apenas tido como musical.